A entrega do Brasil ao Imaculado Coração de Maria

Tomando conhecimento de uma iniciativa que visava colocar nas mãos da Santíssima Virgem o Brasil, Dr. Plinio a apóia calorosamente.

 

Atendendo com a maior satisfação ao amável convite dos beneméritos Padres cordimarianos, venho prestar minha pequena contribuição para a vitória da gloriosa campanha, agora movida em  tantos lugares, em prol da consagração do Brasil ao Coração Imaculado de Maria.

Jamais será suficiente encarecer a importância desta providencial consagração. É possível que alguns católicos não percebam desde logo o que ela significa. Com efeito, dirão, a devoção a Nossa  Senhora é de tal maneira fundamental no católico, e se encontra tão fundamente enraigada no coração brasileiro, que qualquer trabalho que se faça no sentido de uma consagração do Brasil ao Imaculado Coração de Maria não logrará causar nos espíritos impressão muito profunda. Entre nós, a devoção a Nossa Senhora atingiu seu zênite. Insistir neste assunto é, de certo modo,  consumir tempo e forças na afirmação de um ponto pacífico, enquanto tantos e tantos outros pontos estão a reclamar nosso zelo e combatividade.

Esta argumentação [resulta] de uma série de pressupostos improcedentes. Em primeiro lugar, não se pode dizer propriamente que em qualquer país do mundo a devoção a Nossa Senhora tenha atingido seu zênite. É tal o amor, tão profundo respeito que se deve tributar a Nossa Senhora no culto de hiperdulia que lhe devemos, que Maria Santíssima jamais será suficientemente amada nem louvada pelos fiéis: “de Maria nunquam satis”. Assim, jamais será tempo perdido acentuar a devoção dos fiéis à sua Mãe celestial.

Aliás, se é certo que, graças a Deus, existe no Brasil uma ardente devoção a Nossa Senhora, ninguém poderá negar que essa devoção, como tudo quanto é bom, é passível de prejuízo e decréscimo  neste triste vale de lágrimas. Incrementar por todos os modos a devoção a Nossa Senhora significa, pois, evitar que essa devoção fique exposta aos riscos naturais que decorrem das incertezas do coração humano. E, finalmente, se é certo que nossa devoção é muitas vezes intensa, nem sempre é tão esclarecida quanto seria de se desejar.

Sendo Maria Santíssima a nossa Mãe, é óbvio que nossa devoção para com Ela se deve revestir de caráter de acentuada ternura. Enganam-se, entretanto, os que [pensam que] essa ternura sobrenatural pode confundir-se com certas expansões românticas e sentimentais em que se cifram por vezes algumas manifestações de piedade. São indispensáveis bons e sólidos conhecimentos sobre a posição de Maria Santíssima na economia da graça divina, para que a devoção mariana se torne sólida e perfeita. Ora, a consagração do Brasil ao Imaculado Coração de Maria constituiria excelente oportunidade para se divulgarem com método e perseverança os admiráveis ensinamentos da Santa Igreja sobre tão fundamental matéria.

Mas, é preciso acentuá-lo, os que propugnamos pela consagração do Brasil ao Coração Imaculado de Maria, se bem que apreciemos no seu alto e devido valor estes frutos  de tão solene ato, temos em vista um resultado muito mais alto e mais profundo.

Queremos que nossa Pátria seja consagrada ao Coração Imaculado de Maria antes de tudo e acima de tudo porque Maria Santíssima tem direito a esta homenagem. A realeza de Nossa Senhora, como função da realeza de seu Divino Filho, não pode ser posta em dúvida pelos católicos.

Rainha de todo o universo, Maria Santíssima já foi coroada Rainha do Brasil pela mão do ínclito Arcebispo do Rio de Janeiro, com coroa enviada especialmente pelo Santo Padre. Consagrado o  Brasil ao Imaculado Coração de Maria, consagramos o reino ao coração da Rainha, e, com isto, fazemos um ato excelente de confiança filial em sua misericórdia, e, ao mesmo tempo, atraímos  graças maiores e mais abundantes para nossa Pátria.

Não se trata aí de meras figuras de literatura. Trata-se de realidades sobrenaturais. O reinado de Maria Santíssima sobre o Brasil não é alegórico ou simbólico: é real. Nossa consagração também  não deverá ser um ato feito só para estimular as multidões e dar expansão, por meio de gracioso símbolo, a nosso afeto. Será um ato de caráter sobrenatural, que, se Deus quiser, se realizará em  todas as suas conseqüências. Consagrado o Brasil a Nossa Senhora, pertenceremos mais a Ela, e com nossa doação repararemos de modo mais conveniente todos os ultrajes que a Ela ou a seu  Divino Filho temos feito. E, ao mesmo tempo, Ela será mais nossa. Aceito nosso dom, sua assistência e sua proteção sobre nós serão ainda mais contínuas, mais vigilantes, mais misericordiosas.

Como se vê, não pode haver causa mais digna de ser apoiada com entusiasmo pelos fiéis do Brasil inteiro.

Plinio Corrêa de Oliveira (Transcrito da revista “Ave Maria”, de 31/7/1943)

Carinho purificador

Não raras vezes, quando nos aproximamos de uma imagem da Santíssima Virgem, temos a impressão de se abrir para nós uma janela no céu da misericórdia d’Ela, através da qual nos inundam os fulgores maternos da compaixão, da bondade, da disposição de perdoar mais uma vez, e outra, e outra.

Algo indefinido e sublime, de um carinho purificador de todas as nossas fraquezas, como se Nossa Senhora nos tocasse, não com seus dedos virginais, mas com seu olhar imaculado: Ela nos viu, nos fitou, e só de sentirmos os seus olhos pousando sobre nós, qualquer coisa muda em nossa alma, para melhor…

Nossa Senhora das dores e o amor à incomodidade

Apresentamos aos leitores um comentário de Dr. Plinio acerca de um trecho de D. Guéranger, abade beneditino de Solesmes, a propósito da festa das Sete Dores de Nossa Senhora. Assim se denominava então a comemoração do 15 de setembro, que hoje se chama “Nossa Senhora das Dores”.

D. Guéranger mostra como Deus envia sofrimentos àqueles a quem ama, e como entre todas as  almas, depois da de Jesus Cristo, a mais amada por Deus foi a de Maria Santíssima, sujeita aos mais indizíveis padecimentos. Referindo-se às Sete Dores de Nossa Senhora, explica D. Guéranger que a Igreja se deteve no número sete pelo fato de este exprimir sempre a ideia de totalidade e universalidade, ou seja, todas as dores.

 

Hoje é festa das Sete Dores de Nossa Senhora, colocada com muita propriedade logo depois da festa da Exaltação da Santa Cruz. Essa festa mariana foi estendida a toda a Igreja por Pio VIII, em agradecimento pela intercessão da Santíssima Virgem na libertação de Pio VII.

A principal prova do amor que Deus tem por nós são os sofrimentos que nos envia São tantos os pensamentos que nos vêm a propósito do texto de D. Guéranger, que seríamos tentados a desenvolver excessivamente estas palavras. Parece-me entretanto oportuno concentrarmo-nos somente em duas idéias.

A primeira delas é esta: que Deus, tendo amado com amor infinito ao seu Verbo Encarnado, a Nosso Senhor Jesus Cristo, e tendo amado com amor inferior a este, mas superior a todos os outros amores, a Nossa Senhora, deu-lhes tudo quanto há de bom. E por isso, deu-lhes também aquela imensidade de cruzes que, no caso de Nossa Senhora, é representada pelo número sete. Sete dores é também o símbolo de todas as dores. E Nossa Senhora poderia ser  chamada perfeitamente Nossa Senhora de Todas as Dores.

Por causa disso, se é verdade que todas as gerações a chamarão Bem-Aventurada, a um título menor, mas imensamente real, todas as gerações poderão também chamá-la “infeliz”.

Se isso é assim, nós deveríamos compreender melhor que quando a dor entra em nossa vida, estamos recebendo uma prova do amor que Deus tem por nós. E que enquanto a dor não penetrar em nossa existência, nós não temos todas as provas desse amor de Deus. E eu acrescentaria que não temos a principal prova do amor de Deus para conosco.

O que isto significa? Há membros de nossa família de almas para cujas fisionomias eu olho e, depois de analisá-las, sou levado a pensar: a este, falta-lhe ainda sofrer, falta no fundo uma nota de maturidade, uma nota de estabilidade, uma nota de racionalidade, uma elevação que só tem aquele que sofreu, e que sofreu muito. Quem leva uma vida sem sofrimentos, leva uma vida em que essas notas não transparecem na fisionomia. E o que é muito pior: não transparecem na alma.

Nós devemos nos convencer de que isso é assim, ou seja que sofrer é um dom de Deus. E que quando começam acontecer os contratempos — as dificuldades com o apostolado, os mal-entendidos  com os amigos ou com nossos superiores, a saúde que anda mal, os negócios que dão errado, as encrencas dentro de casa — não devemos tomar tudo isso como um bicho de sete cabeças. Nós não devemos, imitando a mentalidade holywoodiana, exclamar impacientes: “Como foi que uma coisa dessas pôde acontecer?”

Não, essa não deve ser nossa atitude! Quando não sofremos, aí então é que devemos nos perguntar perplexos: “Como é que está acontecendo isto: eu não estou sofrendo nada!?” Pois o normal é  sofrer. Aquele a quem Deus ama, aquele a quem Nossa Senhora ama, esse sofre! Deus não pode recusar a um filho a quem ama aquilo que Ele deu em abundância aos dois entes que mais amou, que são Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora.

Devemos pois nos imbuir bem da ideia de que o normal na vida é sofrer. Sem dúvida devemos pedir à Providência que nos livre das privações, das provações, das crises nervosas e de toda espécie  de coisas penosas, mas se estiver nos planos da Providência que sejamos submetidos à prova, devemos bendizer a Deus, bendizer a Nossa Senhora por estar sofrendo.

São Luís Grignion chega a dizer que quem não sofre deveria fazer peregrinações e orações pedindo o sofrimento, embora ele condicione tal pedido à aprovação de um diretor espiritual, porque se trata de uma súplica muito séria. Mas ele diz isso porque sabe que quem não sofre não vai indo tão bem na vida espiritual quanto poderia ir, e às vezes vai indo inteiramente mal.

Todos aqueles que querem seguir a Nosso Senhor são incômodos

Bossuet tem uma expressão estupenda a respeito de Nosso Senhor Menino: “Aquele Menino incômodo”, que se aplica a todos aqueles que querem seguir a Nosso Senhor: são incômodos eles também.. Às vezes, tenho a seguinte sensação experimental: começo a dar um conselho, a dar um exemplo, a pedir um sacrifício, e no semblante do interlocutor vai aparecendo algo que revela serem incômodas as minhas palavras para ele. Como seria mais fácil para mim contar uma piada, fazer uma brincadeira, acabar a conversa com um tapinha nas costas e dispensar o outro de uma  obrigação! Como o mando seria agradável se fosse isso!

Mas mandar é o contrário. Mandar é estar exigindo que o subordinado tome as coisas a sério, que as olhe pelo seu lado mais profundo, mais alto e mais sublime. Que veja de frente sua própria alma, que se examine a si mesmo detidamente, procure corrigir efetivamente e seriamente seus defeitos. Mas como isso é incômodo! Pois bem, o peso de sermos incômodos é um dos maiores pesos que existe e também este nós devemos carregar.

Nossa Senhora teve um filho que lhe trouxe tantos divinos incômodos. Quando meditamos sobre a dor d’Ela, sobre a seriedade e a sublimidade da existência d’Ela e de nossa própria existência, Nossa Senhora das Dores também se torna para nós maternal e estupendamente incômoda.

A resignação alegre diante dessa incomodidade, a coragem de sermos incômodos em todas as circunstâncias, o amar de preferência aos nossos amigos incômodos, que nos lembram oportuna ou importunamente o dever: essas são as virtudes que no dia das Sete Dores de Nossa Senhora devemos pedir a Ela.

Plinio Corrêa de Oliveira

Nossa Senhora das Dores

Nossa Senhora das Dores, Vós sofrestes por mim. Que o mérito de vossas lágrimas afaste tanta dor que ameaça cair, a justo e a lindo título, sobre mim, porque não me sinto capaz de carregá-la. Sei que em algo a afastareis, mas compreendo que vossa oração pode encontrar a barreira que vosso Divino Filho encontrou, quando Ele disse: “Si fieri potest…” Então, se em algo não puder ser, dai-me forças! Tanto quanto possível, me refugio da merecida cólera de Deus junto aos vossos braços de Mãe. Contudo, se esses braços tiverem que me entregar, e eu sofrer esse holocausto por outros ou por mim, adoro essa cólera! Dai-me forças, e a suportarei.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 7/9/1981)

Misericórdia que chega aos extremos de nossa fraqueza

A sensualidade é, com o orgulho, uma das molas propulsoras da Revolução. Em sentido oposto, Nossa Senhora, Rainha e arquétipo dos contrarrevolucionários, praticou as virtudes da humildade e da castidade em grau inimaginável.

O que dizer da pureza d’Aquela que foi imaculada desde o primeiro instante de seu ser? D’Ela brota para toda a humanidade, como de uma fonte inexaurível, a virtude da castidade. E porque incomparavelmente pura, Maria é, mais do que ninguém, a protetora dos fracos, o socorro dos que se debatem nas tentações da carne.

Engano seria pensar que, por ser castíssima, Nossa Senhora tem invencível horror aos impuros. Ela possui, sem dúvida, aversão ao pecado de impureza, mas Se compadece daquele que o comete, e deseja a emenda e a salvação desse infeliz.

A Santíssima Virgem está pronta a Se inclinar sobre o mais miserável dos homens e lhe dizer: “Meu filho, em que pântano caíste?! Entretanto, continuo sendo tua Mãe, e por isso Me curvo até ti, por mais baixo que tenhas caído. Até aos extremos de tua fraqueza chega minha misericórdia, disposta a te salvar”.

 

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferências de 26/5/1972, 25/9/1990 e 12/7/1991)
Revista Dr Plinio 258 (Setembro de 2019)

Oração para pedir o sofrimento restaurador

Ó Mãe do Bom Conselho, tende compaixão de mim nos desacertos e nas perplexidades em que minha alma culpada se encontra. No meio de todas as minhas misérias, vossa graça me dá a convicção de que é melhor qualquer sofrimento a continuar como estou. E se, portanto, a condição para deixar este infeliz estado é me fazerdes sofrer, com os joelhos dobrados em terra e com as mãos postas, de toda a alma, ó minha Mãe, peço-Vos que me deis o sofrimento que seja necessário para eu ser inteiramente vosso e, ao mesmo tempo, a força para suportá-lo.

Nesse sentido suplico-Vos que, se for possível, eu me una inteiramente a Vós sem ser necessário esse sofrimento, e que afasteis de mim esse cálice. Mas se não for possível, a exemplo de vosso Divino Filho, digo: Faça-se em mim a vossa vontade e não a minha. A “vossa vontade”, Mãe de misericórdia, pois Vós sois o canal necessário, por desígnio de Deus, para subirmos a Ele e para que as graças venham até nós.

Mãe do Bom Conselho, mais uma vez eu Vos peço: tende piedade de mim!

 

Plinio Corrêa de Oliveira

Si fieri potest…

Nossa Senhora das Dores, Vós sofrestes por mim. Que o mérito de vossas lágrimas afaste tanta dor que ameaça cair, a justo e a lindo título, sobre mim, porque não me sinto capaz de carregá-la. Sei que em algo a afastareis, mas compreendo que vossa oração pode encontrar a barreira que vosso Divino Filho encontrou, quando Ele disse: “Si fieri potest…” Então, se em algo não puder ser, dai-me forças! Tanto quanto possível, me refugio da merecida cólera de Deus junto aos vossos braços de Mãe. Contudo, se esses braços tiverem que me entregar, e eu sofrer esse holocausto por outros ou por mim, adoro essa cólera! Dai-me forças, e a suportarei.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 7/9/1981)
Revista Dr Plinio 186 (Setembro de 2013)

Ladainha de São José

-Senhor, tende piedade de nós.
-Jesus Cristo, tende piedade de nós.
-Senhor, tende piedade de nós.
-Jesus Cristo, ouvi-nos.
-Jesus Cristo, atendei-nos.
-Deus Pai dos Céus, tende piedade de nós.
-Deus Filho Redentor do mundo, tende piedade de nós.
-Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
-Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós.
-Santa Maria, rogai por nós.
-São José, rogai por nós.
-Ilustre filho de David , rogai por nós.
-Luz dos Patriarcas, rogai por nós.
-Esposo da Mãe de Deus, rogai por nós.
-Casto Guarda da Virgem, rogai por nós.
-Sustentador do Filho de Deus, rogai por nós.
-Zeloso defensor de Cristo, rogai por nós.
-Chefe da Sagrada Família, rogai por nós.
-José justíssimo, rogai por nós.
-José castíssimo, rogai por nós.
-José prudentíssimo, rogai por nós.
-José fortíssimo, rogai por nós.
-José obedientíssimo, rogai por nós.
-José fidelíssimo, rogai por nós.
-Espelho de paciência, rogai por nós.
-Amante da pobreza, rogai por nós.
-Modelo dos operários, rogai por nós.
-Honra da vida de família, rogai por nós,
-Guarda das virgens, rogai por nós.
-Sustentáculo das famílias, rogai por nós.
-Alívio dos infelizes, rogai por nós.
-Esperança dos doentes, rogai por nós.
-Padroeiro dos moribundos, rogai por nós.
-Terror dos demônios, rogai por nós
-Protetor da Santa Igreja, rogai por nós

-Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.

-Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.

-Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

  1. Ele constitui-o senhor de Sua casa.
    R. E fê-lo príncipe de todos os seus bens.

Oremos: Deus, que por inefável Providência, Vos dignastes escolher a São José por Esposo de vossa Mãe Santíssima; concedei-nos, Vo-lo pedimos, que mereçamos ter por intercessor no Céu aquele que veneramos na Terra como protetor. Vós que viveis e reinais nos séculos dos séculos. Amém

 

Trono da misericórdia

Na imagem de Nossa Senhora de las Lajas, a Santíssima Virgem está com um olhar sério e investigador de quem quer ser obedecida. Ela tem fisionomia de Mãe, mas não está sorrindo; e embora não esteja olhando com expressão de ameaça ou repreensão, seu semblante é de alguém que, se houver algo errado, passa um pito ou faz uma ameaça.

O Menino Jesus está muito amavelmente voltado para quem reza. Em lugar do quadro clássico do Divino Infante sério e Nossa Senhora sorrindo para o pecador, indicando que Ela obtém d’Ele a misericórdia e o beneplácito, temos o contrário: Ele se volta sorridente para o pecador, Ela está séria. Quase se diria que Ele está distribuindo favores sem que Ela tenha entrado muito no assunto.

Parece até inverter o papel da Medianeira.

Na realidade, o pensamento é muito profundo: Ele Se manifesta tão misericordioso, com essa alegria de dar, porque está sentado no trono da misericórdia.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 19/10/1974)

Zelo pela glória de Maria

O nome é o símbolo de uma realidade psicológica, moral, espiritual, contida na pessoa e, por causa disso, o nome de Nossa Senhora, como o santíssimo Nome de Jesus, deve ser considerado como a afirmação da glória e dos predicados interiores d’Ela.

 

A  Festa do Santíssimo Nome de Maria é uma especial manifestação de glória de Nossa Senhora. Não se trata apenas do nome de Maria, mas de algo que está por detrás do nome. Os antigos consideravam o nome como uma espécie de símbolo da pessoa, e durante bastante tempo se difundiu muito o uso das iniciais, que são uma espécie de símbolo do nome.

Simbolismo do nome

O nome é o símbolo de uma realidade psicológica, moral, espiritual, mais profunda contida na pessoa e, por causa disso, o nome de Nossa Senhora, como o santíssimo Nome de Jesus, deve ser considerado simbólico da virtude excelsa, da missão, enfim, de tudo aquilo que a Santíssima Virgem é verdadeiramente. O nome de Maria é a afirmação da glória e dos predicados interiores d’Ela.

Comemorando esse nome, festejamos a glória que Nossa Senhora teve, tem e terá no universo, e a glória que Ela possui no Céu. Quanto a esta glória não é preciso dizer nada; já está tudo dito: Ela é a Rainha de todos os Anjos e Santos, colocada incomensuravelmente acima de todas as criaturas, de maneira que, na ordem criada, Ela é o cone para o qual tudo converge, sendo nossa medianeira junto a Deus Nosso Senhor.

A glória que Ela com isso tem é simplesmente inexprimível; é uma decorrência de sua condição de Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Entretanto, na Terra também Nossa Senhora deve ser glorificada. O normal seria que a Virgem Maria fosse venerada na Terra e seu nome santíssimo glorificado de modo inexprimível.

Indignação por ver a Rainha não ser reconhecida no papel que Lhe compete

Imaginemos um mundo imbuído do espírito de São Luís Grignion de Montfort, uma Cristandade na qual os discípulos desse Santo fossem o sal da terra e dessem realmente o tom da piedade mariana; então compreenderemos como a glória de Nossa Senhora no mundo seria incomparavelmente maior do que é hoje.

Vemos Maria Santíssima tão glorificada pela Santa Igreja, e essa glória nos parece imensa, mas não é nada em comparação com a que Ela deveria ter no mundo, uma glorificação dentro do espírito de São Luís Grignion de Montfort.

Essa glória de Nossa Senhora nós a devemos amar ardentemente, porque é insuportável que Ela não receba toda a glória a que tem direito. É simplesmente a coisa mais odiosa, mais execrável que o vício, o crime, a Revolução, a maldade dos homens, o demônio, enfim, consigam diminuir a glória que a Santíssima Virgem deva receber dos homens.

Em relação à glória de Nossa Senhora nós deveríamos ser zelosos como filhos na casa de sua mãe. Imaginem se um de nós poderia sentir-se bem, quando vê recusarem a ela as atenções que lhe são devidas. Como podemos estar contentes na Terra, sujeita ao reinado de Maria Santíssima, vendo serem recusadas as honras e as atenções a que Ela tem direito?

Isto deve ser para nós uma ocasião contínua de pesar. Muito mais do que pesar, de indignação enorme por ver a Rainha não ser reconhecida por todos no papel que Lhe compete.

Peçamos a Nossa Senhora, tão injuriada pelos homens em nossos dias, que aceite o nosso desagravo por tantas ofensas que Ela está continuamente recebendo! E que Ela disponha nossas almas para uma reparação completa.

Necessidade de uma reparação digna

Nós devemos juntar a isso uma outra consideração. Precisaríamos pensar como a nossa reparação deveria ser, e fazer um exame de consciência perguntando-nos se a nossa reparação estará à altura. E, portanto, se não precisaríamos também oferecer uma reparação pela deficiência de nossa reparação. Porque não podemos, sem maior cerimônia, rogar a Nossa Senhora perdão pelo que fizeram os outros, sem pedir perdão pelo que fazemos nós também. Seria como se nos aproximássemos do trono d’Ela sem culpa, como se fôssemos ilibados e os outros carregados de culpa. Não posso me aproximar do trono d’Ela sem lembrar do que eu faço. E, portanto, pedir a Ela que também aceite uma reparação pela chocha reparação de seus pobres reparadores.

Como seria uma noção plena de tudo quanto Ela é? Não é apenas uma noção teórica, mas prática, viva, concreta, que se deve ter. E, depois, nos perguntarmos se durante todas as horas do dia, em todas as ocasiões – quando estamos trabalhando, vendo uma revista, lendo um livro, ou fazendo qualquer outra coisa –, o zelo pela glória de Deus e de Nossa Senhora verdadeiramente nos devora. Ou se há ocasiões em que somos fracos, chochos, e nossos interesses pessoais, nossas questões de amor-próprio, nossos problemas de mil suscetibilidades e de coisas desse gênero, interferem e empanam o zelo que nós devemos ter pela glória de Maria Santíssima.

Porque se esses problemas interferem e empanam, e se pensamos demais em nós e pouco n’Ela, nossa reparação não será tão plena como deveria ser.

Então, aqui aparece mais uma vez a oportunidade de recorrermos aos nossos Anjos da Guarda e aos nossos Santos protetores, pedindo que eles se unam a nós para dar à nossa reparação um valor que, de si, ela não tem, para que nossa reparação seja adequada, reta e que, de fato, satisfaça a todos nós.

Sugiro, portanto, que rezemos para sermos perfeitos reparadores. Levando essas disposições ao altar de Nossa Senhora, tenho a maior esperança de que isto tenha como consequência que Ela nos dispense abundantes graças, e que o sorriso d’Ela receberá, se não a nossa reparação, pelo menos a nossa humildade, a qual nós podemos e devemos levar aos pés d’Ela.

 

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 12/9/1964)