Típica cidade medieval italiana, Orvieto é rendilhada de pitorescos arcos românicos, de ogivas e edifícios góticos talhados em grandes pedras, cujo conjunto compõe um urbanismo lindo e imprevisto.
Sobretudo, nela se ergue, a meu ver, uma das fachadas de igreja mais esplêndidas que há no mundo. Ao se contemplar a frente da catedral de Orvieto, ornada de cenas que representam a vida de Maria Santíssima, têm-se a impressão de um frescor de colorido que se diria, à primeira vista, inexplicável. Com efeito, construída na Idade Média, séculos de chuva, de neve e de sol incidiram sobre esses painéis que, entretanto, conservam um viço magnífico.
A explicação, porém, é simples: são mosaicos. Portanto, quadros compostos de incontáveis pedrinhas coloridas, numa combinação de matizes e tonalidades tão fascinante que faz dessa fachada uma das maravilhas da arte católica na Terra.
A rosácea central, emoldurada de esculturas e lavores góticos, apenas ressalta a feeria das cenas policromadas que ornam os vários tímpanos. De modo particular, tal frescor de colorido se nota na pintura superior onde se vê a coroação de Nossa Senhora e naquela que encima o pórtico principal, em que aparece a Virgem Santíssima venerada por anjos. Estes como que esgotaram suas manifestações de devoção a Ela, e já não sabem o que mais fazer para exprimir sua veneração, sua admiração e seu amor à Mãe de Deus. Toda a cena se insere num “décor” extraordinário e rico em detalhes, simbolismos, etc. Como essas, as outras cenas também se rivalizam em beleza e atratividade, evocando significativos episódios das vidas de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora.
O restante da fachada é um requintado trabalho de arquitetura, com molduras, colunas, arcarias e florões góticos, recortados em lindo mármore branco, vermelho ou preto. Na verdade, a escultura medieval se esmerava em adornar seus monumentos e edifícios — de maneira especial as igrejas — com pormenores bonitos. Daí se poder observar num pequeno pedaço de coluna ou de arco, todo um fantástico trabalho de artífice que procurava dar de si o melhor, o mais perfeito.
Na delicadeza e no frescor das suas cores, na animação dos personagens representados em seus mosaicos, no movimento dos seus arcos, na elevação de suas colunas e torres elegantes, a catedral de Orvieto é uma autêntica obra-prima da Idade Média. v
Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência em 17/11/1988)