A realeza de Maria Santíssima

Em Fátima, com a promessa de triunfo do Imaculado Coração de Maria, começou a se delinear nas páginas da história a era em que a realeza de Maria deverá atingir todo seu fulgor.
Esmagando o demônio, príncipe deste mundo, com seu calcanhar puríssimo, Nossa Senhora reinará, triunfará!

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 31/5/1965)

Maria, Medianeira da Graça

Maria Santíssima exerce um papel preponderante na santificação de uma alma. Com efeito, Ela é a medianeira através de Quem recebemos as graças..

Imaginemos uma cidade no Tirol, ao pé daquelas grandes montanhas, para as quais vão pessoas do mundo inteiro, a fim de praticarem alpinismo. Havia lá um moço impossibilitado de se mover. Porém, de manhã vinha à sua casa um médico que lhe dava um remédio misterioso, desconhecido por todos, sob a ação do qual ele se curava e subia as montanhas corajosamente. À noite, tendo voltado para sua residência, cessava o efeito do medicamento e o jovem voltava a ficar imóvel na cama.

Esse moço não poderia dizer: “Eu sou um grande alpinista!” Ele poderia, isto sim, dizer: “Meu médico e eu somos grandes alpinistas!” Pois, na realidade, ele atingia o pico dos montes porque colaborava com o remédio fornecido pelo médico. Do contrário, permaneceria na imobilidade. Jovens que chegavam ao alto das montanhas, havia muitos. Médico que dava ao paralítico o meio de subi-las, existia somente um. De maneira que a ação do médico foi o principal fator do ato, embora o moço também tenha exercido seu papel: suou, segurou-se nas cordas, correu o risco de se espatifar no chão, teve o mérito do alpinismo. Mas apenas começou a mover-se a partir do momento em que o médico lhe deu aquele remédio.

Suponhamos que certo dia o remédio atuou mais longamente, e o rapaz, regressando da montanha, descansou em sua casa e depois foi passear na cidade, vangloriando-se junto a seus companheiros. Em determinado momento, passou o médico que cumprimentou o jovem, o qual respondeu à saudação de modo desdenhoso. Perguntaram-lhe, então, seus amigos:

– Quem é aquele senhor?

– É um velhinho que conheço e, às vezes, de manhã me visita, respondeu o moço.

O médico não teria o direito de ficar indignado com o rapaz? Afinal, se ele não fosse no dia seguinte à casa do jovem, este permaneceria na horizontal! Então, aquela vaidade é nada. O médico é quase tudo nos feitos do moço.

Este conto não nos dá uma ideia inteiramente exata, mas sim próxima, da realidade; ajuda-nos a compreender alguns aspectos do problema da graça e, portanto, de sua ação em nós, ou seja, a virtude. Todo homem é completamente paralítico para a virtude. Porém, a partir do momento em que recebe a graça, ele se torna capaz de praticá-la.

Quando temos vontade de adquirir virtudes que julgamos não estarem ao nosso alcance, podemos dizer a Nossa Senhora: dai-nos. A devoção à Santíssima Virgem é fundamental elemento de nossa vida espiritual; aquilo que Lhe pedimos, Ela nos obtém.

É claro ser necessária a nossa cooperação, pois Deus, que nos criou sem nosso auxílio, não nos salvará sem nossa colaboração. Embora indispensável, essa cooperação é secundária. O principal fator de nossa salvação é a atuação da graça em nós, a qual recebemos por meio de Nossa Senhora, Rainha e dispensadora de todos os dons divinos.

Quando Nossa Senhora nos concede a graça, somos como o jovem cheio de disposição para subir as montanhas, mas se não a pedirmos, ficamos estendidos na cama, paralisados. Esse é o papel da Santíssima Virgem em nossa santificação.  

 

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 5/5/73)

À nossa espera…

Meu filho, aqui estou Eu, sozinha, no canto a que teu desprezo me relegou, repleta daquele amor materno que tua rejeição comprime em Mim e impede que se expanda; daquele afeto que se conserva intacto em sua abundância e intensidade, palpitando de compaixão, à espera de que retornes para te purificar, te envolver e cumular com sua misericórdia inesgotável…

A prece dos fortes

No dia 7 de outubro celebra-se a festa de Nossa Senhora do Rosário, estabelecida pelo Papa São Pio V a fim de manifestar a jubilosa gratidão da Igreja para com a Santíssima Virgem, cuja solícita  intercessão determinou a vitória da causa católica na batalha de Lepanto.

Ardoroso devoto do santo Rosário, por ele rezado diariamente, Dr. Plinio não perdia oportunidade de enaltecer as excelências dessa prática mariana, sendo-lhe — como afirmava — “motivo de sumo agrado” recomendá-la e incentivá-la entre seus filhos espirituais. Nesse intuito, fazia-lhes compreender como o Rosário “ocupa privilegiadíssimo papel na história da piedade católica. Em primeiro lugar, porque une o fiel a Nossa Senhora, e atrai para ele toda sorte de graças celestiais. Em segundo lugar, porque afugenta o demônio. Alguém que se sinta tentado, tome fervorosamente o Terço em suas mãos, e ver-se-á forte contra a investida do inimigo de nossas almas.

“Excelente meio de venerar a Mãe de Deus, é incalculável a torrente de bênçãos que a recitação do Rosário efundiu sobre a Cristandade. Por isso, Papas e autoridades eclesiásticas não se cansam de elogiá-lo. Se tal não bastasse, a Santíssima Virgem, querendo Ela mesma incentivar essa inestimável devoção, mais de uma vez apareceu trazendo em suas mãos virginais o piedoso instrumento. De modo particular, nas aparições de Fátima, em Portugal, quando recomendou aos homens, com tocante insistência, a recitação diária do Terço. Além disso, a Igreja enriqueceu o Rosário com muitos privilégios e indulgências, inclusive plenárias, de maneira a fazer dele um verdadeiro tesouros de bênçãos inapreciáveis.

“A recitação do Rosário se dilatou de tal maneira que, durante muito tempo, identificou-se com a piedade católica: uma e outro eram a mesma coisa. Fosse nos atos cotidianos da vida espiritual, fosse nas festas e celebrações de maior significado, o Rosário — ou o Terço — sempre esteve presente como expressão do fervor das almas devotas.

“São Domingos recebeu da Rainha do Céu este mesmo Rosário cuja forma hoje conhecemos: começando pelo Crucifixo, que devemos oscular pedindo à Mãe de Deus que seja nossa intermediária e apresente a seu Filho nossas orações; em seguida, três Ave-marias, um Glória, e depois as cinco dezenas em que meditamos nos principais Mistérios da vida de Jesus e de Maria Santíssima — Gozosos, [Luminosos(1)], Dolorosos e Gloriosos.

“Ainda que rezado por almas mais frágeis, o Rosário é a prece dos fortes, é a súplica dos batalhadores, porque é um conjunto de orações de tal eficácia que faz avançar o bem e recuar o mal. A par das riquezas espirituais que encerra, temos a pluralidade dos feitios e coloridos com os quais é utilizado: rosários pequenos, graciosos, delicados, para crianças de trato; modestos e rústicos, mas fortes, dedilhados por mãos vigorosas que passam sobre aquelas contas;sério, varonil;rosários de princesas, de rainhas, lavorados como verdadeiras jóias, preciosos como esses que pendem das mãos das imagens de Nossa Senhora. Todos nos fazem ver algo da suavidade e da bondade régias de Maria, protetora dos débeis, amparo dos fortes, como foi o próprio São Domingos, enfrentando e vencendo com o Rosário a heresia albigense.”

E após recomendar com incansável empenho a recitação do santo Rosário, necessária aos fiéis de todos os tempos, Dr. Plinio ainda oferecia este tocante conselho: “Nunca nos separemos do Terço. Que ele esteja sempre junto a nós, em todos os momentos: quando dormimos, quando descansamos, quando estivermos lendo ou fazendo toda e qualquer coisa. Jamais o larguemos. E quando nossas mãos não puderem mais nem se abrir nem se fechar, mas forem fechadas por outros para a nossa última atitude de oração, que o Rosário esteja entrelaçado em nossos dedos. De sorte que, chegado o momento da grandiosa Ressurreição dos mortos e nosso corpo recobrar vida, nosso primeiro gesto possa ser o de oscular o Terço que encontraremos cingidos às nossas mãos…”

 

Plinio Corrêa de Oliveria

1) Dr. Plinio faleceu em 1995, antes de o Papa João Paulo II enriquecer o Rosário com os Mistérios de Luz, na sua Carta Rosarium Virginis Mariae. Motivo pelo qual acrescentamos os mesmos entre colchetes, para o presente comentário adquirir ainda mais atualidade.

Stella Matutina

A estrela da manhã aparece no período incerto, entre a noite ainda existente e o dia que timidamente vai nascendo. Simboliza a época em que vivemos, onde imperam as trevas da Revolução, porém já se pressente o triunfo do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria, prometido por Nossa Senhora em Fátima.

Portanto, a Maria enquanto “Stella matutina”, a Estrela que nos anuncia como iminente a aurora de seu reino, devemos recorrer nas dificuldades referentes à causa contra-revolucionária, em nosso apostolado e em todas as ocasiões nas quais a piedade nos sugira essa invocação.

Ó Estrela da manhã, Vós fostes durante a noite da espera a nossa luz e a promessa do alvorecer; fazei com que desponte quanto antes o dia de vosso Reino!

(Extraído de conferências de 29/11/1991 e 1/12/1991)

Lágrimas, milagroso aviso

A “Folha de S. Paulo” de 21 de julho p.p. publicou recentemente uma fotografia procedente de Nova Orleans, na qual se via uma imagem de Nossa Senhora de Fátima a verter lágrimas. O documento despertou vivo interesse no público paulista. Penso, pois, que algumas informações sobre este assunto satisfarão os justos anelos de muitos leitores.

Não conheço melhor fonte sobre a matéria do que um artigo intitulado, muito americanamente, “As lágrimas da imagem molharam meu dedo”. Seu autor é o Pe. Elmo Romagosa. Publicou seu trabalho o “Clarion Herald” de 20 de julho p.p., semanário de Nova Orleans, e distribuído em onze paróquias do Estado de Louisiana.

Os antecedentes do fato são universalmente conhecidos. No ano de 1917, Lúcia, Jacinta e Francisco tiveram várias visões de Nossa Senhora em Fátima. A autenticidade dessas visões foi confirmada por vários prodígios no sol, atestados por toda uma multidão reunida enquanto a Virgem se manifestava às três crianças.

Em termos genéricos, Nossa Senhora incumbiu os pequenos pastores de comunicar ao mundo que estava profundamente desgostosa com a impiedade e a corrupção dos homens. Se estes não se emendassem, viria um terrível castigo, que faria desaparecer várias nações. A Rússia difundiria seus erros por toda parte. O Santo Padre teria muito que sofrer.

O castigo só seria obviado se os homens se convertessem, se fossem consagrados a Rússia e o mundo ao Imaculado Coração de Maria e se fizesse a comunhão reparadora do primeiro sábado de cada mês.

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Isto posto, a pergunta que naturalmente salta ao espírito é se os pedidos foram atendidos.

Pio XII fez em 1942, uma consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. A irmã Lúcia asseverou que ao ato faltaram algumas das características indicadas por Nossa Senhora. Não pretendo analisar aqui o complexo assunto. Registro apenas, de passagem, que é discutível se o primeiro pedido de Nossa Senhora foi atendido ou não.

Quanto ao segundo pedido, isto é, a conversão da humanidade, é tão óbvio que não foi atendido, que me dispenso de entrar em pormenores.

Como Nossa Senhora estabeleceu o atendimento de seus pedidos, como condição para que fossem desviados os flagelos apocalípticos por Ela previstos, está na lógica das coisas que baixe sobre a humanidade a cólera vingativa e purificadora de Deus, antes de vir a nós a conversão dos homens e a instauração do Reino de Maria.

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Das três crianças de Fátima, a única sobrevivente é Lúcia, hoje religiosa carmelita em Coimbra. Sob a direção imediata desta última, um artista esculpiu duas imagens, que correspondem o quanto possível aos traços fisionômicos com que a Santíssima Virgem apareceu em Fátima. Ambas essas imagens, chamadas “peregrinas”, têm percorrido o mundo, conduzidas por sacerdotes e leigos. Uma delas foi levada recentemente a Nova Orleans. E ali verteu lágrimas.

O Pe. Romagosa, autor da crônica a que me referi, tinha ouvido falar dessas lacrimações pelo Pe. Joseph Breault, M. A. P., ao qual está confiada a condução da imagem. Entretanto, sentia ele funda relutância em admitir o milagre. Por isto, pediu ao outro sacerdote que o avisasse assim que o fenômeno começasse a se produzir.

O Pe. Breault, notando alguma umidade nos olhos da Virgem peregrina no dia 17 de julho, telefonou ao Pe. Romagosa, o qual acorreu junto à imagem às 21h30, trazendo fotógrafos e jornalistas. De fato, notaram todos alguma umidade nos olhos da imagem, que foi logo fotografada. O Pe. Romagosa passou então o dedo pela superfície úmida, e recolheu assim uma gota de líquido, que também foi fotografada. Segundo o Pe. Breault, esta era a 13a. lacrimação a que ele assistia.

As 6:15h da manhã seguinte, o Pe. Breault telefonou novamente ao Pe. Romagosa informando-o de que desde as 4 horas da manhã a imagem chorava. O Pe. Romagosa chegou pouco depois ao local, onde, diz ele, “vi uma abundância de líquido nos olhos da imagem, e uma gota grande de líquido na ponta do nariz da mesma”. Foi essa gota, tão graciosamente pendente, que a fotografia divulgada pelos jornais mostrou a nosso público.

O Pe. Romagosa acrescenta que vira “um movimento do líquido enquanto surgia lentamente da pálpebra inferior”.

Mas ele queria eliminar dúvidas. Notara que a imagem tinha uma coroa fixada na cabeça por uma haste metálica. Ocorreu-lhe uma pergunta:

Não haveria sido introduzida, no orifício em que penetrava a haste, certa porção de líquido que depois escorrera até os olhos?

Cessado o pranto, o Pe. Romagosa retirou a coroa da cabeça da imagem: a haste metálica estava inteiramente seca. Introduziu ele, então, no orifício respectivo, um arame revestido de papel especial, que absorveria forçosamente todo líquido que ali estivesse. Mas o papel saiu absolutamente seco.

Ainda não satisfeito com tal experiência, introduziu no orifício certa quantidade de líquido. Sem embargo, os olhos se conservaram absolutamente secos. O Pe. Romagosa voltou então a imagem para o solo: todo o líquido colocado no orifício escorreu normalmente. Estava cabalmente provado que do orifício da cabeça  –  único existente na imagem – nenhuma filtração de líquido para os olhos, seria possível.

O Pe. Romagosa ajoelhou-se. Enfim ele acreditara.

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O misterioso pranto nos mostra a Virgem de Fátima a chorar sobre o mundo contemporâneo, como outrora Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém. Lágrimas de afeto terníssimo, lágrimas de dor profunda, na previsão do castigo que virá.

Virá para os homens do século XX, se não renunciarem à impiedade e à corrupção. Se não lutarem especialmente contra a autodemolição da Igreja, a maldita fumaça de Satanás, que no dizer do próprio Paulo VI, penetrou no recinto sagrado.

Ainda é tempo, pois, de sustar o castigo, leitor, leitora!

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Mas, dirá alguém, esta não é uma meditação própria para um ameno domingo. – Não é preferível – pergunto – ler hoje este artigo sobre a suave manifestação da profética melancolia de nossa Mãe, a suportar os dias de amargura trágica que, a não nos emendarmos, terão que vir?

Se vierem, tenho por lógico que haverá neles, pelo menos, uma misericórdia especial para os que, em sua vida pessoal, tenham tomado a sério o milagroso aviso de Maria.

É para que minhas leitoras, meus leitores, se beneficiem dessa misericórdia, que lhes ofereço o presente artigo…

Plinio Corrêa de Oliveira, (Folha de São Paulo, 6/8/72)

Nossa Senhora de Fátima, o extremo sacrossanto

Virgem Mãe, Senhora de Fátima, que anunciastes ao mundo tão extremas aflições e tão excelsas alegrias, revelando os terríveis castigos e os grandes triunfos pelos quais passará a Cristandade!

A  Vós, que denunciastes com tanta clareza os extremos de abominação moral a que chegamos e, ao mesmo tempo, fizestes ver a plenitude de vossa insondável santidade, eu Vos suplico: mudai o meu espírito!

Não permitais que eu continue sendo uma dessas incontáveis pessoas de horizontes curtos e de interesses circunscritos à pequena esfera de sua própria individualidade. Fazei, pelo contrário, que pela despretensão e abnegação eu seja uma alma aberta e ardente, capaz de medir em toda a sua extensão os extremos que em Fátima se divisam e de tomar uma posição intransigente e completa a favor do extremo sacrossanto que sois Vós, oh! minha Mãe: extremo de amor de Deus, de pureza, de humildade, de despretensão, de inquebrantável combatividade!

Fazei com que eu, assim, seja um contrarrevolucionário modelar, um perfeito apóstolo dos últimos tempos.

Amém.

Plinio Corrêa de Oliveira (Oração composta em 8/5/1971)

Com Nossa Senhora não se brinca

Há certos temas que nos são tão familiares e caros ao coração que se tornaram objeto de inúmeros comentários de nossa parte. Porém, não poderíamos deixar passar o dia 13 de outubro sem determos um instante nossa atenção no assunto Fátima. Desta vez não vou comentar tanto a Mensagem quanto a atitude do mundo perante ela.

A Santíssima Virgem documenta a autenticidade de seu anúncio de dois modos. Em primeiro lugar, Ela a confia a pastorezinhos incapazes de compreender seu significado, limitando-se a repetir o que ouviram. Por vezes, discursos longos e complexos que eles transmitiam sem se contradizerem, mesmo submetidos a inquéritos policiais brutais.

De outro lado, Nossa Senhora produziu milagres que provavam à multidão ali reunida, e mesmo a gente de muito longe, que algo de sobrenatural se passara, como, por exemplo, a famosa “dança” do Sol. Tudo atestado por pessoas que moravam muito distante de Fátima.

Entretanto, chama a atenção no modo de o mundo receber a Mensagem de Fátima, não só a incredulidade de muitos à vista de episódios tão impressionantes, mas o fato de não se encontrar quem fizesse o seguinte comentário: tomada a Mensagem em si mesma, apenas pelo seu conteúdo, abstração feita de todos os prodígios que a cercaram, já havia todas as razões para admitir sua veracidade.

Quem conhecesse um pouco de Moral não podia duvidar que o mundo estava imerso num processo de pecados gravíssimos, cujo dinamismo permitia antever aonde levariam a humanidade.

Portanto, teologicamente falando, bastaria raciocinar um pouco para se ter a certeza de que, a não haver uma grande conversão, viria um castigo.

Assim, com um pouco de conhecimento da Teologia da História, ver-se-ia tratar-se de uma mensagem condizente com o que um homem de Fé, analista dos acontecimentos da época, dotado de alguma profundidade, deveria pensar.

Ora, as crianças transmitiram, assim, uma comunicação sábia e verdadeira em si mesma, de uma sabedoria e uma riqueza de conteúdo que excedia a capacidade delas. Logo, a mensagem é intrinsecamente verdadeira.

Em última análise, alguém que observasse o mundo daquele tempo à luz da Revolução e da Contra-Revolução distinguiria na Mensagem três aspectos: uma descrição teológica dos pecados daquele tempo, o anúncio de um castigo e a indicação dos meios de escapar deste, isto é, a penitência e a consagração ao Imaculado Coração de Maria.

A Porta da misericórdia é precisamente Nossa Senhora, chamada a Porta do Céu. Quer dizer, é ultra teológico que Ela tenha dito: “Cessem de pecar e recorram a Mim que obtenho a eliminação do castigo”. Nada mais razoável.

Contudo, a humanidade recebeu a Mensagem de Fátima com orgulho, quando ela exigia um ato de humildade, ou seja, que os homens reconhecessem: “Nós pecamos, andamos mal”. Exigia a emenda, o abandono da impiedade e da imoralidade na qual iam caindo. Por isso houve uma rejeição global em relação a essa Mensagem. Os resultados, vemos por toda parte.

Façamos um exame de consciência. Temos os olhos suficientemente abertos para a Mensagem de Fátima? Compreendamos que com Nossa Senhora não se brinca, e peçamos a Ela que tenha pena de nós(*).

Plinio Corrêa de Oliveira

* Excertos da conferência de 13/10/1970.

 

Nossa Senhora

Eu venho tão do alto… E posso tudo. Em Mim reside o reflexo perfeito da bondade incriada e absoluta. Aquilo que Eu quero doar porque sou boa, aquilo que desejo conceder porque sou Mãe, aquilo que posso dar porque sou Rainha, isso, meu filho, Eu dou! Eu não te digo uma palavra, mas faço algo muito melhor que falar a teus ouvidos… Eu te comunico uma graça que murmura no  fundo de tua alma.

Sentes essa paz que transborda de Meu coração, que te envolve, te penetra e te cumula? Essa paz que nenhuma alegria terrena pode trazer, e que te  faz sentir uma tranqüilidade interior, na qual ressoa minha voz, inaudível a teus sentidos: Tudo está resolvido! E aquilo que não estiver, resolver-se-á. Confia em Mim, Eu acertarei tudo.

As aparências podem não ser essas. Mas… Aceita esse sorriso, percebe esse sussurro, contempla essa bondade… E não duvides jamais!

Plinio Corrêa de Oliveira

Razão de nossa serenidade

Mãe incomparavelmente perfeita entre todas as mães, Nossa Senhora nos conhece, ama e quer bem com discernimento, bondade, paciência e carinho de uma intensidade extraordinária. Alcança-nos tudo o que nos convém e lhe pedimos confiantemente. Está disposta a nos obter o perdão de seu Divino Filho, mesmo para nossas piores faltas; alcança-nos as graças necessárias para nossa emenda, nossa salvação e, assim, brilharmos diante d’Ela por toda a eternidade. É a misericórdia dessa Mãe de perfeição incalculável.

Por isso mesmo, é Ela a razão de nossa serenidade. Não temos motivo para estarmos perturbados nem agitados, posto termos uma Mãe celeste que se compadece de nós e nos acompanha a todo instante com sua insondável solicitude. Devemos permanecer sempre tranquilos: nossa Mãe vela por nós.

 

Plinio Corrêa de Oliveira