Na vida de Santa Margarida da Escócia nota-se a existência do maravilhoso na Idade Média dia. Não do maravilhoso como uma fábula ou lenda, mas como algo de realizável.
Para a brumosa Escócia, então terra de missão, essa princesa vinha trazendo sangue ilustre, toda a flor da civilização ocidental, tornando-se uma rainha magnífica, que deixa vários filhos ilustres por suas virtudes, e que intercedeu a favor do povo, deu esmolas, realizou milagres.
Tudo isso sempre ungido pela coroa real, além de uma ideia completa da realeza, apresenta um mundo concreto onde maravilhas são possíveis e o extraordinário, o estupendo, a ordem, mesmo a mais excelente e audaciosa, são realizáveis na Terra.
Santas como esta de tal maneira difundiam o bom odor de Jesus Cristo por toda parte, que acabavam sacralizando a própria dignidade régia e criando uma espécie de ambiente de feeria, de maravilhoso da civilização medieval, do qual os vitrais são um reflexo, apresentando os bem-aventurados em meio a pedacinhos de vidros dourados, cor de rubi, de esmeraldas, com uma luz na cabeça, a coroa real sobre uma mesa, uma santa que derrama flores em torno de si… Tudo isso é a imagem do próprio modo como o medieval concebia a vida, por exemplo, de uma Santa Margarida, Rainha da Escócia.
Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 9/6/1964)