Santos Pastorinhos

Nossa Senhora quis que Jacinta e Francisco morressem em circunstâncias tão difíceis e sofrendo tanto, por serem necessárias vítimas que associassem suas dores e o sacrifício de suas vidas ao mistério de Fátima, bem como à fecundidade desejada pela Santíssima Virgem, na ordem sobrenatural, para os fatos anunciados na Cova da Iria.

Apesar de ter havido ali uma intervenção direta da Mãe de Deus, atestada por milagres estupendos como, por exemplo, a movimentação do Sol, Ela quis que duas almas oferecessem as suas vidas e se imolassem para que aquele plano da Providência tivesse a fecundidade necessária.

Isso nos faz compreender bem como o apostolado do sofrimento é insubstituível e abre os caminhos para a Igreja.

Peçamos a Jacinta e Francisco que nos obtenham o senso do sofrimento, indispensável para qualquer católico ser verdadeiramente generoso e dedicado.

Plino Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 19/2/1965)

Intercessores para obter o Reino de Maria em nós

Devemos considerar o valor simbólico da obra de Nossa Senhora que transformou suavemente essas crianças pelo simples fato de lhes aparecer reiteradas vezes em Fátima. As três mudaram extraordinariamente em consequência das revelações. Com uma delas, inclusive, a Santíssima Virgem disse estar aborrecida. Era Francisco, que não A viu por causa disso. Portanto, ele pode ser considerado um convertido.

Temos aqui algo de parecido com o Segredo de Maria, ou seja, uma dessas ações profundas da graça na alma, que se desenvolvem sem a pessoa dar-se conta. Ela cresce em amor de Deus, em vontade de se dedicar, em oposição ao pecado, mas tudo isso se dá maravilhosamente dentro da alma.

Se a obra de Nossa Senhora em Fátima foi assim, especialmente com essas duas crianças chamadas para o Céu, Jacinta e Francisco, podemos nos perguntar se isso não tem um valor simbólico e se não indica qual será a ação d’Ela sobre toda a humanidade, quando Ela cumprir as promessas que fez na Cova da Iria.

Seria, portanto, um começo do Reino de Maria, enquanto sendo o triunfo do Imaculado Coração sobre duas almas pregoeiras da grande revelação de Nossa Senhora, e que, por seus sacrifícios e preces na Terra e por suas orações no Céu, ajudaram e ainda ajudam enormemente as almas a aceitarem a mensagem de Fátima.

Assim sendo, Francisco e Jacinta são os intercessores naturais para se pedir e se obter de Maria Santíssima que comece o seu Reino em nós, desde logo, por essa transformação misteriosa que é o Segredo de Maria.

Peçamos que eles velem especialmente sobre aqueles que têm a missão de pregar e viver a mensagem de Fátima.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 13/10/1971)

Revista Dr Plinio 251 (Fevereiro de 2019)

Saúde dos enfermos

O  homem que, em consequência do pecado original, está sujeito às mais aflitivas doenças, amiúde recorre à Santíssima Virgem suplicando-Lhe a cura de seus males. Por isso a Igreja A invoca como a “Saúde dos enfermos”.

Não raras vezes, Nossa Senhora permite doenças e provações físicas a fim de que os homens, curados por sua intercessão, sintam a maternal bondade com que a Mãe de Deus os atende e sejam, assim, por Ela mais atraídos e conquistados. Nossa Senhora, Saúde dos enfermos é, portanto, num primeiro plano, Aquela que restitui a saúde corporal aos homens.

Será só isto? Maria é Mãe apenas quando trata de nossos males? Não será também insigne favor o fato de Ela permitir que nos acometa alguma doença, e que esta perdure longamente? Muitas vezes sim. A doença pode ser um meio mais excelente de nos aproximar d’Ela, de tomarmos distância das coisas do mundo, de compreendermos como é transitória a vida, de purificarmos nossa alma de inúmeros pecados e defeitos. Neste caso, a doença é um bem para nós. De tal sorte que podemos dizer a Nossa Senhora: “Se essa enfermidade for melhor para minha alma, eu a aceito. Porém, Vós tendes o poder de abreviá-la, caso esteja nos desígnios de Deus fazer-me mais bem a saúde do que a doença. Se tal for, se meus pecados não constituírem obstáculos à vossa misericórdia, peço-Vos que me cureis. Do contrário, acolho com humildade o que me destinais”.

Sobretudo devem se dirigir a Maria Santíssima os pecadores, para que Ela restitua a saúde às suas almas enfermas da pior das doenças, que é o pecado.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 8/9/1970)

Revista Dr Plinio 251 (Fevereiro de 2019)

Beato Angélico

O Beato Angélico, cuja festa é celebrada no dia 18 de fevereiro, soube transmitir às suas obras certas fulgurações que, na verdade, são manifestações da virtude da sabedoria, pela qual o homem apetece a coerência e a profunda harmonia interior das coisas, mais do que os bens menores do existir humano.

Essa harmonia exprime algo de inefável, total, que é a melhor representação de Deus. E quem a ama, ama o simbolizado por ela, portanto, o próprio Deus, predispondo assim sua alma para o Céu.

Plinio Corrêa de Oliveira

A grande catedral de Deus

Nossa Senhora é o jardim, o palácio, a grande catedral de Deus, inteiramente perfeita, dotada com tais graus de insondável beleza que nos é impossível sequer imaginar.

Alguém que tivesse do universo criado um conhecimento pleno, mas não conhecesse a Virgem Santíssima, seria pouco mais que nada em comparação daquele que ignorasse tudo a respeito da natureza, mas conhecesse a excelsa figura de Maria. De tal maneira a Mãe de Deus é superior a tudo, e sua alma, paradisíaca, repleta de acordes de uma sinfonia celestial.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência em 2/2/1969)

Para Vos glorificar, ó Mãe!

Sabemos, ó Mãe boníssima, não sermos dignos de nos aproximar de vosso Filho Divino, posto o incomensurável abismo de indignidade que d’Ele nos separa. Porém, maiores do que esse abismo, ó Mãe, são a vossa misericórdia e o vosso amor por todos e cada um dos filhos que tendes sobre a face da Terra, e em especial pelos batalhadores do bom combate que, desde há muito, desejastes  lutassem por Vós e vosso adorável Filho nos dias amargos em que vivemos.

Assim, Mãe Santíssima, vida, doçura e esperança nossa, rogamo-Vos: que a vossa misericórdia preencha esses abismos e faça descer até nós a plenitude da clemência de Cristo Jesus; que a vossa  onipotente intercessão nos alcance a perfeição moral, a integridade de doação e o inteiro cumprimento de nossa vocação — para, desse modo, Vos rendermos a excelsa glória que tanto vos  devemos!

O segredo da calma

Pelo dom de profecia, Maria Santíssima conheceu individualmente todos os homens que existiriam até o fim do mundo, com suas qualidades e defeitos, e tem para com cada um a misericórdia incalculável da melhor das mães.

Devemos, pois, ter a certeza de que pedindo-Lhe qualquer coisa, obteremos. Pode ser que alguém peça algo que não seja para o seu próprio bem. Neste caso, Nossa Senhora não dará. Porém, até nisso entra a misericórdia d’Ela porque, conhecendo melhor do que nós o que nos convém, a Mãe de Deus nos concede outra graça mais valiosa do que aquela pedida por nós.

Mesmo que estejamos em estado de pecado, a Santíssima Virgem tem pena de nós e nos obtém graças preciosas para nos emendarmos e brilharmos diante d’Ela por toda a eternidade.

Sendo assim, não há razão para ficarmos nervosos e agitados, pois ainda que não compreendamos por que está acontecendo algo de muito triste conosco, devemos estar tranquilos, pois a nossa Mãe vela por nós.

A perfeição consiste, portanto, em manter-se sereno e tranquilo, compreendendo que tudo se faz pela vontade de Nossa Senhora. Aí está o segredo da calma.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 12/10/1990)

Revista Dr Plinio 239 (Fevereiro de 2018)

Oração para pedir a troca de vontades

Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, que simbolizais a mentalidade sagrada, a vontade santíssima, a perfeitíssima disciplina da Mãe de Deus, nós Vos pedimos: abri-Vos para nós.

Considerai nossas mentes infiltradas de máximas revolucionárias! Tende em vista as nossas vontades debilitadas por toda espécie de maus hábitos e pressões decorrentes do ímpeto da Revolução!

Olhai para a nossa sensibilidade trabalhada pelos mais nocivos fermentos do mundo satânico que a Revolução vem desenvolvendo, e tende pena de nós! Nós Vos pedimos que substituais nossas mentalidades revolucionárias, de maneira que nossos princípios reflitam, com a fidelidade perfeita, a doutrina e o espírito da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Trocai a nossa vontade  corrompida, substituindo-a pela vossa sem mancha, sem hesitação, sem concessões! Substituí nossa sensibilidade pela vossa, ordenada, equilibrada, puríssima, em tudo obediente à vossa vontade e inteligência!

Vós sois, Coração Imaculado, o Sacrário do Espírito Santo. Habitai no meu coração para que o vosso Divino Esposo habite em mim e eu seja um templo d’Ele! Dai-me, assim, ó Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, o “Grand Retour” tão desejado e fazei-me um discípulo perfeito vosso! Amém.

“Confiando em Vós, não temerei os males”

Por maiores que sejam as dificuldades, espirituais ou temporais, que devemos enfrentar em nossa vida, a atitude constante que nos cumpre ter diante delas é a de uma confiança incondicional em Nossa Senhora.

Na certeza desse socorro materno encontramos a coragem para fazermos face a qualquer adversidade, dizendo com o salmista (22, 4): “Confiando em Vós, ó Mãe, não temerei os males, pois na vossa luz, verei a Luz, vosso divino Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo!”

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência em 3/5/1993)

A primeira gota de uma torrente de graças

Ele era um pequeno funcionário público de Lourdes. E também um cético diante das recentes aparições da Santíssima Virgem que, naqueles idos de 1858, vinham comovendo essa cidade dos Pireneus. Contudo, movido pela curiosidade, decidiu comparecer certo dia à gruta de Massabielle, nos arredores de Lourdes, no momento em que a Mãe de Deus entabulava mais um colóquio com a camponesa Bernadette Soubirous.

A partir de então, a existência do incrédulo personagem mudaria para sempre, conforme ele próprio testemunhou: Após assistir à cena, senti-me como saído de um sonho, e me afastei da gruta. Não conseguia voltar a mim e um mundo de pensamentos agitava-se em minha alma. A Senhora do rochedo ocultava-se bem, mas eu percebera sua presença, e estava convencido de que seu olhar maternal voltara-se para mim. Oh! hora solene de minha vida! Perturbava-me até o delírio pensando que eu, o homem das ironias e das presunções, fosse admitido a ocupar um lugar perto da Rainha do Céu!

Para Dr. Plinio, a história dessa tocante conversão era eloquente motivo para se crescer em confiança na insondável misericórdia de Maria Santíssima. E comentava: “Esse homem teve noção de que realmente existia a pessoa com quem Santa Bernardette conversava. Portanto, aquela visão não podia ser uma abstração, nem era uma fantasia. A camponesa dialogava com alguém, e o seu modo de agir nessa circunstância possuía todas as características objetivas de uma interlocutora. Donde ser inegável a autenticidade da cena. O fato de ter presenciado este diálogo diretamente, o comoveu e o levou à conversão. Ele não viu Nossa Senhora, porém pelas atitudes de Santa Bernadette soube que a Rainha do Céu ali se encontrava.

“Analisemos a situação de alma desse homem. Sentia-se, ao mesmo tempo, humilhado e pasmo, pois não podia crer que ele, cético, havia sido tão bem tratado por Nossa Senhora e transformar-se no objeto de um milagre gratuito alcançado por Ela em seu favor. De nenhum modo merecia ter essa espécie de visão indireta da aparição, e menos ainda receber aquela inestimável graça concedida pelas mãos de Maria. E entretanto, pelo simples reverberar da presença d’Ela sobre a figura de Santa Bernadette, a Virgem tocou sua alma e venceu todos os seus orgulhos, fazendo-o pensar: ‘É espantoso! Eu, até há pouco tão ruim, tão pretensioso, tão miserável, o menos indicado a obter tamanha dádiva, contra todas as expectativas a recebo. Como é misericordiosa a graça que bate em portas tão conspurcadas, e de forma tal que a porta quase não pode recusar-se a abrir!’

“A obra maravilhosa que a graça realizou na alma desse homem foi precursora dos esplendores que a mesma graça operaria em milhares de almas que passariam por Lourdes e ali seriam tocadas pelo milagre. E em tantas outras que, embora achando-se distante da gruta de Massabielle, converter-se-iam ao ouvirem as descrições dos milagres. O dom extraordinário concedido àquele cético foi como a primeira gota de uma verdadeira inundação de graças que viria para o mundo, a partir do dia 11 de fevereiro de 1858, quando Nossa Senhora apareceu pela primeira vez a Santa Bernadette.

“Desse fato devemos colher um importante fruto. Se tomarmos em consideração que, em favor de um incrédulo, Nossa Senhora alcançou graça tão insigne, dádiva muito maior obterá Ela para aqueles que perseveram na Fé. E, portanto, podemos esperar com inteira confiança e devoção que Ela nos consiga de seu Divino Filho graças superlativas, de modo particular na festa de Nossa Senhora de Lourdes. Razão pela qual me parece assaz conveniente que, nessa data mariana, nos ajoelhemos aos pés de uma imagem d’Ela e Lhe supliquemos, com entranhado fervor, as graças de que mais necessitamos, quer para nossa vida espiritual como para remediar nossas dificuldades temporais.”

Plinio Corrêa de Oliveira

Revista Dr Plinio (Fevereiro de 2007)