Templo onde Jesus quer ser invocado

Ó Jesus que viveis em Maria, vinde e vivei em vossos servos, no espírito de vossa santidade, diz São Luís Grignion de Montfort na conhecida Oração a Jesus vivendo em Maria.

Nosso Senhor viveu em Maria, e d’Ela comunicou-se aos homens. Nossa Senhora é o sacrário onde está Jesus Cristo, e o santuário de dentro do qual todas as graças se difundem para o gênero  humano. Por isso, rezemos a Jesus enquanto vivendo em Maria, porque Ele quer ser invocado dentro do seu templo, que é a Santíssima Virgem.

Pedir a Ele o quê? Que Ele venha e viva em nós, como vivia n’Ela. Jesus viver em nós significa termos o espírito da santidade d’Ele, o espírito da santidade de Maria, que é o mesmo espírito da  Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Isto é o que devemos pedir, por meio de Nossa Senhora, a Jesus enquanto vivendo n’Ela.

 

Plinio Corrêa de Oliveira

O cântico da fidelidade na noite do crime

Os Anjos puderam contemplar, após o sepultamento de Nosso Senhor, talvez no próprio edifício onde se realizou a Santa Ceia, Nossa Senhora sozinha, no silêncio daquela noite, a Terra inteira pecando, e Ela interrompendo as suas orações para, com melodias que só os espíritos angélicos conheceram e nós conheceremos quando formos para o  Céu, cantar as suas reparações.

Ali estava a Santíssima Virgem, que compôs o Magnificat, tomando ponto por ponto, descendo ao abismo de cada infidelidade e rematando a meditação por um cântico de fidelidade. Que cena tocantíssima deveria ser essa! A Mãe de Deus a passou sozinha, porque ninguém era digno de presenciá-la, somente os Anjos.

É uma magnífica maneira de meditarmos a Paixão nos associarmos a esse canto da Soledade de Nossa Senhora; inteiramente só, na noite do crime. O cântico da maior virtude de toda a Terra, elevando-se até o Céu.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraída de conferência de 13/4/1968)

Oração: Ação de graças pelo sofrimento recebido

Ó minha Mãe, eu Vos agradeço por me terdes dado esta ocasião de sofrer por Vós, e Vos digo: quero esta dor! Eu a desejo porque Vós assim o quereis; e a desejo durante o tempo que Vós quiserdes! Ajudai-me na minha debilidade para que eu possa carregar esta cruz como Vós entenderdes. Eu a osculo como Nosso Senhor a osculou no momento de colocá-la sobre os ombros, porque desejo tudo sofrer.

Eu ficaria desolado se minha vida fosse sem cruz. A vida sem cruz é uma vida sem Vós e, portanto, aceito a cruz de todo o coração. Tenho a alegria de receber este sofrimento em união convosco e para Vos agradar.

Dai-me, ó Mãe, o amor e o senso da cruz!

Plinio Corrêa de Oliveira (Composta em 5/12/1967)

Sorridente misericórdia

Os sentimentos da piedade católica, sempre corroborados pela Santa Igreja, não têm invocações suficientes para nos inculcar a ideia da misericórdia e da maternal liberalidade de Nossa Senhora, disposta a todo momento a nos alcançar graças especiais, a nos obter dons excelentes do Céu e, assim, convidar-nos a amá-La cada vez mais. Por isso, nunca devemos desviar nossos corações da clemência risonha e solícita da Virgem para conosco, e nela depositar inteira confiança.

(Extraído de conferência em 24/9/1965)

Prenúncio do Reino de Maria

A estrela da manhã aparece no período incerto entre a noite que ainda existe, e o dia que timidamente vai nascendo. Não é bem essa a época em que vivemos, onde imperam as trevas do mal, porém na qual já se pressente o triunfo do Imaculado Coração de Maria, prometido por Nossa Senhora em Fátima?

Portanto, é a Maria como “Estrela da Manhã”, anunciando-nos como iminente a aurora de seu Reino, que devemos recorrer nas dificuldades de nosso apostolado, e em todas as ocasiões em que a piedade nos sugira essa invocação: “Estrela da Manhã, Vós que fostes, durante a noite inteira da espera, a nossa luz e a promessa do alvorecer, fazei com que desponte quanto antes o dia de vosso
Reino!”

Plinio Corrêa de Oliveira

ABSOLUTA MISERICÓRDIA

Em sua justiça infinita, Deus tem razão de queixa de todos os homens.

Apesar disso, deixou-nos sua Mãe como nossa própria Mãe, e Maria tem para conosco todas as ternuras, bondades, afagos, perdões, as suaves adaptações de que o amor materno é capaz. Sabendo que o afeto de Nossa Senhora por nós é maior que o de todas as mães terrenas juntas em relação a um filho único, podemos estar certos de que Ela nos obterá de Deus o perdão ao qual não temos  direito, a generosidade que não merecemos, a complacência à qual não fazemos jus por causa de nossas misérias.

Por piores e inúmeros que tenham sido nossos defeitos, se confiarmos e esperarmos na Virgem Santíssima, à nossa claudicante fidelidade corresponder á da parte d’Ela uma absoluta misericórdia.

Pelos méritos de seu imaculado sorriso junto a Jesus, Maria nos alcançará a bem-aventurança eterna.

 

Plinio Corrêa de Oliveira
Revista Dr Plinio 47 (Fevereiro de 2002)

A mesma Mãe

Entre o Verbo encarnado e nós há algo em comum, algo insondavelmente precioso: temos a mesma Mãe! Mãe perfeita desde o primeiro instante de seu ser concebido sem mácula. Mãe santíssima de tal maneira que, em cada momento de sua existência, não cessou de corresponder à graça; apenas cresceu, cresceu e cresceu até alcançar inimaginável elevação de virtude.

Essa Mãe, d’Ele e nossa, tem misericórdia do filho mais esfarrapado, torto, desarranjado; e quanto mais desarranjado, torto e esfarrapado, maior sua compaixão materna.

Minha Mãe: aqui estou eu. Tende pena de mim hoje, agora, como sempre tivestes e, espero, sempre tereis. Purificai-me, ordenai-me, tornai minha alma cada vez mais semelhante à vossa e à d’Aquele que, como a mim, é dada a indizível felicidade de vos ter por Mãe!

Plinio Corrêa de Oliveira

Maria, o Paraíso do novo Adão

Ao pronunciar seu “fiat” para a Encarnação do Verbo, Nossa Senhora concebeu do Espírito Santo e passou a formar em suas imaculadas entranhas o Filho de Deus. A geração da humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo deve ter sido admirável, a maravilha das gerações!

Jesus é considerado o novo Adão, que veio ao mundo para reparar o pecado cometido pelo primeiro homem. Ora, assim como este, enquanto permaneceu inocente, viveu em meio aos esplendores do Éden Terrestre, também Nosso Senhor teve seu Paraíso, incomparavelmente melhor e mais precioso do que aquele: o claustro virginal de sua Mãe.

Sim, Jesus se achava em estado paradisíaco durante os noves meses que passou no interior de Nossa Senhora, como num tabernáculo perfeitíssimo, onde encontrava alegrias, belezas e delícias de que eram pálidos símbolos as conhecidas por Adão. Além disso, numa inefável união de espíritos, o Filho ia revelando à Mãe, a respeito de Si próprio, todas as magnificências que fossem cabíveis a uma criatura entender. Nesse indizível convívio, Jesus elevava a alma de Maria a um inimaginável grau de formosura, tornando-a mais bela e luminosa do que todo o resto do universo!

Plinio Corrêa de Oliveira

A Torre de Marfim

Poucas imagens poderiam dar tanto a id eia de intransigência, quanto a torre de marfim. É a fortificação feita de material limpíssimo, alvíssimo, duríssimo, que é bem a representação da pureza e da santa intolerância. É a torre da integridade, da segurança de quem não tem falsas condescendências, e onde o homem se mostra superior em relação às vulgaridades e baixezas deste mundo.

Na criação, Nossa Senhora, que é a Arca da Aliança, a Porta do Céu, vista sob outro aspecto, bem merece ser chamada a Torre de Marfim, pelo fato de que Ela, entre todas as criaturas, levanta-se como uma torre. Só Ela teve a conceição imaculada; só Ela obteve o privilégio da virgindade antes, durante e depois do parto; só Ela correspondeu à graça de modo a ser objeto inteiro de toda a predileção e de toda a complacência de Deus.

Nas guerras de outrora, as torres eram dispositivos de defesa, a partir dos quais eram repelidos os ataques dos inimigos. Ora, a Santíssima Virgem se apresenta como uma fabulosa antítese de toda sorte de erro e de mal. Assim, Ela é bem uma torre, e uma torre de marfim, no meio de todas as degradações, misérias e corrupções que existem no mundo. Ela é inteiramente casta, Virgem entre as virgens, sempre obediente a Deus, Rainha de tudo e de todos.

Verdadeiramente, Nossa Senhora se ergue como uma torre na planície: torre puríssima de marfim, invulnerável ao pecado, indiferente a todas as investidas de seus adversários, voltada apenas para Deus.

 

Plinio Corrêa de Oliveira

CAUSA DE NOSSA ALEGRIA

EMBORA SENDO MERA CRIATURA, MARIA SANTÍSSIMA FOI DE TAL MODO CUMULADA DE GRAÇAS PELA PROVIDÊNCIA DIVINA QUE – PODE-SE AFIRMAR – TODAS AS SANTAS ALEGRIAS DA TERRA E DO CÉU NÃO SE COMPARAM COM A ALEGRIA D’ELA.

NA VERDADE, NOSSA SENHORA, SOZINHA, É MAIS INUNDADA DE GLÓRIA, TEM UMA MAIOR ABUNDÂNCIA DE FELICIDADE E DE INTIMIDADE COM DEUS, UMA MAIOR VENERAÇÃO PARA COM ELE E RECEBE DA PARTE D’ELE UM MAIOR RESPEITO, DO QUE TODAS AS CRIATURAS ANGÉLICAS E HUMANAS REUNIDAS!

SE, COMO ARDENTEMENTE DEVEMOS DESEJAR, NOSSA SENHORA NOS OBTIVER A GRAÇA DA SALVAÇÃO ETERNA, A NOSSA MAIOR ALEGRIA NO CÉU, DEPOIS DA VISÃO BEATÍFICA, SERÁ CONTEMPLAR A ALMA SANTÍSSIMA DE MARIA E, NELA, OS REFLEXOS DAS INFINITAS PERFEIÇÕES DE DEUS NOSSO SENHOR.