Refúgio por excelência

Está na perfeição de Maria Santíssima ser um imenso, perene e contínuo refúgio para todos os seus filhos, de modo especial em relação aos pecadores, sejam eles quais forem, culpados de faltas leves ou graves. Tudo que diz respeito a Nossa Senhora é admirável, extraordinário, excedendo a nossa capacidade de cogitação. Assim também a sua disposição em amparar os que andaram mal, em perdoar pecados de tamanho inimaginável e ingratidões insondáveis, desde que a alma se volte para Ela e Lhe peça o maternal auxílio.

A Mãe de Deus pode cobrir tudo, proteger tudo, alcançar toda espécie de perdão para toda espécie de crime. Ela é, na verdade, o nosso refúgio por excelência.

Sabor das coisas celestiais

Senso católico, o espírito bom e reto são dons de Deus, e não algo que o homem seja capaz de adquirir com o mero exercício de sua inteligência. Esta alcançará aqueles movida e vivificada por uma ação sobrenatural procedente do Divino Espírito Santo. Por isso devemos rogar esses dons com empenho, humildade e insistência, persuadidos de que só assim nos serão outorgados.

Donde as tocantes e belas preces recitadas pela piedade católica, enriquecidas de modo extraordinário pelas suaves harmonias do canto gregoriano: o “Veni Creator Spiritus e o Veni Sancte Spiritus”.

Orações e cânticos nos quais rogamos com particular empenho a assistência da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, para que venha e encha os corações de seus fiéis, e neles acenda o fogo do seu amor. Ressalta-se a ideia de que nossa alma é templo do Espírito Santo, e desejamos que Ele desça do Céu — como já o fizera em Pentecostes — com intensidade ainda maior, uma plenitude cada vez mais plena, e habite em nosso interior. Então nos abriremos para os grandes pensamentos, as pujantes volições, as ilimitadas generosidades, as profundas percepções, ao crescimento na fé, esperança e caridade, e nos entregaremos ao necessário e superior esforço da nossa santificação.

Além disso, ao pedirmos que acenda em nosso peito o fogo do seu amor, suplicamos ao Divino Espírito Santo a graça de termos nossa alma repassada do desejo dos tesouros sobrenaturais, da apetência para a virtude, da contemplação das verdades eternas. E possamos assim, sob o influxo de sua luz infinita, saborear sempre o que é reto e gozar das suas consolações inexcedíveis.

Anseio tanto mais essencial e benéfico quanto, no mundo contemporâneo, corre-se o risco de se esquecer do sentido e do sabor das coisas retas. A civilização hodierna, com seus atrativos e seduções, não raro ofusca a admiração pelos monumentos e obras que ilustraram os séculos áureos da Cristandade, abrindo caminho, perigosamente, para o aumento da imoralidade, da agitação, desordem e subversão de todos os valores.

Longe vai o tempo em que se encontrava maior entretenimento na estabilidade de alma e na consideração das coisas retas. Estas são tidas muitas vezes como insípidas, sem se compreender as delícias que nos podem proporcionar. Que dizer, então, daquelas coisas imensamente retas, as que nos remetem para o Céu e nos dirigem para Deus?

Ora, esse gosto do que é reto, honesto, direito, nos é dado pelo Espírito Santo, e devemos implorar seja restaurado em nós.

Queira a Santíssima Virgem, sua Esposa Imaculada, na qual Ele encontra a plenitude de suas complacências, obter-nos esse favor inestimável de aprendermos a degustar sempre as coisas retas, elevadas, sublimes, o sabor daquilo que, na Terra, nos fala do Céu… 

 

Com filial intimidade…

A par de uma convicção profunda de tudo quanto a doutrina católica nos ensina a respeito da Santíssima Virgem, em nossa devoção a Ela devemos manifestar também uma espécie de “aisance”, de desembaraço, de intimidade de filhos os quais, embora se saibam muitas vezes indignos de serem atendidos pela Mãe, apresentam-se diante de Maria com inteira confiança, seguros de obterem seu amparo, seu socorro, seu sorriso…

Essa filial desenvoltura, estejamos certos, é o ponto de partida inefavelmente suave de uma sincera e viva devoção a Nossa Senhora. 

Plinio Corrêa de Oliveira

Luz de nossas almas

Quisera eu que um raio de graça descesse sobre cada um de nós, e nos fizesse compreender que, em relação a Nossa Senhora, devemos ser como era o Menino Jesus: filhos intimíssimos d’Ela, cientes de que sua misericórdia nunca se cansa, seu perdão jamais nos é recusado, e seu maternal sorriso sempre nos é concedido, adiantando-se a nós e para Ela nos atraindo.

Que o olhar da Virgem Santíssima seja a luz interna de nossas almas e a estrela que nos guie pelo mar tempestuoso desta vida.

(Palavras de Dr. Plinio em 6/5/1968)

A consagração ao Imaculado Coração de Maria

“Jesus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono” — afirmou a Santíssima Virgem em Fátima, há 90 anos. Como Dr. Plinio nos mostra a seguir, esse maternal e consolador apelo de Nossa Senhora conserva, mais do que nunca, toda a sua atualidade.

 

Fiéis à admirável vocação de seu Bem-aventurado Fundador, os Padres do Coração de Maria estão desenvolvendo um intenso trabalho no sentido de promover o maior número de consagrações ao Coração Imaculado da Mãe de Deus, consoante, aliás, o precedente do Santo Padre Pio XII, que lhe consagrou todo o mundo.

Refletido e profundo ato de piedade

Uma das características da devoção que devemos tributar a Nossa Senhora, consiste sem dúvida em ser terna. Entretanto, a devoção não se faz só de ternura, de efusões sentimentais e afetivas. Para ser sólida, é preciso que se funde em conhecimentos precisos, exatos, lógicos. Só da Verdade bem conhecida pode sair o amor durável e sincero. A piedade deve ser firmada no estudo da doutrina católica. É aí que ela há de encontrar seu melhor fundamento, sua verdadeira raiz.

Quando a Igreja promove a consagração de Nações, Dioceses, famílias ou pessoas ao Coração Sacratíssimo de Jesus, ou ao Imaculado Coração de Maria, tem em vista que as criaturas assim consagradas formulem a resolução de pertencer de modo particular ao Coração de Jesus ou ao Coração de Maria, obedecendo-Lhes mais fielmente as leis, tomando-Os mais perfeitamente por modelos, e, reciprocamente, recebendo de modo todo especial sua particular e vigilante atenção.

Assim, a Consagração não é um mero rito, uma fórmula vaga, a ser recitada em momento de emoção piedosa. Ela é antes de tudo um ato refletido, deliberado, voluntário e profundo, que implica no propósito de uma mais perfeita integração na doutrina e na vida da Santa Igreja Católica, o que é o único modo real de pertencer a Jesus e a Maria.

Compreende-se facilmente que este ato tanto pode ser feito por pessoas da mais alta virtude, quanto por almas que ainda estão nos primeiros passos da vida espiritual. A uns e a outros, será utilíssimo, porque atrairá para quem o faz uma proteção toda especial da Providência, e, com isto, garantias particularíssimas de salvação.

Meio mais rápido e fácil de se unir ao Sagrado Coração de Jesus

Nosso povo compreende facilmente que alguém se consagre ao Sacratíssimo Coração de Jesus. Essa magnífica prática já tem sido posta em ação freqüentemente, e, graças a Deus, são numerosas as famílias que, hoje, se encontram consagradas ao Coração de Jesus, com o que manifestam o propósito de conformar toda a sua existência com o Sagrado Coração de Jesus, vivendo vida verdadeiramente piedosa e cristã, santificando os deveres de estado, vivendo-os com espírito intensamente sobrenatural e mortificado, e recomendando-se especialmente, para o êxito de tais propósitos bem como para a obtenção de todas as graças, ao Coração Divino que é a fonte, por excelência, de todo bem.

Entretanto, é menos freqüente que se compreenda entre nós a consagração ao Coração Imaculado de Maria. Não faltará, talvez, quem veja em um e outro ato alguma antinomia. Como pertencer ao mesmo tempo a dois senhores, obedecer a dois corações? Uma consagração não contradirá ou anulará a outra?

Nada de mais inconsistente. A consagração ao Imaculado Coração de Maria é um complemento da que se faz ao Coração Sacratíssimo de Jesus; não um complemento supérfluo, por certo, mas um complemento precioso e admirável, que dá à Consagração ao Coração de Jesus uma realidade e uma plenitude admiráveis.

O Coração de Maria é por excelência o reino do Coração de Jesus. A união de ambos os Corações é tão perfeita que há escritores que por assim dizer os fundem em um só, referindo-se ao Coração de Jesus e de Maria. Toda a piedade marial assenta sobre esta verdade fundamental de que Maria Santíssima é o canal pelo qual se chega a Jesus, é a porta, a vida, o caminho por excelência, onde com maior segurança, mais rapidez, mais facilidade, encontramos Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, a consagração ao Imaculado Coração de Maria é o meio mais seguro, mais fácil, mais rápido de conseguirmos a consagração ao Coração Sagrado de Jesus.

Com efeito, pronunciar um ato de consagração é fácil. Consagrar-se sinceramente, seriamente, a fundo, é muito mais difícil. Para conseguirmos as condições necessárias para uma perfeita consagração a Nosso Senhor nada mais perfeito, mais seguro, mais útil do que consagrarmo-nos a Maria Santíssima.

O Cristocentrismo consiste em ter a Nosso Senhor Jesus Cristo como centro de tudo. Ora, só será verdadeiro o Cristocentrismo que nos conduz ao centro pelo verdadeiro caminho. E esse caminho é Nossa Senhora.

Mais atual do que nunca

A consagração ao Coração Imaculado de Maria é mais atual do que nunca. Mais do que nunca, o mundo atribulado por mil vicissitudes de toda ordem, precisa de um coração materno que dele se condoa. Mais do que nunca, pois, torna-se necessário que apelemos para o coração de nossa Mãe, que imploremos, fazendo tanger suas fibras mais sensíveis, suas cordas mais íntimas, toda a sua misericórdia, todo o seu amor, toda a sua assistência.

Se o Santo Padre Pio XII consagrou o mundo inteiro ao Coração de Maria, imitemos seu gesto, completemo-lo por assim dizer, consagrando-nos sem reservas ao mesmo Coração Imaculado. Estaremos dentro dos desejos do Papa, dentro das vias da Providência Divina. 

 

(Transcrito da revista Ave Maria, n. 31, julho de 1943)

A Igreja e a Contra-Revolução

Visando a completa subversão da ordem temporal e espiritual, a Revolução tem por seu grande alvo a Igreja, fundamento último de tais ordens. Por isso mesmo, a Esposa Mística de Cristo deve ser considerada a alma da Contra-Revolução, a força primeira que conduzirá esta à vitória e à edificação de uma nova Cristandade. Esclarecimentos de Dr. Plinio.

 

Como o embate Revolução e Contra-Revolução se enquadra na história da Igreja?

“A Revolução e a Contra‑Revolução são episódios importantíssimos da História da Igreja, pois constituem o próprio drama da apostasia e da conversão do Ocidente cristão. Mas, enfim, são meros episódios.”

Missão mais ampla e muito acima do confronto R-CR

“A missão da Igreja não se estende só ao Ocidente, nem se circunscreve cronologicamente na duração do processo revolucionário. “Alios ego vidi ventos; alias prospexi animo procellas”(1), poderia Ela dizer ufana e tranqüila em meio às tormentas por que passa hoje. A Igreja já lutou em outras terras, com adversários oriundos de outras gentes, e por certo enfrentará ainda, até o fim dos tempos, problemas e inimigos bem diversos dos de hoje.” (pp. 144-145)

Qual é o objetivo da Igreja?

“Seu objetivo consiste em exercer seu poder espiritual direto e seu poder temporal indireto, para a salvação das almas. A Revolução foi um obstáculo que se levantou contra o exercício dessa missão. A luta contra tal obstáculo concreto, entre tantos outros, não é para a Igreja senão um meio circunscrito às dimensões do obstáculo — meio importantíssimo, é claro, mas simples meio.

“Assim, ainda que a Revolução não existisse, a Igreja faria tudo quanto faz para a salvação das almas.” (p. 145).

Cite um exemplo histórico para esclarecer esse tema.

“Poderemos elucidar o assunto se compararmos a posição da Igreja, em face à Revolução e à Contra‑Revolução, com a de uma nação em guerra.

“Quando Aníbal(2) estava às portas de Roma, foi necessário levantar e dirigir contra ele todas as forças da República. Era uma reação vital contra o potentíssimo e quase vitorioso adversário. Roma era apenas a reação a Aníbal? Como pretendê‑lo?

“Igualmente absurdo seria imaginar que a Igreja é só a Contra‑Revolução.” (pp. 145-146)

Grande interesse no esmagamento da Revolução

Considerando a situação da Igreja, a Contra-Revolução deve salvá-la?

“Cumpre esclarecer que a Contra‑Revolução não é destinada a salvar a Esposa de Cristo. Apoiada na promessa de seu Fundador, não precisa Esta dos homens para sobreviver.

“Pelo contrário, a Igreja é que dá vida à Contra‑Revolução, que, sem Ela, nem seria exequível, nem sequer concebível.

“A Contra‑Revolução quer concorrer para que se salvem tantas almas ameaçadas pela Revolução, e para que se afastem os cataclismos que ameaçam a sociedade temporal. E para isto deve apoiar‑se na Igreja, e humildemente servi‑La, em lugar de imaginar orgulhosamente que A salva.” (p. 146).

A derrota da Revolução será útil para a Igreja?

“Se a Revolução existe, se ela é o que é, está na missão da Igreja, é do interesse da salvação das almas, é capital para a maior glória de Deus que a Revolução seja esmagada.” (p. 146).

Exaltação da Igreja: objetivo primeiro da Contra-Revolução

Portanto, a Igreja é uma força fundamentalmente contra-revolucionária?

“Tomado o vocábulo Revolução no sentido que lhe damos, a epígrafe é conclusão óbvia do que dissemos acima. Afirmar o contrário seria dizer que a Igreja não cumpre sua missão.” (p. 147).

A Igreja é a maior das forças contra-revolucionárias?

“A primazia da Igreja entre as forças contra‑revolucionárias é óbvia, se considerarmos o número dos católicos, sua unidade, sua influência no mundo. Mas esta legítima consideração de recursos naturais tem uma importância muito secundária. A verdadeira força da Igreja está em ser o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (p. 147).

Qual o ideal da Contra-Revolução?

É exaltar a Santa Igreja. “Se a Revolução é o contrário da Igreja, é impossível odiar a Revolução (considerada globalmente, e não em algum aspecto isolado) e combatê‑la, sem, “ipso facto” ter por ideal a exaltação da Igreja.” (p. 148) (3). v

 

1 ) “Vi outros ventos; divisei com coragem outras tempestades” (Cícero, Familiares, 12, 25, 5).

2 ) General cartaginês (247-183 a.C.).

3 ) Editora Retornarei, São Paulo, 2002.

Consonância e saudade…

Determinadas coisas há nesta vida as quais, quando vistas pelo homem, estabelecem com ele uma tão intensa consonância que permanecem para sempre vincadas no espírito e na lembrança de quem as contemplou.

Para lançar mão de um exemplo pessoal, recordo-me das ocasiões em que admirei certos castelos de Portugal, algo semelhantes aos de Espanha, e senti vivíssima consonância com aquelas belas expressões da alma lusitana. Falando-nos ao mesmo tempo de força e dignidade, sobranceria e arrojo, coragem e proteção, audácia e solidez. Tudo isso me causou impressão extraordinária, como se eu estivesse à procura de uma coisa bastante amada e desejada por mim, e que, encontrada, completou-me pela admiração que lhe votei.

Resultado: vez por outra, vem-me à memória a silhueta daquelas moles imponentes e bem assentadas nos seus alicerces de rocha e montanha.

Desse sentimento de consonância nasce a palavra portuguesa — e, portanto, brasileira —, intraduzível em outros idiomas: saudade…

Quando se tem saudade, é de algo com o qual estabelecemos muita consonância. Este não se encontra perto, e a sensação de afastamento é, naturalmente, penosa. Mas, sob certo ponto de vista, é também embebida de alegria. O castelo português está lá. Sei que poderei revê-lo a qualquer momento, se o permitirem minhas condições materiais. Enquanto não se verifica essa feliz circunstância, recordo-o em espírito, contemplo-o novamente na imaginação. Estamos distanciados, porém prelibamos continuamente o reencontro.

Esses sentimentos que se alternam constituem a harmonia e a graça da presença daqueles monumentos na minha vida afetiva e intelectual.

Corolário dessa verdade é o princípio superior de que, quando amamos a Santa Igreja e as obras de Deus, devemos sentir profunda consonância entre elas e nós. O que exprime a palavra “consonância”? É o som e o eco. O sino dobra e seu toque tem consonância com o eco por ele emitido; formam um todo.

Assim também, aquilo com o que sentimos consonância tece uma espécie de entrelaçamento especial com nossa alma, nos liga fortemente a quem ou ao que devemos amar. Antes e acima de tudo, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, a verdadeira Igreja do Deus verdadeiro. 

 

Plinio Corrêa de Oliveira

Revista Dr Plinio 97 (Abril de 2006)

Como obter indulgências durante o Tríduo Pascal?

Durante o tríduo pascal, constituído pela Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Sábado de Aleluia, os fiéis vivem o mistério central da Fé Cristã da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo; um tempo que também traz inumeráveis graças para os fiéis através das indulgências e seguindo simples condições.

Assim se pode obter a Indulgência Plenária durante o Tríduo Pascal:

Quinta-feira Santa

Neste dia se revive a Instituição da Eucaristia, tem lugar uma Missa comemorativa da Última Ceia de Nosso Senhor Jesus Cristo, com o lava-pés, se celebra a Ordem Sacerdotal e o “Mandamento do Amor”, que é a própria Eucaristia.

É possível ganhar a indulgência plenária se, após a Missa da Ceia do Senhor, se rezar piedosamente o hino eucarístico ‘Tantum ergo”, escrito por São Tomás de Aquino:

“Tantum ergo Sacramentum

Veneremur cernui:

Et antiquum documentum

Novo cedat ritui:

Præstet fides supplementum

Sensuum defectui.

Genitori, Genitoque

Laus et jubilatio,

Salus, honor, virtus quoque

Sit et benedictio:

Procedenti ab utroque

Compar sit laudatio.

Amen.”

***

Tão sublime Sacramento,

adoremos neste altar,

Pois o Antigo Testamento

deu ao Novo seu lugar.

Venha à fé por suplemento

os sentidos completar.

Ao eterno Pai cantemos

e a Jesus, o Salvador.

Ao Espírito exaltemos,

na Trindade eterno amor.

Ao Deus uno e trino demos

a alegria do louvor. Amém.

Também é possível obter a indulgência plenária se neste dia se visita por espaço de meia hora o Santíssimo Sacramento que tenha sido reservado no monumento Eucarístico.

Sexta-feira Santa

Na Sexta-feira Santa se comemora a Paixão e Morte de Jesus. Tem lugar a celebração da Paixão do Senhor com a adoração da Cruz, ato litúrgico que não se realiza com Eucaristia.

Neste dia se concede indulgência plenária aos fiéis cristãos que assistam piedosamente a adoração da Cruz na solene ação litúrgica.

Também se pode ganhar a indulgência se se realizar o exercício piedoso da Via Sacra diante das estações legitimamente estabelecidas e meditando a Paixão e Morte de Jesus Cristo.

Sábado Santo

Durante o Sábado Santo não há celebrações litúrgicas até a Vigília Pascal. É um dia de grande silêncio, para intensificar a oração em memória da morte de Cristo e acompanhar Nossa Senhora em sua dor. Se concede indulgência plenária quando duas ou mais pessoas rezam juntos o Santo Rosário.

Vigília Pascal

Esta é a celebração mais importante do ano litúrgico e dos fiéis cristãos, já que se faz memória da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Vigília ocorre na noite do sábado, e, em alguns lugares, se estende até o amanhecer do Domingo da Ressurreição.

Os fiéis podem obter a indulgência plenária se participarem na celebração da Vigília Pascal e renovarem nela as promessas batismais.

Condições da indulgência

Para que os fiéis ganhem a indulgência plenária é necessário ter em conta várias condições: exclusão de todo afeto para qualquer pecado, inclusive o venial; confissão sacramental, comunhão Eucarística e orar pelas intenções do Santo Padre.

As condições podem ser cumpridas alguns dias antes ou depois da ação para ganhar a indulgência, mas se recomenda que a comunhão e a oração pelo Sumo Pontífice ocorram no mesmo dia.

Toda indulgência plenária pode ser obtida somente uma vez por dia e pode ser aplicada aos fiéis defuntos.

 

João Sérgio Guimarães

O bom conselho para o mundo

No momento em que a humanidade chega a uma encruzilhada, na qual se coloca para ela uma opção ineludível, é hora de pedir à Mãe do Céu seus sapienciais conselhos.

 

A opção para o mundo moderno é entre um porvir tenebroso, feito das últimas capitulações ante os extremos do erro e do mal, e o abraçar entusiástico da plenitude da verdade e do bem.

Como mover a humanidade – de tal maneira atolada no processo histórico que a vem impelindo há tantos séculos – a empreender a trajetória do filho pródigo rumo à casa paterna? Sem um possante auxílio da graça, a falar no interior de incontáveis almas, isto não se pode conseguir.

Esse bom conselho a ser proferido no íntimo de cada coração para a salvação da humanidade, que melhor modo há de obtê-lo senão implorando-se à Mãe do Bom Conselho que, por uma graça nova, converta o bárbaro supercivilizado do século XX?

Só assim poderá este, à maneira do bárbaro sub civilizado do século V, “queimar o que adorou e adorar o que queimou”. E só assim poderá ter origem uma nova e ainda mais esplendorosa era de fé.

Esse é o bom conselho por excelência que os devotos de Maria devem pedir para si e para todos os homens nos dias que correm.

 

Plinio Corrêa de Oliveira (Excertos de artigo publicado na “Última Hora”, de 14/5/1984. Título nosso.)

Como celebrar o mês de maio

Para ajudar nos a louvar devidamente a Mãe do Céu, no mês especialmente consagrado a Ela, Dr. Plinio nos sugere uma oração, diversas reflexões e uma conveniente atitude de alma.

 

Segundo a bela tradição católica, o mês de maio é dedicado a Nossa Senhora, e nada de mais próprio do que seus filhos e devotos festejarem-Na. É a ocasião de Lhe tributarem, de modo especial, toda a veneração, amor e carinho que lhes inunda o coração. É também a época de se solidarizarem de maneira mais profunda com Ela em suas apreensões de Mãe pela salvação das almas e pelo bem da Santa Igreja.

Provas de nosso amor

Para Lhe render essa homenagem, devemos começar por dizer a Nossa Senhora que reconhecemos ser Ela uma razão constante de alegria para os católicos, em todas as circunstâncias. Maria Santíssima é de tal maneira a “Causa nostrae laetitiae –  causa de nossa alegria”, como A invoca a Ladainha Lauretana -, que o foi até mesmo na mais triste das situações, ou seja, quando seu Divino Filho padeceu e morreu pela redenção do gênero humano. Durante a Paixão, a presença d’Ela era um elemento de alegria e de satisfação para nós.

Devemos compreender, além disso, que o nosso preito filial não pode consistir meramente em comemorar as alegrias que Nossa Senhora nos dá, mas tem de comportar igualmente a consideração do que Ela sente ao ver as almas em perigo, ao ver a imensidão dos pecados que se alastram sobre a face da terra, ao ver filhos que Ela tanto ama, extraviados nos caminhos da perdição. Daí a nossa repulsa vigorosa ao mal que A entristece, e o nosso desejo de repará-La, e a seu adorável Filho, ser o termômetro de nossa entranhada veneração a Ela.

Pedir as graças que os outros recusam

Se, porventura, tomamos consciência de que esse nosso amor mariano é débil e fraco, devemos fazer um pedido a Nossa Senhora.

Por sua onipotente intercessão, a Santíssima Virgem faz chover de modo contínuo sobre o mundo graças de devoção e de fidelidade a Ela, assim como graças de repúdio ao mal e às tentações do demônio. E, infelizmente, essas graças não são recolhidas nem correspondidas da maneira tão ampla como deveriam ser. Muitas delas caem em chão arenoso ou em pedras onde não desabrocham. Devemos, então, ser sensíveis a essa prodigalidade de dons celestiais, não permitir que se desperdicem, e dirigir a Nossa Senhora esta súplica:

“Ó minha Mãe, por vossa insondável misericórdia, concedei-me todas as graças que os outros não aproveitam. Enchei minha alma com as dádivas divinas que reservastes para terceiros e que foram recusadas. Desse modo, correspondendo eu, amparado por vosso maternal auxílio, poderei reparar em algo a tristeza que representa para Vós a visão dessa caudal de graças sem aproveitamento. E que assim, ao menos neste vosso mísero escravo, resplandeça o dom feito aos homens. Amém.”

É uma prece a ser feita em todos os dias do mês de maio, por aqueles que se sentirem movidos interiormente a isso. Por exemplo, ao recebermos a Sagrada Eucaristia, expressemos a Nosso Senhor, por meio de sua Mãe Santíssima, o nosso desejo de que essas graças se recolham em nossa alma, que sejamos tochas ardentes de amor a Eles, e o receptáculo de todo espírito de incompatibilidade com o pecado e o mal, que devem caracterizar o verdadeiro católico.

Maria jamais nos abandona

Para aproveitarmos de modo útil o mês de maio, além de conservar essas intenções, seria interessante dedicar cada dia a alguma reflexão sobre Nossa Senhora, que alimente nosso Rosário e nossa piedade.

Nesse sentido, evoco aqui um fato passado numa antiga cidade polonesa, na ocasião em que estava sendo invadida por cruéis inimigos da religião católica.

Não podendo mais resistir, os habitantes fugiram, abandonando tudo. Ali vivia São Jacinto, digno filho de São Domingos de Gusmão e ardentíssimo devoto de Nossa Senhora. Antes de escapar dos agressores, foi se despedir da Padroeira da cidade, uma bela imagem da Virgem Santíssima, talhada em alabastro. Enquanto se recomendava a ela, ouviu-a distintamente murmurar: “E eu? Tu me abandonas? Leva-me contigo!”

O santo não sabia o que fazer. A imagem era muito pesada, não a podia carregar sozinho. Porém, apenas a tentou tomar em seus braços, sentiu-a leve como uma pena. A imagem perdeu todo o seu peso, por um milagre da poderosíssima Mãe de Deus. Surpreso e admirado, São Jacinto a estreitou devotamente e tomou com ela o caminho da fuga.

Este episódio nos mostra como Nossa Senhora preza suas imagens, como se sente representada dignamente por elas, e como não deseja que se faça a elas o que não é respeitoso nem correto fazer a Ela mesma. Maria obrou um prodígio para que sua imagem fosse levada embora de um local onde provavelmente seria profanada pelos que ameaçavam a cidade.

Por outro lado, vemos como Nossa Senhora se compraz em nos acompanhar através de suas imagens, e quer que as imagens d’Ela nos acompanhem. E assim operou um verdadeiro milagre para que a Padroeira acompanhasse seus filhos ao longo do êxodo que se viram obrigados a empreender. Uma imagem de alabastro, pesadíssima, além de se fazer ouvir pelo santo, torna-se leve e facilmente transportável. É um modo de Nossa Senhora nos dar a entender como deseja estar presente no meio de seus filhos.

Que aplicação colhermos desse fato para a nossa vida cotidiana?

Manifestando esse desejo de que suas imagens sejam de seus filhos, Nossa Senhora quer fazer notar quanto nos acompanha em todas as vicissitudes e em todas as circunstâncias de nossa existência. Se um símbolo d’Ela não nos abandona, quanto menos nos abandonará a própria Simbolizada!

Quer dizer, em qualquer situação em que estejamos, em todas as latitudes, em todas as longitudes, nas maiores elevações como também nos períodos mais tristes de nossa vida espiritual, há um olhar de Nossa Senhora que nos segue. Há uma proteção e uma providência particular de Maria Santíssima que nunca nos perde de vista e jamais nos abandona.

E essa certeza nos deve dar exatamente uma sensação de tranqüilidade em relação às vicissitudes desta vida. E o pensamento que deve nortear nossos dias, especialmente ao longo do mês de maio, é este: Nossa Senhora é minha Mãe e não me deixará sozinho. Ela nunca desvia de mim seu olhar maternal, sobretudo naqueles momentos em que tanto preciso das graças que Ela alcança, para progredir ou para não regredir na minha piedade, ou para qualquer outra necessidade, seja espiritual, seja temporal.

Cumpre insistir, a Virgem jamais nos desampara. Pois se uma imagem de alabastro – que, afinal, não é senão alabastro – vai ao encalço dos devotos dela, mais ainda velará Maria, em pessoa, por todos e cada um de seus filhos. Nossa Senhora irá ao meu encalço como a divina Pastora que Ela é. E posso ter, portanto, essa serenidade e essa segurança no transcurso de minha vida: a todo instante pairam sobre mim a proteção e o olhar de nossa Mãe Santíssima.