As mil expressões de Nosso Senhor Jesus Cristo na Ascensão
Não é possível que Nosso Senhor Jesus Cristo ascendesse sem glória. O
Evangelho não narra quais foram os sinais sensíveis daquela ocasião, mas devemos imaginá-los majestosos, grandiosos e enlevantes.
Ascensão – Museu Palácio
Barberini, Roma Uma meditação completa
sobre a Ascensão deveria
comportar dois aspectos:
o primeiro seria a respeito
do que ela significa teoricamente. O outro, uma recomposição do quadro daquilo que se passou por ocasião da
Ascensão e que simbolizaria o significado dela.
Era preciso a glorificação
atingir o Céu A Ascensão de Nosso Senhor Jesus
Cristo aos Céus representou a consumação do triunfo d’Ele aos olhos dos homens. Ele Se encarnou,
nasceu de Maria Virgem, viveu praticando maravilhas, foi glorificado
antes de sua Paixão pelos numerosos milagres que operou, tanto no
Tabor, como na aclamação do povo em Jerusalém; foi também humilhado, crucificado e morto.
Era preciso que a enorme injustiça cometida contra Nosso Senhor Jesus Cristo fosse reparada. Essa reparação se fez sob a forma primeira da Ressurreição gloriosa d’Ele, na qual Ele venceu a morte e por todos os séculos
ficou demonstrado ser Ele o Filho de Deus, e que tudo quanto quiseram fazer não valeu de nada. Com a Ressurreição, todos os seus adversários ficaram aniquilados e a glória do Homem-Deus atingiu o auge.
Mas era ainda uma glória se realizando nesta Terra. Era preciso a glorificação
atingir o Céu, quer dizer,
depois de Nosso Senhor Jesus Cristo ser glorificado aos olhos dos homens, que estes vissem Deus Pai elevá- Lo à mais alta das glórias, levando- O ao Céu para governar ao seu lado. E o triunfo d’Ele ser o de estar sentado por toda a eternidade ao lado direito do Padre Eterno. Ele nunca deixou de estar no Céu. Contudo, na sua natureza humana, esteve também na Terra. Na Ascensão, Ele, na sua humanidade, subiu ao Céu e sentou-Se à direita do Pai. E como Ele era Homem-Deus, completamente Deus e completamente Homem, para a natureza humana
d’Ele era uma glorificação sem precedentes estar num lugar onde nunca um Querubim ou um Serafim ousou pensar em estar. Ali está sentado um verdadeiro homem, com corpo, sangue e alma humana, hipostaticamente
unido à Segunda Pessoa
da Santíssima Trindade.
O último ato da existência d’Ele na Terra foi a Ascensão. Fisicamente,
ela é um ato pelo qual Ele foi subindo até perder-se da vista dos homens.
Entretanto, é muito mais do que um subir: é entrar no Céu e sentar-Se à mão direita de Deus Pai. Os Céus se abrem Há como que “duas ascensões”
de Nosso Senhor Jesus Cristo. A primeira, aos olhos dos homens: Ele
perfura todo o espaço e sobe ao Céu. Depois, é aos olhos dos Santos, quando atravessa subindo – no sentido figurativo da palavra – os coros
dos Anjos e chega até Deus. Ele Se torna superior a todas as criaturas existentes no Céu. São, portanto, duas festas: uma
que é a Ascensão d’Ele na Terra e uma no Céu. Ele subir tanto aos olhos dos homens indica de um modo material a glória que Ele recebeu no Céu, pois subir é ser glorificado. Devemos, à vista disso, considerar que essa glória foi seguida ou acompanhada de outra glória imensa: Nossa Senhora, os Apóstolos, os
discípulos, viram-No subir, estavam presentes, mas com Nosso Senhor Jesus Cristo subiram todas as almas justas que estavam no Limbo à espera d’Ele, porque ninguém tinha entrado no Céu antes d’Ele. Então, São José, o mais santo dos
homens; São João Batista, o maior dos homens nascidos de mulher; todos
os profetas do Antigo Testamento, com exceção de Elias e de Enoc; todas as figuras justas que já tinham saído do Limbo ou do Purgatório, entrando no Céu; Nosso Senhor levou
essa miríade de almas resplandecentes. Era uma data histórica: o Céu, que estivera fechado para os
homens, se abria! Uma outra imensa festa, que só se tornava possível a partir da Ascensão, começava a se preparar: a entrada
de Nossa Senhora no Céu. Então as mais altas glórias do Céu ficariam completas, porque com Nosso Senhor e Nossa Senhora lá, todo o resto
é acidental, é novidade de quinta categoria.
Revista Dr.Plinio. Maio 2024 – Pág 8 – AS MIL EXPRESSÕES DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO NA ASCENSÃO