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Autor: Bruno

  • Súplica pela derrubada do poder diabólico no mundo

    Ó Mãe e Rainha nossa, considerai como o vosso nome e o de vosso Divino Filho são ultrajados em toda a Terra pelas blasfêmias e violação contínua e ostensiva da Lei de Deus; como o imenso mar de impiedade já se estendeu por todo o orbe e ameaça cobrir as poucas ruínas da Cristandade que ele ainda não conseguiu abater inteiramente.
    Considerai – oh, dor suprema! – que até na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, nossa mãe infalível, indestrutível, santíssima e indizivelmente querida, o inimigo penetrou em proporções que aturdem e afligem nossas almas!
    Olhai, ó Sede da Sabedoria, como tantas almas vão sendo devoradas pelo demônio nas trevas do erro!
    Ó Mãe nossa, é vossa graça que nos inspira a indignação mais ardente, a rejeição mais profunda, a execração mais aguerrida contra o mal presente no mundo.
    Ó Senhora, que sois terrível como um exército em ordem de batalha, vinde o quanto antes para derrubar esta ordem de coisas diabólica, atirar ao Inferno os demônios, ferir, dispersar e aniquilar em toda a face da Terra os sequazes de satanás e, por fim, implantar sobre a pedra angular da devoção a Vós a era bendita de vosso Reinado!
    Humildemente imploramos que nos assistais com vossa força para sermos batalhadores terríveis e indômitos nos dias dos castigos que se aproximam. Assim seja.

  • Oração para a noite de Natal

    Ó Divino Infante, eis ajoelhado diante de Vós mais um militante trazido pela graça obtida por vossa divina e celeste Mãe. Aqui está este batalhador, antes de tudo, para vos agradecer.
    Agradeço-vos a vida que destes ao meu corpo, o momento em que insuflastes minha alma e o vosso plano eterno a meu respeito, segundo o qual eu deveria ocupar, por desígnio divino, um determinado lugar, mínimo que fosse, dentro da coleção dos homens para compor o enorme mosaico de criaturas humanas destinadas a subir até o Céu.
    Agradeço-vos por terdes posto a luta no meu caminho, para que eu pudesse ser herói; todos os anos de minha vida passados na vossa graça, como também aqueles vividos fora dela, mas que foram encerrados por Vós num determinado momento em que abandonei o caminho do pecado.
    Agradeço-vos, Menino Jesus, tudo quanto por vosso auxílio fiz de difícil para combater os meus defeitos, e por não vos terdes impacientado comigo, conservando-me vivo para que eu ainda tivesse tempo de corrigi-los até a hora de morrer.
    Nesta noite de Natal, dirijo-vos esta prece, adaptando o Salmo que diz: “Não tireis a minha vida na metade de meus dias!” Não me tireis os dias na metade da minha obra, que meus olhos não se cerrem pela morte, meus músculos não percam seu vigor, minha alma não perca a sua força e agilidade, antes que eu tenha, por vossa graça, vencido todos os meus defeitos, atingido todas as alturas interiores que me destinastes a galgar e, por feitos heroicos realizados no vosso campo de batalha, vos tenha prestado toda a glória que de mim esperáveis ao me criardes!

    (Composta em 23/12/1988)

  • Arco-íris, síntese da grandeza

    Oh, Mãe indizivelmente grande! Oh, Rainha inexprimivelmente doce e acessível! Oh, arco-íris que reunis em uma síntese incomparável os dois aspectos da grandeza, isto é, a superioridade e a dadivosidade! Este vosso escravo Vos suplica que preenchais o vácuo que existe em sua alma, ajudando-o a compreender, a analisar e a enlevar-se com a vossa grandeza.
    Concedei-lhe que, pela meditação de vossa grandeza, suas cogitações e suas vias sejam as vossas.
    Atendei a esta súplica, ó Coração Régio, Sapiencial e Imaculado de Maria.
    Assim seja!

  • Oração para pedir a virtude da pureza

    Ó Santíssima Mãe de Deus e minha, fortaleza dos fracos e refúgio dos pecadores! É chegado o momento em que terei de passar por circunstâncias nas quais o demônio mais especialmente me tenta.
    Tenho horror à impureza porque sei o quanto ela é oposta ao vosso espírito e contrária à escravidão a Vós, na qual tanto desejo ser perfeito.
    Ajudai-me – vô-lo peço por intercessão de São Luís de Gonzaga, modelo admirável de pureza – a não vos ofender nesta ocasião, para que eu possa, desde já, oferecer-vos minha resistência à tentação; resistência esta que desejo opor ao inimigo infernal agora e sempre. Eu vos imploro que todos os dias de minha vida sejam transcorridos na prática exímia da virtude angélica da pureza. Assim seja.

  • INTRANSIGÊNCIA E DUCTILIDADE: SÃO GREGÓRIO MAGNO

    Comentando a diretriz de São Gregório Magno a São Justo, relativa ao apostolado na Inglaterra, Dr. Plinio ressalta a perenidade da Igreja até nas coisas inteiramente secundárias. A carta indica, ao mesmo tempo, muita ductilidade, maleabilidade, naquilo que é secundário e uma enorme intransigência no que é realmente importante.

    A 10 de novembro comemora-se a festa de São Justo, bispo, a respeito do qual diz Rohrbacher1, na sua obra Vida dos Santos, o seguinte:

    Diretriz de São Gregório Magno sobre o apostolado na Inglaterra

    São Justo foi companheiro de Santo Agostinho, em seu trabalho de conversão da Inglaterra.
    É, portanto, Santo Agostinho que foi Arcebispo de Cantuária, no século VI, e não Santo Agostinho de Hipona.
    Escreveu-lhe São Gregório o seguinte, a respeito de uma consulta.
    São Justo fez a São Gregório Magno uma consulta e este lhe deu a resposta que segue.
    Quando chegardes ao pé de nosso irmão Agostinho dizei-lhe que, depois de ter pensado longamente, examinado bem a questão dos ingleses, julguei que não devia destruir os templos, mas somente os ídolos que neles estão. Purifique-os com água benta, desça do altar os ídolos e lá coloque relíquias. Se esses templos são bons, bem edificados, que passem do culto dos demônios ao serviço do verdadeiro Deus, a fim de que aquela nação, vendo conservados os lugares aos quais estão acostumados, neles passem a ir mais à vontade. E como estão acostumados a sacrificar bois aos demônios estabeleça qualquer cerimônia solene como a da consagração, ou dos mártires de quem ali estão as relíquias.
    Que façam barracas em volta dos templos transformados em igrejas e celebrem a festa com refeições discretas. Ao invés de imolar animais ao demônio, que os matem para comer e render graças a Deus que lhes deu o alimento, a fim de que, deixando quaisquer manifestações sensíveis de júbilo, possam insinuar-se mais facilmente nas alegrias interiores. Porque é impossível destituir os duros espíritos de todos os costumes de uma só vez. É devagar que se vai ao longe.

    Todos os deuses dos pagãos são demônios

    Essa carta é muito interessante, antes de tudo por causa dessa afirmação que nós encontramos numerosas vezes em Padres e Doutores da Igreja, bem como na Escritura que diz: omnes dii gentium dæmonia (Sl 95, 5) – todos os deuses dos povos, das nações que não Israel, são demônios.
    E isso provém deste fato que São Luís Grignion de Montfort põe muito em relevo: o homem, depois do pecado original, nasceu escravo. Ou é escravo de Deus, de Nossa Senhora, ou é escravo do demônio. Não tem outro remédio. E como esses povos pagãos não são escravos de Nossa Senhora, nem de Deus, são necessariamente escravos do demônio. E aquelas coisas que eles adoram são realmente demônios. Sem falar nos numerosos casos que se conhecem de manifestações preternaturais diabólicas, a propósito do culto dos demônios.
    De maneira que a expressão é muito característica, violenta, profundamente antiecumênica. Exatamente nesse sentido é interessante essa carta porque ela indica, ao mesmo tempo, muita ductilidade, maleabilidade naquilo que não tem importância, e uma enorme severidade no que é realmente importante.

    Templos pagãos purificados pela celebração do verdadeiro culto

    Os templos dessas nações pagãs não tinham nada em comum com a arte moderna. Esta é uma negação violenta, blasfematória, de toda forma de verdade e de bem. É a arbitrariedade artística erigida em afirmação normal da desordem e da feiura. Evidentemente, a arte moderna não pode servir para uma igreja católica. Mas os templos constituídos em outras escolas artísticas que não terão a elevação, a sacralidade do gótico, mas são escolas dignas e que realmente contêm verdadeiros elementos de beleza, podem adequadamente servir para o culto católico.

     

    Lembro-me que nós publicamos um “Ambientes-Costumes”, em “Catolicismo”, no qual havia uma fotografia de um pagode chinês, e mostrávamos como ele era próprio para servir ao culto católico dentro de uma nação chinesa. Não que se fosse construir um pagode para ali pôr um culto católico, porque quando se faz procura-se fazer o melhor possível. Mas quando se recebe o fato consumado, procura-se aceitar o aceitável. E o pagode, bonito, com muita nobreza, muitos valores, mereceria perfeitamente ser aceito pelo culto católico.
    Por exemplo, os heróis da Reconquista, quando tomavam aquelas cidades antigamente mouras que possuíam mesquitas muito bonitas, como a famosa de Córdoba, purificavam as mesquitas, tiravam todos os emblemas do islamismo e instalavam o culto católico, o qual até hoje continua a ser celebrado nesses locais. E isso é uma coisa digna, feita pelos próprios heróis da Reconquista.
    Isabel, a Católica, quando penetrou em Granada, uma das primeiras preocupações dela foi precisamente de mandar purificar a mais importante mesquita da cidade e rezar ali uma Missa. Era o principal símbolo da vitória alcançada contra o Islã.

    Intransigência no necessário e ductilidade no secundário

    lho que São Gregório dá a Santo Agostinho. Se os templos têm características que não destoam do culto, devem-se aproveitar.
    E ele indica então uma razão de caráter psicológico: as pessoas estão habituadas a ir ao templo. Uma vez que se elimine o elemento ruim, que é o culto idolátrico, esse hábito desinibe o indivíduo de frequentá-lo. Então, convém aproveitar essa circunstância de nosso lado.
    Notem quanta intransigência no necessário e quanta ductilidade naquilo que é secundário e realmente não tem nenhuma atinência com os princípios. Não quer dizer o seguinte: ser intransigente com os princípios fundamentais e tolerante com os princípios secundários. Isso seria uma abominação. Com os princípios se é intolerante em toda linha, até onde eles vão. Mas uma parte da realidade que escapa, sob vários aspectos, ao ângulo dos princípios pode ser vista com essa largueza.
    Observem as quermesses realizadas junto a igrejas. Muitas delas são de moralidade duvidosa, culturalmente repelentes e sem expressão de valor piedoso em nenhum sentido da palavra.
    No caso acima, vemos o contrário. São Gregório Magno manda fazer barraquinhas em torno das igrejas, o que, naquela noite dos tempos, era propriamente a quermesse. Para quê? A fim de distribuir comilanças porque aquele pessoal estava habituado a comer. E ele indica um sentido religioso à refeição: celebrem a Deus que lhes concedeu essa comida, e fiquem alegres com isso; era um pouco de regozijo depois do trabalho. E com isso se atraía o povo
    Vemos como essas coisas se ligam e dão bem uma expressão da perenidade da Igreja até nas coisas inteiramente secundárias. v

    (Extraído de conferência de 9/11/1966)

    1) ROHRBACHER, René-François. Vida dos Santos. São Paulo: Editora das Américas. 1959, v. XIX, p. 287-288.

  • São Simão e São Judas Tadeu

     

    Considerando o respeito com que a Igreja cerca a memória desses Apóstolos, a gratidão com que ela os trata, a afirmação da santidade pessoal que alcançaram, compreendemos terem eles correspondido de modo pleno aos desígnios da Providência Divina. Suas missões se realizaram inteiramente e eles morreram em paz dentro do aparente fracasso de seu apostolado.

    No dia 28 de outubro a Igreja comemora a festa de São Simão e São Judas, Apóstolos. A respeito deles, temos os seguintes dados extraídos de uma obra de Dom Guéranger1, entre outros.

     

    Na Sagrada Escritura há mil refutações do igualitarismo

     

    Uma antiga tradição refere que São Judas Tadeu pregou o Evangelho na Mesopotâmia, e São Simão no Egito. Depois, reuniram-se na Pérsia onde sofreram o martírio no ano de 47.
    Simão era designado o Zelota talvez por ter pertencido antigamente ao partido nacionalista dos zelotas, que não queriam admitir o jugo estrangeiro sobre a Palestina.
    Judas era sobrinho de São José por Cléofas ou Alfeu, seu pai, portanto legalmente primo do Homem-Deus. Era daqueles que os seus compatriotas chamavam irmãos do Filho do carpinteiro. Ele escreveu uma curta epístola para combater a heresia gnóstica, então nos seus começos.
    As relíquias dos dois Apóstolos foram transportadas, em 1605, para a Basílica do Vaticano e colocadas no altar que a tradição diz estar situado mais ou menos no lugar onde teria sido implantada a cruz de São Pedro.

    Os zelotas eram aqueles que tinham o zelo pela independência da Palestina para que ela não caísse no jugo gentio. E se entre os zelotas havia elementos maus, existiam também elementos bons porque a causa zelota tinha alguns aspectos simpáticos, dignos de apreço. Compreende-se, portanto, porque nesse meio Nosso Senhor tenha recrutado um de seus Apóstolos, São Simão.
    São Judas era primo de Jesus. Aliás, não era o único parente entre os Apóstolos. Isso mostra bem a extraordinária predestinação da Casa de Davi. Seria uma honra para imortalizar uma estirpe o fato de ter entre si um Apóstolo, e a de Davi possuiu mais de um. E não só isso, há um fato que eclipsa este parentesco de todos os modos possíveis: dela nasceu também o Homem-Deus.

    Para deixar bem marcado o amor a essa estirpe, o que por sua vez nos indica quanto Deus toma em consideração a hereditariedade, e como andam desvairadamente os igualitários que reputam ser o princípio da hereditariedade de nenhum valor. Isto é uma das coisas do igualitarismo que encontram mil refutações no conteúdo das Escrituras.

    A celebridade consiste em ser conhecido pelos ignorantes

    Diante da escassez de informações a respeito desses dois Apóstolos, poderíamos nos perguntar se convém comentá-los em nossa reunião. Respondo que sim, porque todos os Apóstolos, pela sua ligação com as origens da Igreja, devem ser objeto de nossa especial devoção. A festa de um Apóstolo não pode ser indiferente ao bom católico.
    Mas quando vejo nomes de Apóstolos que deixaram dados bastante pequenos na história escrita, fazendo com que uma pessoa não muito instruída nessa matéria quase nada saiba a respeito deles – porque a celebridade consiste em ser conhecido não pelos cultos, mas pelos ignorantes –, lembro-me muito da disparidade de fecundidade da evangelização dos Apóstolos que agiram na bacia do Mediterrâneo e a dos que atuaram em outros lugares.
    E penso a respeito da resignação que estes devem ter tido, muitos deles morrendo em paz, vendo que seu apostolado não havia produzido nenhum fruto, mas sabendo que todas as ações feitas de acordo com a vocação de cada um, realizadas com integridade de espírito e retidão de intenção, obedecendo à moção da Providência, serão premiadas no Céu e concorrem para a glória de Deus, ainda que os homens na Terra tenham dado um aplauso pequeno ou um consentimento insignificante a essas ações.

    Ponto de partida para a fecundidade do apostolado

    É interessante notar que um bom número de Apóstolos na aparência exerceu um apostolado ineficiente e fracassado. Dir-se-ia hoje que os Apóstolos da bacia do Mediterrâneo se realizaram e os outros morreram irrealizados, conforme essa mania da “realização” e esse horror do fracasso que existe atualmente.
    É indispensável compreendermos que isso contém uma lição para nós, considerando o respeito com que a Igreja cerca a memória desses Apóstolos, a gratidão com que ela os trata, a afirmação da santidade pessoal que alcançaram, quer dizer, eles corresponderam inteira e plenamente aos desígnios da Providência Divina. Portanto, Deus estava contente com eles, suas vidas se realizaram na plenitude e morreram em paz, dentro do aparente fracasso de seu apostolado.
    Mais ainda, sabendo que outros estavam tendo um apostolado muito frutífero. Os Apóstolos sofreram o martírio, compreendendo que algum dia seu sangue seria de utilidade para aqueles povos.

    Ainda que não tivesse utilidade para povo nenhum, eles prestaram a Deus o culto de sua adoração e de seu sacrifício desinteressado, até mesmo sem objetivo terreno. Apenas porque eram criaturas de Deus, chamados por Ele para uma certa obra, realizaram-na e nela morreram para a glória do Criador. Quer dizer, fizeram de si como aquela ânfora cheia de perfume que Santa Maria Madalena quebrou diante de Nosso Senhor, e que não teve outra utilidade senão impregnar de aroma os pés do Redentor e a Ele servir.
    Há outra lição para nós. Mesmo o apostolado bem sucedido vale, principalmente, por essa espécie de imolação, de holocausto, de adoração sem mais porque Deus é Deus. E digo mais: se é verdade que um apostolado com essas intenções pode não ser bem sucedido, eu não creio que haja apostolado fecundo sem essas intenções. Se uma pessoa soubesse que seu apostolado seria como o de São Simão e São Judas, isto é, sem nenhum fruto humano, e por isso diminuísse sua dedicação, ela não daria ao seu apostolado a fecundidade necessária. Porque é esse estado de espírito que deve ser o ponto de partida para que o apostolado seja fecundo.v

    (Extraído de conferências de 28/10/1963 e 28/10/1965)

    1) Cf. GUÉRANGER, Prosper. L’année liturgique. Vol V. Librairie Religieuse H. Oudin. Paris: 1900. p. 523-525.

  • ORAÇÃO PARA O APOSTOLADO

    Ó Coração Imaculado de Maria, suplico-Vos que durante esta visita, realizada a fim de atrair almas para vosso Divino Filho, movais a minha alma de maneira a eu só dizer, fazer, tomar atitudes que Vós quereis.
    Preparai as almas para receberem minha visita, afastai delas os demônios, enviai os Anjos e escutai as preces dos Santos patronos desse local e das pessoas que nele se encontram.
    Ó minha Senhora, atuai sobre aqueles que mais especialmente desejais chamar para a vossa família de almas, de maneira que com firmeza, presteza e generosidade acudam à vossa graça.
    Sobretudo, afastai de mim qualquer amor-próprio diante dos êxitos e das derrotas que eu possa sofrer.
    Meu Santo Anjo da Guarda e meus Santos protetores, terminada a visita, fazei-me ver as falhas que cometi, deplorá-las e corrigi-las. Obtende-me o perdão de minhas lacunas e livrai-me do desânimo ou das torcidas do otimismo.
    E Vós, ó minha Mãe, dai-me vossa bênção, vosso perdão, vosso afeto, vossa paz e vossa indomável força de alma, para que eu atue sempre mais, e venha a nós o vosso Reino. Amém.
    (Composta em 23/10/1971)

  • Aconteça o que acontecer, continuo a esperar

    Ó Rainha do Céu, Mãe de toda esperança, em Vós espero! Aconteça o que acontecer, continuo a esperar. Eu Vos dei meus méritos, não tenho nada mais a Vos ofertar… Ofereço-Vos a minha mendicância. O que valiam esses méritos? Mas Vós sorristes quando recolhestes de mim o pobre óbolo da viúva. Alegando esse vosso sorriso e por amor a ele, suplico-Vos, oh Mãe, atendei-me!

    (Composta em 7/9/1983)

  • EMEMDAI-ME E CURA-ME!

     

    Eis a confusão confiante, cheia de certeza de ser atendido com a qual devemos ir à Sagrada Eucaristia:
    Meu Senhor, não tenho o que Vos dizer… Vejo que andei mal, mas confio em Vós porque sois a solução de tudo. Vós sois o Caminho, a Verdade e a Vida. Com confiança prostro-me aos vossos pés com os meus pecados, como Santa Maria Madalena. Sei que não me repelireis, nem me abominareis. Com confiança Vos peço: emendai-me!
    Vós sois Aquele que a todos emendais e curais; curai e emendai a mim também. Estou como o cego, o paralítico, o leproso do Evangelho. Curai-me das minhas doenças de alma, como curastes aqueles corpos!
    Por vossa Mãe, a Quem nunca negastes nada e a Qual nunca nega coisa alguma que se peça a Ela, eu Vos suplico: curai-me!

    (Composta em 5/1/1974)

  • AMOR, OBEDIENCIA E VENERAÇÃO PELA CÁTEDRA DE SÃO PEDRO

     

    A Cátedra de São Pedro lembra o supremo governo da Igreja Católica Apostólica Romana. Se as vicissitudes humanas podem dar a essa Cátedra brilho maior ou menor, ou até rodeá-la de trevas, ela é sempre a mesma. Nosso amor à Santa Igreja é absolutamente sem limites e acima de todas as coisas da Terra, e deve incidir de modo especial sobre a Cátedra de São Pedro, qualquer que seja o seu ocupante.

    A respeito da festa da Cátedra de São Pedro, Dom Guéranger, em sua obra L’Année Liturgique, cita um trecho do Sermão 82 de São Leão Magno. Eis os dizeres deste Santo Pontífice:

    A Providência preparou o Império Romano para a pregação do Evangelho

    O Deus bom, justo e todo-poderoso, que jamais negou sua misericórdia ao gênero humano, e que pela abundância de seus dons forneceu a todos os mortais os meios de conhecermos o seu Nome, nos secretos desígnios de seu imenso amor, teve piedade da cegueira voluntária dos homens e da malícia que os precipitava na degradação, enviou o seu Verbo, que Lhe é igual e coeterno.
    Ora, esse Verbo, tendo-Se feito carne, tão estritamente uniu a natureza divina à natureza humana que o abaixamento da primeira até nossa abjeção tornou-se para nós o princípio da elevação mais sublime.
    Mas, a fim de difundir no mundo inteiro os efeitos desse favor, a Providência preparou o Império Romano e deu-lhe tão grandes limites que ele abarcava em seu vasto meio a universalidade das nações. Foi feita uma coisa muito útil à realização da obra projetada, que os diversos reinos formassem uma confederação de um império único, a fim de que a pregação geral chegasse mais rapidamente aos povos, unidos que já estavam sob o regime de uma só cidade.

    Roma, dominada pelo demônio, foi conquistada por Cristo

    o Autor de seus destinos, fizera-se escrava dos erros de todos os povos, no instante mesmo em que ela os tinha sob suas leis e acreditava possuir uma grande religião, porque não rejeitava nenhuma mentira. Mas quanto mais duramente foi dominada pelo demônio, mais maravilhosamente foi conquistada por Cristo.
    Com efeito, quando os doze Apóstolos, após terem recebido do Espírito Santo o dom de falar todas as línguas, espalhados pelos quatro cantos da Terra, e que tomaram conta deste mundo onde deviam difundir o Evangelho, o Bem-aventurado Pedro, príncipe dos Apóstolos, recebeu como herança a cidadela do Império Romano, a fim de que a luz da verdade que se manifestava para a salvação de todas as nações se propagasse mais eficazmente, difundindo-se no centro desse Império sobre o mundo inteiro.
    Qual a nação, com efeito, que não contava com numerosos representantes nessa cidade? Qual povo ignorava o que Roma ensinava? Era lá que deviam ser esmagadas as opiniões de Filosofia, dissipadas as vaidades da sabedoria terrestre, o culto dos demônios seria confundido, destruída enfim a impiedade de todos os sacrifícios, no mesmo lugar onde uma superstição hábil reunira tudo o que os diversos erros haviam produzido.

    A unidade civil do Império Romano preparou a aceitação da unidade religiosa

     

    A primeira ideia que aparece neste texto é de que a humanidade estava extremamente degradada, e Nosso Senhor Jesus Cristo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, encarnou-Se, realizando por esta forma uma descida que era imensa – porque do mais alto dos Céus, do infinito, para uma condição degradada –, mas há uma correspondência entre o enorme dessa descida e a extraordinária ascensão que o gênero humano teve. Porque, assim como Deus Se humilhou imensamente encarnando-Se, nós fomos incomensuravelmente elevados pela Encarnação d’Ele.
    Há uma expressão que diz: “Quanto maior a altura, tanto maior o tombo.” Aqui se poderia afirmar, salvadas as proporções: “Quanto maior o tombo, maior a altura.” Quanto mais Deus Se humilhou, tanto mais nós fomos prodigiosamente levantados por Ele. Então, vem acentuada aqui a imensa misericórdia do dia de Natal, que patenteia aos homens a elevação sublime e incompreensível da natureza humana pela união hipostática na Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. O segundo pensamento é o seguinte: esse favor da Providência só daria todos os seus resultados pela constituição do Império Romano. Porque era um Império enorme que continha, dentro de seu bojo, todas as nações da orla do Mediterrâneo e muitas outras ainda. Como se sabe, o Império Romano estendeu-se até o atual território da Inglaterra e um pouco o da Escócia; e que na linha sul ele tocou as lindes da Etiópia.
    A África do Norte era povoada, fértil e intensamente latina no tempo dos romanos, e o poder destes afundou pela Pérsia adentro, tocando quase até na Índia. De algum modo, se podia dizer que o mundo conhecido era todo romano. Ou seja, houve uma unificação de incontáveis nações sob um só Império, e São Leão Magno mostra porque esta unificação serviu para a difusão do enorme benefício que houve, em que Cristo se Encarnasse e elevasse a natureza humana. Ele, então, dá algumas razões.
    Uma razão, muito rapidamente mencionada, é ligada ao fato de que onde há um só Estado, sem fronteiras, cabe mais facilmente a ideia de uma só religião. E por causa disso a unidade civil do Império Romano preparava as mentes para a aceitação de uma unidade religiosa.

    A Roma dos Papas

    Depois ele desenvolve uma ideia mais viva, que é a seguinte: a cidade de Roma era como que um coração mantendo dentro de si, com movimentos de sístole e diástole, um sangue que circulava por todo o Império. Em Roma havia habitantes de todas as partes do Império, que ou ali moravam e exerciam influência sobre suas respectivas províncias, ou estavam sempre em viagem e assim levavam a influência de Roma para os últimos recantos.
    De um modo ou de outro, Roma era como um coração que havia atraído para si pessoas de todo o Império, e depois mandava para longe funcionários, legionários e todo o aparelho administrativo e militar romano. De maneira que, cristianizando a cidade de Roma, estava conquistado o ponto estratégico para a cristianização do Império. Feita a cristianização do Império, estava potencialmente cristianizado o mundo.
    Então ele explica que, por um desígnio soberano de Deus, Roma foi escolhida para ser a cidade do Papa porque era uma cidade estratégica, onde este benefício da salvação podia se tornar mais geralmente conhecido.
    Daí vem a Cátedra de São Pedro, a qual se trata de venerar, posta no centro de influência do mundo inteiro, e que inoculou em todo o orbe a regeneração católica, a verdadeira Fé, disseminou a Igreja.
    É bonito verificar como a Providência age de um modo político interessante. E eu não recuo diante da palavra “político”. Enquanto a Igreja era pequena e fraca, tornava-se necessário que a sede d’Ela fosse na mais importante cidade do mundo, para poder espalhar a sua influência. Mas depois que a Igreja se difundiu por todo o orbe, convinha que o Papa, tornado personagem humanamente poderosíssimo, não convivesse na mais importante cidade do mundo com o maior poder temporal, porque sairia fricção. E em certo momento, tornou-se necessário que Roma não fosse mais a capital política do mundo.
    Então, Constantino deixou Roma e se transladou para Bizâncio. Atribuem alguns esta ideia a que exatamente o Imperador não incomodasse o papa, mas isso é um pouco discutido, porque Roma já não era capital do Império. A capital do Império era Milão, Ravena, e nunca mais Roma veio a ser a capital de um país que fosse uma potência internacional.
    Nós tivemos a Roma dos Papas, que foi sempre um pequeno Estado temporal. Depois a carnavalesca Roma dos Saboias, capital do reino da Itália. Esta Roma foi capital de um Estado de alguma importância na Europa, mas não de um poder político e militar mundial. De uma influência cultural mundial, sim; de um poder político e militar mundial, não.

    Amor sem limites ao papado e à Cátedra de São Pedro

     

    Poderia começar a aparecer, então, uma espécie de opressão da Roma civil, poderosa, sobre a Roma religiosa. O que se passou? Ocorreu a coisa mais inesperada do mundo. Para tocar para a frente a obra de humilhação do Papa, a Roma dos Saboias foi uma Roma constitucional e depois se transformou numa república. Mas quando se fizeram as eleições, verificou-se que a maior influência eleitoral da Itália era o Papa. E hoje em dia, por detrás do governo democrata-cristão, é o Papa que governa.
    De maneira que os papéis se inverteram e, em vez de ser a Roma civil que governa a Roma religiosa, nós temos, até certo ponto, a Roma religiosa que governa a Roma civil. E assim, o desígnio de que o papado fosse opresso pelo poder civil não ser realizou.
    Será o melhor possível esse governo democrata-cristão? Uma coisa é verdadeira: se São Pio X estivesse no Sólio Pontifício, a Itália seria a nação mais bem governada do mundo. Quanto a isto não há dúvida!

    Quando se fala da Cátedra de São Pedro, refere-se naturalmente ao móvel da cátedra. No fundo da Igreja de São Pedro há uma cátedra em bronze, feita por Bernini1, cercada de resplendores, recebendo por isso o nome de “a glória de Bernini.” Essa cátedra é oca e dentro se encontra o pequeno trono de madeira, que São Pedro usava em Roma, o qual até hoje se conserva para veneração dos fiéis e é exposto em certas ocasiões.

    A cátedra simbolicamente lembra o poder, o papado, o pontificado, a continuidade dessa instituição, através de todos os homens tão diferentes que a têm ocupado. Recorda, então, o supremo governo da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
    Se as vicissitudes humanas podem dar brilho maior ou menor, ou até rodear de trevas essa Cátedra, ela é sempre a mesma. O supremo governo da Igreja é a cabeça da Igreja. Quando se ama alguém, se ama sobretudo sua face, sua cabeça. Portanto, nosso amor à Santa Igreja Católica Apostólica Romana, que é um amor absolutamente sem limites e acima de todas as coisas da Terra, deve incidir especialmente sobre o papado e a Cátedra de São Pedro, qualquer que seja o seu ocupante. Porque esse é Pedro, a quem foram dadas as chaves dourada e prateada, a do Céu e a do poder indireto na Terra.
    E a este Pedro nós osculamos, em espírito, os pés, como expressão de homenagem e de adesão. Porque em relação à Cátedra de São Pedro, nosso amor, nossa obediência, nossa veneração absolutamente não têm limites.v

    (Extraído de conferência de 17/1/1966)

    1) Gian Lorenzo Bernini (*1598 – †1680), arquiteto e escultor italiano.