Modelo perfeito de bispo

São Carlos Borromeu não foi apenas um grande bispo contrarreformista, mas, em algum sentido, o Bispo da Contra-Reforma. Não só por ser um homem de grande preparo e cultura, que irradiou sua sabedoria em seu tempo, mas por ter realizado o modelo  perfeito de bispo.

Não basta redigir obras refutando isso ou aquilo. A pessoa precisa ser a personificação, o próprio símbolo, o tipo humano das obras que escreveu. O trabalho que ele realizou, sendo o Bispo da Contra-Reforma e o modelo de bispo, foi de uma eficácia para a Igreja certamente maior do que a dos próprios escritos dele.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 30/10/1963)

São Carlos Borromeu, o Bispo da Contra-Reforma

A Pseudo-Reforma Protestante foi um dos grandes lances da Revolução. Porém, em contrapartida, Deus suscitou almas que muito contribuíram para explicitar e definir as verdades negadas pelo Protestantismo. Uma delas foi São Carlos Borromeu, grande figura da Contra-Reforma.

Sobre São Carlos Borromeu há os seguintes dados. Apesar de curtos, creio serem muito elucidativos:
Feito cardeal aos 23 anos, São Carlos Borromeu foi suscitado por Deus para a verdadeira reforma da Igreja.

Presidiu sínodos e concílios, estabeleceu colégios e comunidades, renovou o espírito de seu clero e das ordens religiosas.

À sua prudência deve-se, em grande parte, a feliz conclusão do Concílio Tridentino.

Modelo de Bispo da Contra-Reforma

São Carlos Borromeu tornou-se uma grande figura da Contra-Reforma, a qual nos interessa especialmente. Se a Pseudo-Reforma foi um dos grandes lances da Revolução, a Contra-Reforma foi, evidentemente, um dos grandes lances da Contra-Revolução.

As grandes figuras da Contra-Reforma auxiliaram muito a definir, na Igreja, todas as verdades que o protestantismo negava. Representam um grande exemplo para nós, tendo sido o contrário de certos teólogos vazios, que não têm os olhos postos nos problemas do tempo, mas escarafuncham, por curiosidade, questões dentro dos jardins da Teologia. Os personagens da Contra-Reforma tinham sua atenção posta no mal como se apresentava naquele tempo, e tomaram posição contra esse mal; por essa forma fizeram progredir muito a doutrina católica.

Uma categoria de pensamento do contrarrevolucionário é exatamente não estar fazendo estudos no ar, os quais não têm relação com o aspecto que a Revolução apresenta no momento; mas realizar estudos a serviço da Igreja, para salvar as almas, refutar ideias falsas e, mais ainda, em que o suco do pensamento é acrescido pela análise acurada do erro.

É próprio do sentido cultural de nosso Movimento conhecer a verdade por duas formas.

Primeira: deduzindo as verdades ainda não sabidas daquelas que já são conhecidas. Segunda: analisar o erro e, ao refutá-lo, conhecer melhor e mais profundamente a verdade estudando a negação dela. Não aproveitando os fragmentos de verdade existentes no erro, mas, por exclusão, entendendo a verdade que se deve sustentar. Por essa razão, os doutores da Contra-Reforma nos são muito caros.

São Carlos Borromeu foi, não apenas um grande bispo contrarreformista, mas, em algum sentido, o Bispo da Contra-Reforma. Não só porque ele era um homem muito preparado, de grande cultura e que era irradiada por ele a toda a Igreja em seu tempo, mas por ter realizado o modelo perfeito do bispo. Muitos dos bispos bons, que viveram desde a Contra-Reforma até nossos dias, tinham o ideal de serem bispos como o foi São Carlos Borromeu.

Eficácia do tipo humano

Não basta redigir obras refutando isso ou aquilo. A pessoa precisa ser a personificação, o próprio símbolo, o tipo humano, das obras que escreveu. O trabalho que ele realizou, sendo o Bispo da Contra-Reforma e o modelo de bispo, foi de uma eficácia para a Igreja certamente maior do que a dos próprios escritos dele. Não quero dizer que sempre o exemplo vale mais do que o escrito –– seria exagerado. Mas, nesse caso concreto, ele valeu mais pelo exemplo do que pelos seus escritos.

Para não me alongar demasiado, conto um fato da vida desse santo:
Naquele tempo, julgava-se — como também nós julgamos — que um cardeal deve revestir-se de pompa, de grandeza, de solenidade, para fazer brilhar a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo diante dos homens. São Carlos Borromeu pertencia a uma grande família italiana; além de Príncipe da Igreja ele era, até certo ponto, senhor temporal de Milão e, durante certo tempo, foi Cardeal Secretário de Estado. Por todas essas razões devia cercar-se de grandeza, e de fato ele assim o fez.

Certa vez, ele andava numa esplêndida carruagem, com acolchoados, e toda a pompa, pelas ruas de Milão — ou numa estrada, não me lembro exatamente — quando passa perto dele um frade simples, pobre, montado a cavalo. Cumprimentos de parte a parte, e o frade lhe diz: “Eminência, como é agradável ser cardeal! Viaja-se de modo mais cômodo do que um simples frade!” O Cardeal Borromeu voltou-se muito gentilmente para o frade e convidou-o então a viajar com ele. O frade entrou na carruagem, sentou-se e começou a dar gritos devido aos cilícios existentes por debaixo do banco. O cardeal viajava sobre cilícios, sofrendo com as sacudidelas próprias de uma estrada ou rua daquele tempo, embora metido nas sedas, nos cristais e púrpuras de uma carruagem provavelmente toda dourada e ainda com plumas e lacaios.

A santa prudência

Quanto à “prudência” de São Carlos, não significa que ele tenha sido um homem cauteloso, que evitou qualquer risco. Esse é o sentido comum da palavra prudência. A prudência é a virtude cardeal que nos faz conhecer e aplicar bem os métodos necessários para os fins que temos em vista.

Por exemplo, um membro prudentíssimo de uma empresa de contabilidade é aquele que emprega as boas regras para tocar para a frente a escrituração. Nós agimos com prudência em relação à legislação trabalhista, não só pagando o necessário para evitar problemas, mas também tomando as necessárias providências para receber aquilo a que temos direito. Quer dizer, a prudência é o acerto no agir. Então, o texto da ficha elogia São Carlos Borromeu porque teve esse acerto. Para a conclusão do Concílio de Trento ele empregou, com grande sabedoria e prudência, os métodos adequados.

Na Ladainha Lauretana se invoca Nossa Senhora como “Virgo Prudentíssima”, a Virgem que com muito acerto fez as coisas para chegar ao fim que a super excelsa vocação d’Ela pedia ou indicava.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferências de 30/10/1963 e 4/11/1968)

Onde os mártires deram sua vida, a beleza brilha até nas pedras mortas

Na Roma atual, um espetacular monumento faz recordar a antiga cidade: o histórico, terrível e grandioso Coliseu. Por que razão multidões acorrem para junto dele?

 

Reportemo-nos à Roma antiga e dirijamo-nos ao imponente Coliseu.

Com pórticos em forma de arcos, com assentos pouco cômodos, tal monumento possui em seu interior uma arena onde vai realizar-se um horrível espetáculo.

É noite, alguns cristãos permanecem em seus cárceres, a pouca distância de onde estão as feras que vão devorá-los no dia seguinte. Tais animais são mantidos com uma horrível fome, para que, à vista dos mártires, se lancem para saciar seu bestial apetite. Os cristãos, que morrerão no dia seguinte, passam a noite alternando fervorosas orações e ouvindo o uivar das feras. Este será o último som que ouvirão na vida: o uivar das feras lançando-se sobre eles, misturado com os aplausos frenéticos dos pagãos que assistem ao terrível espetáculo.

Após entrarem na arena, os mártires ouvem o ranger das grades que prendem as feras, e vêem-nas avançarem sobre eles…

Neste momento alguns tinham pânico, e pediam a Deus que lhes desse força para não apostatarem. Outros, ao contrário, tinham uma calma magnífica.

Assim são os heróis reais e verdadeiros, pois esse é o auge do heroísmo. O heroísmo não consiste em não ter medo, mas sim em, mesmo tremendo de medo, entregar-se com ânimo.

No subconsciente dos espectadores pairava uma profunda interrogação: “Por que não sacrificar ao ídolos e ver-se livre de tais tormentos? O que existe nesta religião para enfrentarem a morte deste modo?” Um romano sentado na arquibancada não compreendia como os cristãos pudessem fazer aquilo.

***

Voltemos aos dias de hoje. Este mesmo Coliseu, durante a noite, é genialmente iluminado e permite entrever belezas diversas das que possui à luz do dia com todas as claridades do glorioso sol de Roma.

Parece pairar sobre este ambiente uma atmosfera de gravidade. Alguns muros ruídos do Coliseu são notados discretamente. Num outro ângulo, colunas de uma ruína erguem-se no céu escuro. Uma fendida, a outra inteira, ambas são um protesto mudo e vencido, porém perseverante, contra os ultrajes dos séculos.

Uma impressão de persistência em sobreviver, de conservação milenar de um espírito e de uma tradição, em meio a um ambiente inteiramente transformado, se desprende muito mais pungente das muralhas que permaneceram altaneiras através dos séculos.

A luz dos projetores, os lampadários de iluminação, o asfalto úmido e marcado, tudo afirma o século XX. Entretanto, a massa harmoniosa, imponente, séria, ao mesmo tempo leve e monumental do Coliseu, faz sentir em meio ao ambiente moderno toda a nobreza, a dignidade, a pujança de um Império em toda a sua elevação, robustez e lógica de espírito, que tinha por ideal o Direito.

Entretanto, tudo se desfez, e vivo do Coliseu resta apenas o sangue ainda quente dos mártires!

Sendo apenas ruína, o Coliseu exerce nos pontos mais extremos da Terra, enorme atração, convidando turistas de regiões longínquas a conhecê-lo. É que um grande ideal de beleza refulge ainda nestas pedras mortas…

***

“Tout passe, tout casse, tout lasse et tout se remplace”(1). Em parte, o Coliseu dos mártires ruiu. Um dia, poderão ruir os monumentos do mundo moderno. E que impressão deixarão seus destroços, se restos ficarem? Se a iluminação noturna do Coliseu permite vislumbrar toda a grandeza que possui, as imagens dos edifícios modernos demonstram todas as suas lacunas. Muitos monumentos modernos são uma peça de máquina, banal, rude, na qual se apinham alguns milhares de indivíduos. É a expressão de um mundo que tomou por ideal, não o Direito como Roma, nem a Filosofia como a Grécia, e muito menos a Teologia como a Europa medieval, mas a máquina, ou seja, a matéria. Almas materialistas, homens mecanizados, isto é o que se presencia em numerosas edificações atuais, como alguns estádios esportivos e tantas outras congêneres.

Algum dia os povos verão suas ruínas? Talvez… para compreender melhor como desabou esta civilização, para menear a cabeça e prosseguir o caminho, pensando na justiça de Deus.

De perene, no mundo, existe somente a Igreja!

 

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferências de 26/3/77 e 17/7/94; e do “Catolicismo” de junho de 1954)

Revista Dr Plinio 140 – Novembro de 2009 (Luzes da Civilização Cristã)

1) Expressão francesa que se traduz: Tudo passa, tudo quebra, tudo cansa e tudo se substitui.

O valor do sofrimento e a majestade da morte

O valor do sofrimento, aceito por amor a Deus, e a majestade da morte constituem duas importantes verdades negadas pelo mundo moderno, cuja meditação é necessária para o progresso na vida espiritual. A respeito delas, Dr. Plinio colhe preciosas lições da Comemoração dos Fiéis Defuntos.

 

O  dia de Finados representa muitíssimo para nós. Antes de tudo, por ser a ocasião em que rezamos pelas almas de todos os fiéis falecidos e que, porventura, estejam no Purgatório. Mas é também o dia em que a Igreja, com aquele tato que lhe é próprio e absolutamente inconfundível, torna presente para nós a realidade da morte.

”Lembra-te que és pó…”

A Igreja como que abre um precipício debaixo de nossos pés e nos faz ver uma multidão de almas em estado de pena, de sofrimento, ou seja, o infortúnio daqueles que, ao morrerem, não foram diretamente para o Céu. Tudo isso se torna presente diante de nós.

É bonito ver na Liturgia as frases de Jó, as lamentações que lembram o homem levado até às beiras da loucura; e depois aquele que penetra pelas fauces da morte, inteiramente isolado, e seus ossos vão se desfazendo, sua carne virando pó, um imenso pranto inunda sua alma separada do corpo, e a desventura daquela criatura pecadora, posta numa atmosfera de punição, esperando a misericórdia de Deus e a compaixão dos vivos. Isso faz muito bem!

De quando em quando devemos meditar sobre a morte, para compreendermos o que há de profundamente real naquela advertência do sacerdote na Quarta-Feira de Cinzas: “Lembra-te, homem, de que és pó e que voltarás a ser pó”. E isso nos faz dar uma dimensão exata a todas as coisas desta vida.

A qualquer momento podemos ser julgados por Deus

Nós todos, neste momento, podemos estar movidos por desejos tão vários. Mas o que são eles, quando calculamos o que somos? É uma coisa tremenda! No momento em que estou falando, é possível que um coágulo esteja a um centésimo de segundo para chegar ao meu cérebro e que eu não acabe de pronunciar esta frase, e caia morto.

Se sou algo de tão inconsistente que um coágulo partido de meu calcanhar liquida com todas as minhas aspirações, todos os meus desejos, todos os movimentos que eu tenha em relação às coisas desta vida; tão débil que, em última análise, sei que morrerei, e, ao passar pelo cemitério, vejo ali o meu destino fixado: é virar pó… Então sou levado a considerar com equilíbrio as coisas desta Terra.

Ponderem, por exemplo, o modo horroroso pelo qual se dá a decomposição dos nossos corpos. Primeiramente, o corpo começa a apodrecer e adquire, muito frequentemente, um estado de sebo ou de gelatina. Olhem-se no espelho, vejam seus traços definidos e pensem como será quando tudo isso tiver um caráter repugnante e gelatinoso…

Isso serei eu, esta carne, estes ossos, cujo impacto estou sentindo, ficarão reduzidos a esqueleto. Muita gente passará perto e dirá: “Que alívio!” Um ou outro lamentará: “Coitado!” Algum se lembrará de rezar por mim…

Pergunto: não é boa essa meditação para refrigerar muitos ardores, criar muitos desapegos, humilhar muito orgulho e fazer-nos compreender que podemos cair, de um momento para o outro, no julgamento do Deus vivo? Quem de nós sabe se vai chegar a sua casa hoje, se daqui a uma hora não estará sendo julgado por Deus, e em seguida queimado pelas chamas do Purgatório?

Como era o luto no início do século XX

Ora, sem essas incertezas a vida não tem grandeza nenhuma. Nada é belo, nada é atraente, a não ser com um pano mortuário no fundo. Porque é só pelo contraste com essa miséria fundamental, que compreendemos como é pouco tudo quanto queremos nesta Terra, e a grandeza do outro destino que nos espera.

A civilização moderna tem pavor do luto. Eu conheci o tempo em que as viúvas ainda usavam um luto, trajando-se de preto de alto a baixo, com um véu negro sobre a cabeça, mais espesso atrás e mais diáfano na frente. E quando elas iam fazer visitas para agradecer os pêsames, apresentavam-se com esse traje, levantando o véu para conversar e abaixando-o novamente ao sair.

Havia também o luto moderado. Aliviava-se o luto seis meses ou um ano depois da morte, conforme o grau de parentesco da pessoa falecida: esposo, pai, mãe, etc. Usava-se, então, o branco juntamente com o preto até que, ao cabo de um ou dois anos, suprimia-se completamente o luto.

Alguns dizem: “Isso é pura formalidade, eu não gosto disso”. Tais pessoas, na realidade, têm pânico da morte e por esta razão têm medo até dos trajes de cor preta. É, portanto, o medo de morrer que as fazem rejeitar o luto.

Nós devemos ver a morte com serenidade e com grandeza, inclusive no que ela tem de aflitivo e de tremendo. Há uma miséria grandiosa na morte, que nos leva a dizer: O ser inteligente, capaz de morrer e de passar por catástrofe tão enorme, tem uma tal capacidade de grandeza que, certamente, uma outra vida e um outro destino o aguarda. E nisso compreendemos, então, toda a nossa grandeza.

O papel do sofrimento na vida do homem

Digo mais: não é só a consideração da morte que faz bem, mas inclusive a visão da dor. Às vezes, sinto-me inclinado a fazer o papel de cicerone, levando alguns para um hospital do câncer, para a Santa Casa, para hospitais onde há gente que sofre de úlcera exposta na mão, no rosto, para compreendermos qual é o papel do sofrimento na vida, e como não se pode levar uma vidinha de boneca de louça, ignorando essas coisas, sem ter coragem de vê-las de frente.

Gostaria de fazer, algum dia, comentários de alguns trechos do Livro de Jó, que tem algumas descrições, as mais faustosas, da dor. Nunca vi tanta majestade na dor e fora da dor, como no Livro de Jó.

A meu ver, assim como Nosso Senhor disse que Salomão, em todas as suas glórias, não se vestiu como um lírio do campo — sentença admirável e inteiramente verdadeira —, acho que se pode afirmar que Luís XIV, em todo o seu esplendor, não teve a majestade de Jó no seu monturo. As lamentações de Jó são das coisas mais majestosas que tenha havido na Terra.

Compreendemos, assim, a majestade da tragédia que chega aos últimos limites, a grandeza que o homem tem conservando-se sapiencialmente sereno diante dessa tragédia.

Reflexo da majestade de Deus “puniente”

A propósito do dia dos fiéis defuntos, essa é a lição que a morte e os mortos nos dão. É uma lição incomparável de profundidade, de força de alma, de coragem, de grandeza.

Antigamente havia reportagens sobre a morte até em jornalecos ordinários, em que o redator, quando descrevia alguém que morreu, para falar do momento de seu falecimento, dizia: “Por fim expirou e a majestade da morte revestiu os seus traços”. Era uma ideia muito bonita. Há uma majestade da morte e, sobretudo, de certos mortos que refletem a própria majestade de Deus “puniente”, do Altíssimo enquanto castiga; existe a majestade do trovão, do relâmpago, do terremoto, dos cataclismos, e que é preciso conhecer e amar. Porque quem não conhece e não ama isso, não é capaz de ver Deus inteiro, na sua afabilidade, na sua meiguice sem fim e na grandeza de sua justiça também infinita.

Todas essas são meditações úteis para se fazer a respeito do dia de Finados.

Proponho rezar pelos fiéis defuntos nos seguintes termos: Desde que Nossa Senhora — detentora de todo o valor de nossas orações — nisso consinta, que as orações desta noite sejam para as almas do Purgatório mais abandonadas, e para as quais ninguém reza; almas que talvez tenham ainda mil anos de penas para cumprir, e não há quem peça por elas.

Mas com uma condição: que elas nos obtenham a compreensão, o amor e o entusiasmo por todas as sombras com que a morte enriquece a estética do universo e os panoramas verdadeiros da vida humana.

 

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 2/11/1966)

Revista Dr Plinio  Novembro de 2013 (Reflexões Teológicas).

 

Dilatando o Reinado de Cristo

A Fé é uma virtude sobrenatural que dá ao homem a capacidade de admitir as verdades reveladas por Jesus Cristo e Escritores Sagrados, propostas pela Santa Igreja.

Sua origem é divina não somente na Pessoa do Verbo Encarnado, o Mestre por excelência, mas também nos Profetas e Apóstolos, que nada mais foram do que instrumentos do Espírito Santo ao nos transmitirem as novidades doutrinárias da parte de Deus. É também divina no seu princípio, porquanto sem a graça de Deus não é o homem capaz de crer. É finalmente divina no seu objeto que são as verdades escondidas em Deus, a quais sua Misericórdia se digna comunicar às criaturas.

Considerados os elementos divinos, a Fé é imutável e em dois sentidos. Primeiro, uma verdade revelada jamais poderá ter um sentido numa época e outro sentido diverso em outra diferente. Jamais o que foi crido pela Igreja como verdade de Fé na Idade Média deixará de o ser nos tempos que correm, ou terá hoje um sentido diverso do sentido que se encontra na profissão de Fé dos fiéis daquela época. Depois, o campo da Revelação está limitado, de maneira que não haverá mais novas verdades reveladas. Tudo quanto a Divina Bondade quis manifestar ao homem, o fez até a morte do último Apóstolo.

Embora a Fé seja sempre a mesma, não obstante pode haver dogmas novos, isto é, verdades que se achavam implícitas na Revelação Apostólica e que a Santa Igreja explicitou, e impôs à Fé dos fiéis, como acontece com o Dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Note-se, no entanto, que neste crescimento na Fé de que é capaz o homem e a humanidade, jamais pode vir o indivíduo a admitir uma verdade inteiramente nova, que não se encontra de maneira implícita na Revelação Apostólica, nem chegar à aceitação de uma atitude que contrarie aquilo que foi explicitamente estabelecido pelo Divino Fundador da Santa Igreja.

Esta exposição nos mostra como se difunde o Reinado de Jesus Cristo não somente angariando novos membros para a Santa Igreja, mas também intensificando nos fiéis a vida da Fé pelo conhecimento mais profundo das verdades reveladas, e pela conformação sempre mais perfeita da vontade com estas verdades.

Não basta o ideal vago de dilatar o Reinado de Jesus Cristo. É preciso que se conheça em que consiste este Reinado. É pela integridade da Fé e a pureza dos costumes que impera Nosso Senhor Jesus Cristo e se dilatam os domínios da Santa Igreja, que são os seus domínios. Neste sentido é obra de apostolado toda atividade dedicada à conservação do Divino Depósito entregue à Santa Igreja íntegro e sem delapidações, quer na parte doutrinária, quer na jurídica ou moral(*).

 

Plinio Corrêa de Oliveira
Revista Dr Plinio 236 (Novembro de 2017)

 

* Excertos do artigo Ação Católica – problemas, realizações e ideais – Em prol da Ação Católica, publicado em O Legionário de 12/11/1944.

 

Rainha de todos os Santos

Eleita pela Sabedoria divina como Soberana de todo o universo, Nossa Senhora é, por isso mesmo, Rainha de todas as ordenações dispostas por Deus nos vários âmbitos da Criação, de modo particular no que tange a natureza humana. E nesta, quando fiel à moral, a ordem corresponde à virtude e, portanto, a uma certa forma de santidade.

Pode-se dizer, pois, que a Senhora de todas as ordenações é, em conseqüência, a Rainha de todas as santidades que existiram, existem e ainda existirão, possuindo-as nos seus píncaros respectivos

— Regina Sanctorum Omnium.

A música dos Anjos no Céu

Platão imaginava que os corpos celestes eram como esferas de cristal as quais, girando umas sobre as outras, produziam uma sinfonia universal. É uma linda ideia, mas ela se torna pálida quando consideramos os Anjos, espíritos perfeitíssimos, puríssimos, virtuosíssimos, fidelíssimos, continuamente contemplando a Deus, exclamando em cânticos o seu sentir.

 

Quando ouvimos um canto, notamos haver uma analogia entre o falar humano e esse cântico, porque cada nota posta ali é como uma inflexão da voz humana quando o homem afirma alguma coisa.

O cantochão, o polifônico, a música clássica

Por exemplo, ao pronunciar “afirma alguma coisa” involuntariamente dei ênfase à palavra “afirma” para indicar o caráter afirmativo do que eu queria dizer, enquanto fui muito rápido no resto da frase, porque “alguma coisa”, sendo um termo vago, pronuncia-se rapidamente, como uma pincelada apenas no pensamento. De maneira que, no pronunciar a frase, fiz o que todo mundo faz, ou seja, martelei as sílabas, modulei a voz de acordo com o que me vai no temperamento e na alma a respeito daquilo que estou dizendo.

Então é um modo de proferir as frases, por onde a pronúncia como que discretamente canta o que está sendo dito. E esse “cantar” indica o meu estado temperamental e o sabor por mim encontrado – bom ou mau, agradável ou repelente – naquilo que estou dizendo.

Em geral, tanto o cantochão quanto o polifônico têm isso de próprio: cada nota é uma meditação sobre o sentido da palavra que está sendo dita, é uma tomada de posição piedosa, ora triste, ora alegre, ora afetuosa, ora adorativa, ora reparadora, ora eucarística a respeito daquilo que está sendo afirmado. Por isso é bonito acompanhar exatamente assim a música, palavra por palavra.

Entretanto, podemos ver na música um outro aspecto. Se tomarmos a música clássica, por exemplo, veremos tratar-se de uma magnífica arquitetura de sons. Essas melodias podem ser comparadas, de algum modo, a um prédio com as suas massas distribuídas, suas colunas, seus corpos de edifício, seus desdobramentos, mas onde entra algo mais abstrato do que a expressão de um pensamento humano: introduz-se uma pura ideia de harmonia.

Poderíamos nos perguntar qual dessas é a verdadeira concepção da música e, se ambas são verdadeiras, qual a mais alta.

Diante desse problema, eu me pergunto se não haveria um estilo de música que reunisse ambas as perfeições, porque são manifestamente tão nobres e tão altas que um certo senso da unidade nos faz desconfiar de que haja a possibilidade de reunir as duas concepções numa visualização só.

Porém, ainda não encontrei uma fórmula e nem sei se isso é possível. Indico apenas essa ideia para esboçar um pouco aquilo que, provavelmente, é a música dos Anjos no Céu. Que os Anjos têm uma melodia no Céu, embora não seja a música material, é positivo. Que esta melodia deve ter uma arquitetura sonora magnífica, expressão do ser deles, é fora de dúvida.

Haverá no homem, com as limitações para a criatura humana, a possibilidade de uma música assim? Também não sei. Mas é uma coisa a respeito da qual se pode cogitar.

Cogitações que nos incentivam a pensar no Céu

Exatamente são as cogitações que valem a pena ter como entretenimento quando, por exemplo, a rotina está monótona. É um entretenimento inocente que deixa a alma leve. E um certo cultivo da leveza de alma vai bem para quebrar esses estados um tanto depressivos a que possamos estar sujeitos.

Platão imaginava os corpos celestes como esferas de cristal girando umas sobre as outras eternamente, e ele tinha a ideia de que cada uma dessas esferas produzia um som, e que esses sons todos se encontravam no universo, produzindo uma música universal resultante dos movimentos dos astros.

Notem quantas noções bonitas estão postas dentro dessa concepção. Esferas de cristal que giram, já é uma verdadeira beleza! O som que se desprende dessas esferas, correlato com a cor, a densidade e a rotação desses cristais, uma policromia conjugada a uma harmonia, que coisa bonita!

Essa música não exprimiria o sentir humano, seria uma pura arquitetura universal, quase uma meditação filosófica sonora, mas que produz no homem um reflexo. Então se poderia imaginar um ponto de encontro que seria a expressão da reação humana diante dessa harmonia universal, e musicar isso.

Cogitações como essa nos ajudam a suportar o peso da vida e nos incentivam a pensar no Céu. Como ficam estúpidas essas lindíssimas esferas de cristal quando consideramos que existem os Anjos, espíritos perfeitíssimos, puríssimos, virtuosíssimos, fidelíssimos, continuamente contemplando a Deus, vendo n’Ele belezas sempre as mesmas e sempre novas, exclamando em cânticos o seu sentir. É uma coisa maravilhosa!

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 23/3/1970)

Revista Dr Plinio 232 (Novembro de 2017)

Um chamado para todos

No calendário litúrgico o mês de novembro se abre com a Festa de Todos os Santos, estendida à Igreja Universal no século IX, a fim de homenagear a multidão dos justos: aqueles que habitam a Jerusalém Celestial, canonizados ou não, bem como os vivos que se encontram na graça de Deus e conservam a sua amizade.

Nesse sentido, esta efeméride entrelaça a Igreja Triunfante, cujos membros já receberam a palma da glória eterna, e a Militante, vivendo neste mundo na prática da virtude, à espera da felicidade  futura. Consiste tal celebração, portanto, em mais um apelo para a vocação universal à santidade, dirigido por Deus a todo homem. Precioso convite ao nosso alcance e conforme aos melhores anseios de nossos corações, como salienta Dr. Plinio: Por sua natureza, a criatura humana é dotada de possibilidades e valores os quais deve procurar cultivar e aperfeiçoar, caso deseje se realizar  por inteiro. Nessa busca, ela não pode ter ambição mais bela e mais nobre diante de si, do que a de ser santa.

Enganar-se-ia quem pensasse ser o ideal da santidade exclusivo dos expoentes da humanidade que um dia chegam à glória dos altares. Não. Pela ação da graça divina, todos podemos ser cortesões do Rei dos reis no Céu, desfrutando de uma felicidade sem jaça, imorredoura, pelos séculos sem fim. Todos fomos feitos para essa imensa, criteriosa, sábia, mas ousada aventura, na qual ordenamos nossa alma para Deus, a purificamos e embelezamos, dispondo-a à bem aventurança eterna, à corte celestial onde um assento nos está reservado.

É, pois, na esperança de podermos viver, de batalhar pela nossa santificação e de morrer na paz de Deus, confiantes em Nossa Senhora, agradecendo a Ela porque nos obteve graças para nos tornarmos outros heróis da Fé e príncipes do Céu, que devemos atravessar nossos dias neste chão de exílio. Cumpre lembrar que a Festa de Todos os Santos precede a celebração da memória dos  fiéis defuntos, ou seja, da Igreja Padecente no Purgatório, ela também partícipe desse hífen maravilhoso que liga a Terra ao Céu.

Quão sensível era Dr. Plinio a esse universo aberto, no qual a Igreja Triunfante e a Penitente se unem à Militante! Entusiasmava-o sobremodo considerar essa grandiosa epopeia da santidade, a todo momento enriquecida pela ação da graça divina, dispensada a rogos de Maria em favor de todos, e impetrada por nossas orações, pelos méritos infinitos do Santo Sacrifício de Jesus renovado nos altares do mundo inteiro, assim como pela  intercessão de nossos Anjos da Guarda e padroeiros celestes.

É uma situação simplesmente admirável a que somos chamados — exclamava Dr. Plinio —, fazendo- nos santos, postos na visão e na adoração contínuas da Trindade Santíssima! E o homem que santificou sua alma, no instante de transpor os umbrais da eternidade poderá dizer as palavras mais magníficas que imagino postas nos lábios de um moribundo, repetindo São Paulo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé; resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me entregará naquele dia!” (II Tim 4, 7-8).

 

Justiça e misericórdia

A Igreja, tendo comemorado condignamente, no dia 1º de novembro, os seus filhos que exultam no Céu, pretende, sem demora, socorrer com seus piedosos sufrágios os que ainda gemem no purgatório para que possam, o quanto antes, juntar-se aos cidadãos do Céu.

Essas palavras do Martirológio, comentava Dr. Plinio, “explicam o motivo pelo qual a Santa Igreja instituiu uma celebração própria a convidar os fiéis a alcançarem, com suas preces, a libertação das almas do purgatório.

“Neste lugar de purificação devemos ver um aspecto maravilhoso da sabedoria divina, cujo equilíbrio nele reluz de modo especial, isto é, a conjunção da justiça e da misericórdia infinitas de Deus, adornadas pela insondável solicitude materna de Nossa Senhora que desempenha particular papel em relação àquelas almas.

“Com efeito, podemos contemplar como o Criador, de um lado, não poupa a essas almas a expiação que têm de cumprir por conta das faltas cometidas neste mundo; de outro, admiramos como Ele as ama, pois passaram desta vida na graça de Deus e possuem a imensa alegria, a suprema consolação de se saberem merecedoras da eterna bem-aventurança, na qual hão de ingressar após seu período de purificação.

“Ora, para os espíritos que já não se encontram ligados a corpos mortais, que já não consideram as coisas com a fraqueza de um homem unido à carne perecível e, portanto, compreendem melhor o significado de eternidade, essa certeza do Céu representa um regozijo sem fim. Sabem que possuirão a visão beatífica e o amor de Deus para sempre, sabem que tudo quanto sofrerem no purgatório é pouco em comparação com o oceano de deleites, de alegria e felicidades infindos que as aguarda no Paraíso Celeste.

“Essa garantia traz para a alma do fiel defunto um alento indizível, fazendo-a sentir a predileção de Deus para com ela, como se o Senhor lhe dissesse: “Tu és minha filha, e minha filha dileta. Durante toda a eternidade me contemplarás, e Eu terei a alegria — de dentro de minha felicidade substancial e perfeita — de contemplar a ti!”

“Não será difícil perceber como essa promessa divina é de um valor superior a qualquer tesouro que possamos imaginar. Tanto mais se, à misericórdia divina, somarmos o carinho materno e o amparo sem limites de Maria Santíssima para com as almas do purgatório. Não sem razão A cultuamos como a vida, doçura e esperança nossa, e Ela o é, de modo todo particular, para os que purgam suas faltas a um passo do Céu. Segundo certas revelações particulares, a Mãe Deus, durante o ano inteiro (para usarmos a linguagem terrena) obtém a libertação de almas do purgatório, porém o faz de maneira especial no dia em que a Igreja celebra alguma festa mariana. Nossa Senhora desce até lá, e onde Ela entra, envolta como que num orvalho celestial, as chamas fogem, os tormentos se pacificam, as almas se tomam de um maravilhamento indescritível e muitas delas acompanham de volta o Refúgio dos Pecadores até a glória eterna, à qual doravante pertencem.”

Essas consoladoras reflexões a propósito da Festa dos fiéis defuntos, Dr. Plinio as concluía com este judicioso conselho:

“Peçamos à Santíssima Virgem, nossa esperança e doçura nesta vida e na futura, obtenha-nos a graça de nos compenetrarmos de tudo quanto significa o purgatório, como dolorosa expiação, assim como de transição para a eterna bem-aventurança, iluminado pela misericórdia de Deus e de Maria. Queira Ela nos auxiliar a termos almas limpas e íntegras, que procuram evitar não só o pecado mortal, mas também o venial, tão detestado por Deus a ponto de Este o punir com aqueles padecimentos.

Tal seria a súplica adequada a fazermos a Nossa Senhora nessa celebração.”

Plinio Corrêa de Oliveira

Apelo ao píncaro de santidade

No dia 1º de novembro a Igreja celebra a festa de Todos os Santos, com a qual procura, ao mesmo tempo, louvar aqueles que já se encontram no Céu e impetrar sua intercessão em favor dos que ainda peregrinam neste mundo.

Com efeito, juntos a Maria Santíssima e aos coros angélicos, os bem-aventurados merecem o nosso culto e nos auxiliam, com suas preces, a alcançarmos nós mesmos a santidade para a qual fomos chamados. Um convite que, como sempre assinalou Dr. Plinio, não é privilégio de poucos, mas se estende a todos os homens. E esse anelo à perfeição se mostrará tanto mais necessário e intenso, quanto mais obstáculos lhe erga o mundo.

Em artigo intitulado “O primado da Santidade”, assim nos exortava Dr. Plinio:

“Tenho para mim como indiscutível que, se em nossa época materializada e devassa, surgisse novamente um São Francisco de Assis, sua personalidade se imporia à admiração universal de um modo muito mais definitivo e rápido do que em qualquer época passada.

“É certo que a virtuosa Idade Média, profundamente imbuída de espírito católico, estava muito mais apta a compreender devidamente o grande estigmatizado de Assis. Convém, no entanto, ponderar que, dado o próprio espírito católico e sua geral disseminação em todas as classes sociais, a sede de virtude, parcialmente saciada em cada indivíduo, era muito menos veemente do que nos dias desoladores em que vivemos.

“O homem — disse certo escritor pagão — é um anjo decaído. E, por mais que nele imperem os vícios e defeitos da decadência, há sempre no seu coração, consciente ou inconsciente, uma grande nostalgia do Céu.

“Se se perscrutar cuidadosamente qualquer coração humano, seja ele o de um santo, o de um sábio, o de um ignorante ou o de um detento de penitenciária, notar-se-á sempre a existência de sentimentos mais ou menos profundos, que anseiam por um grande ideal de pureza e de santidade.

“Enquanto viveu a civilização cristã, a vida era uma série de altruísmos que colaboravam para a felicidade coletiva. Repudiado o Catolicismo como lei suprema das relações entre homens e povos, a vida passou a ser uma série de egoísmos que se combatem. Daí o ‘homo homini lupus’ [o homem é o lobo do homem]. (…)

“Por mais que o homem desça abaixo de si mesmo, sempre será sensível à influência irresistível da santidade, que lhe aplacará as paixões e lhe serenará a tirania dos vícios, como a música de Orfeu domava as feras.” (Extraído do “Legionário” nº 96, de 21/4/1934).

Continuamente fiel ao seu pensamento, como nos é dado acompanhar nas páginas desta revista, outra coisa não se vê em Dr. Plinio que um apelo constante a que, pela misericordiosa intercessão de Maria e dos santos, alcancemos cada um de nós o píncaro da santidade.

 

Plinio Corrêa de Oliveira