Oração pedindo a virtude da insistência

 

Quando sentimos que não rezamos
bem, ao menos devemos rezar muito.
Esta verdade encontra-se expressa na
parábola evangélica do homem que, estando
já dormindo em sua casa, é importunado por
outro que bate à sua porta pedindo pão. Desta
metáfora o Divino Mestre aufere a seguinte
conclusão: “No caso de ele não se levantar
para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente
por causa da sua importunação se levantará
e lhe dará quantos pães necessitar”
(Lc 11, 8).
Por certo, a oração qualitativa é a melhor,
mas a quantitativa nos abre a porta do Céu.
Assim sendo, peçamos:
Ó Mãe do Bom Conselho, recordai-me o
ensinamento do vosso Divino Filho: não era
pessoa grata ao chefe de família aquele homem
que lhe pedia pão, mas por sua extrema
importunidade obteve o que suas qualidades,
de si, não lhe obteriam.
Aqui estou diante de Vós, oh, minha Mãe!
Se olho para mim, quantas razões encontro
para não me sentir pessoa grata! Porém, se
considero vossa misericórdia, tenho a certeza
de que, à força de acumular quantitativamente
orações carregadas com meus defeitos,
acabareis por abrir as portas que, segundo a
estrita justiça, eu não teria o direito de transpor.
Dai-me, pois, a virtude da insistência recomendada
por vosso Divino Filho, pois a ela
foi prometido o prêmio de ser atendida pela
quantidade a prece que não tem qualidade.
Amém.

Minha Mãe, por vossa bondade, salvai-me!

Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria! Vós fostes concebida sem pecado original e nunca tivestes a menor falta, jamais deixastes de progredir inteiramente
em tudo quanto estava nos desígnios divinos.
Sois a Virgem por respeito a cuja virgindade o Onipotente operou este milagre estupendo: quis que fôsseis ao mesmo tempo Mãe d’Ele e Virgem antes, durante e depois do parto;
de tal maneira vossa virgindade é insondavelmente valiosa.
Mãe de Deus Filho, sois também a Filha amadíssima do Pai Eterno, e o próprio Espírito Santo é vosso Esposo que em Vós gerou o Menino Jesus. Tendes, assim, tudo para serdes atendida.
Ademais, sois cheia de misericórdia para com os pecadores. Ora, um pecador sou eu…
Venho, pois, de joelhos Vos pedir: Perdoai-me, não olheis para os meus pecados, mas sim
para a vossa bondade. Considerai o Sangue que vosso Divino Filho derramou, pensai nas lágrimas que Vós mesma vertestes para que eu fosse salvo.
Minha Mãe, não por meus méritos, mas por vossa bondade, salvai-me!
(Composta em 29/11/1992)

Prece contra o individualismo

Ó minha Senhora e minha Mãe, por esta súplica desejo obter de vossa maternal e insondável misericórdia as graças necessárias para corrigir um defeito que tanto lamento ter.

Considerando como o individualismo é uma atitude de alma oposta aos adoráveis ensinamentos e exemplos de vosso Divino Filho, e quanto ele se opõe a vossas sublimíssimas virtudes; ponderando que esse defeito já esteve gravemente presente na primeira Revolução eclodida nos altos páramos celestes, ao brado diabólico de “Non serviam”; tendo em vista que ele é profundamente oposto à doutrina e ao espírito da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, única Igreja verdadeira, e, pelo contrário, característico da doutrina e do espírito de tantas heresias e movimentos revolucionários; suplico-Vos, Senhora e Mãe, do mais fundo da alma – pelos méritos do Sangue infinitamente precioso vertido por vosso Divino Filho em sua Paixão e Morte para resgatar o gênero humano, e pelos merecimentos insondáveis das lágrimas corredentoras que vertestes ao pé da Cruz, no alto do Gólgota –, que me alcanceis a força necessária para odiar com toda a alma o individualismo, o qual constitui o requinte desregrado do amor de si mesmo, levando o homem a sobrestimar loucamente suas próprias qualidades e a fechar orgulhosamente os olhos às suas carências.

Nessas condições, a pessoa se deixa dominar pela ilusão de bastar-se a si própria e não precisar de Deus, nem de Vós, para combater vitoriosamente o extravio de sua inteligência, vontade e sensibilidade, e para levar a cabo a luta contra os adversários da Igreja e da Civilização Cristã. Por esse defeito, o homem aborrece o convívio de seus semelhantes e até de seus irmãos de vocação, sempre que este não se destine a lhe cantar continuamente as falsas glórias, e sente-se diminuído, humilhado e até combatido quando alguém lhe aponta faltas e dá santos conselhos para a conversão e a emenda.

Tende pena, Mãe de Misericórdia, desse vosso pobre filho em cuja alma se instalou tão grande e repugnante miséria, e cravai profundamente em sua alma o ensinamento do Divino Redentor: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração, e encontrareis paz em vossas almas!” Dai-me essa paz, humildade e mansidão que caracterizam os verdadeiros combatentes nos séculos de Fé: os cruzados e a sublime guerreira que foi a virginal mártir Santa Joana d’Arc.

Assim seja.

Plinio Corrêa de Oliveira (Composta em 25/9/1991)
Revista Dr Plinio 268 (Julho de 2020)

Oração: Propósito de fidelidade à luz da graça

Ó minha Mãe, Medianeira de todas as graças, na vossa luz veremos a luz!
Mãe, antes ficar cego do que deixar de ver vossa luz, porque vê-la é viver. Na sua claridade contemplaremos todas as luzes; e sem ela, nenhuma luz refulge. Não considerarei vida os momentos em que ela não brilhar; e eu, da vida, não quererei ter mais nada do que a mente banhada por essa luz.
Ó luz, eu vos seguirei custe o que custar: pelos vales, montes, desertos e ilhas; pelas torturas, pelos abandonos e olvidos; pelas perseguições e tentações, pelos infortúnios, pelas alegrias e triunfos. Eu vos seguirei de tal maneira que, mesmo no fastígio da glória, não me incomodarei com ela, porque só me preocuparei convosco. Eu vos vi, e até o Céu não desejarei outra coisa, porque, uma vez, vos contemplei!
Plinio Corrêa de Oliveira (Composto na década de 1970)