São João de Deus foi fundador de uma Ordem religiosa famosa, tornando-se um dos homens mais conhecidos de seu tempo.
Sua fisionomia é toda marcada pelo olhar. Os traços são comuns, regulares, não dizem nada de especial. O bigode, muito fininho, ralinho, com certeza fazia parte dos costumes do tempo; e a barba aparada, cobrindo quase todo o rosto. Caixa ocular bem feita, com certa profundidade, mas nada de extraordinário. Nariz, sobrancelhas, testa e carnatura comuns. Entretanto, tudo sai do banal por causa desses olhos escuros e profundos.
Olhar pensativo e analítico, ao mesmo tempo de um místico e teólogo, cogitando em algo muito elevado que o toma por inteiro. Uma força de alma verdadeiramente extraordinária.
Quando consideramos um semblante como este, devemos compará-lo com as fisionomias que encontramos nas ruas. Quantas caras comuns existem pelas vias públicas! Mas este olhar, onde encontraremos?
Compreendemos assim o trabalho da graça, colhendo um homem que provavelmente foi comum, tornando-o uma grande alma e fazendo, através dele, uma grande obra.
Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 17/1/1986)
Revista Dr Plinio 252 (Março de 2019)