Nossa Senhora

Eu venho tão do alto… E posso tudo. Em Mim reside o reflexo perfeito da bondade incriada e absoluta. Aquilo que Eu quero doar porque sou boa, aquilo que desejo conceder porque sou Mãe, aquilo que posso dar porque sou Rainha, isso, meu filho, Eu dou! Eu não te digo uma palavra, mas faço algo muito melhor que falar a teus ouvidos… Eu te comunico uma graça que murmura no  fundo de tua alma.

Sentes essa paz que transborda de Meu coração, que te envolve, te penetra e te cumula? Essa paz que nenhuma alegria terrena pode trazer, e que te  faz sentir uma tranqüilidade interior, na qual ressoa minha voz, inaudível a teus sentidos: Tudo está resolvido! E aquilo que não estiver, resolver-se-á. Confia em Mim, Eu acertarei tudo.

As aparências podem não ser essas. Mas… Aceita esse sorriso, percebe esse sussurro, contempla essa bondade… E não duvides jamais!

Plinio Corrêa de Oliveira

Razão de nossa serenidade

Mãe incomparavelmente perfeita entre todas as mães, Nossa Senhora nos conhece, ama e quer bem com discernimento, bondade, paciência e carinho de uma intensidade extraordinária. Alcança-nos tudo o que nos convém e lhe pedimos confiantemente. Está disposta a nos obter o perdão de seu Divino Filho, mesmo para nossas piores faltas; alcança-nos as graças necessárias para nossa emenda, nossa salvação e, assim, brilharmos diante d’Ela por toda a eternidade. É a misericórdia dessa Mãe de perfeição incalculável.

Por isso mesmo, é Ela a razão de nossa serenidade. Não temos motivo para estarmos perturbados nem agitados, posto termos uma Mãe celeste que se compadece de nós e nos acompanha a todo instante com sua insondável solicitude. Devemos permanecer sempre tranquilos: nossa Mãe vela por nós.

 

Plinio Corrêa de Oliveira

Prece à Padroeira do Brasil

Ó Senhora Aparecida, a hora é de aflição! Melhor do que qualquer  brasileiro, o sabeis Vós, que sois Mãe de todos eles. Crise sócio-econômica, crise moral, mais grave que tudo, crise religiosa! O que num país fica fora da crise, quando ela se instalou em todos esses domínios?

Sem embargo de toda essa crise, vamos transpondo gloriosamente um marco histórico. Pois estamos entrando no rol das nações que, por sua importância, determinam o rumo dos acontecimentos presentes e têm em suas mãos os fios com que se tece o futuro dos povos.

Neste momento de apreensões e esperanças de glória, ó Senhora, vimos agradecer-Vos os benefícios que, Medianeira sempre ouvida, nos obtivestes de Deus onipotente. Agradecemo-Vos o território de dimensões continentais, e as riquezas que nele pusestes.

Agradecemo-Vos a unidade do povo, cuja variegada composição racial tão bem se fundiu no grande caudal étnico de origem lusa — e cujo ambiente cultural, inspirado pelo gênio latino, tão bem assimilou as contribuições trazidas por habitantes de todas as latitudes.

Agradecemo-Vos a Fé católica, com a qual fomos galardoados desde o momento bendito da Primeira Missa. Agradecemo-Vos nossa História, serena e harmoniosa, tão mais cheia de cultura, de preces e de trabalho, do que de desavenças e de guerras. Agradecemo-Vos nossas guerras justas, iluminadas sempre pela auréola da vitória. Agradecemo-Vos nosso presente, tão cheio de esperanças, sem embargo das crises que nos assolam.

Agradecemo-Vos as nações deste Continente, que nos destes por vizinhas e que, irmanadas conosco na Fé e na raça, na tradição e nas esperanças do porvir, percorrem ao nosso lado, numa convivência sempre mais íntima, o mesmo caminho de apreensões e de ascensão.

Agradecemo-Vos nossa índole pacífica e desinteressada, que nos inclina a compreender que a primeira missão dos grandes é servir, e que nossa grandeza, que desponta, nos foi dada não só para nosso bem, mas para o de todos. Agradecemo-Vos o nos terdes feito chegar a este estágio de nossa História, no momento em que pelo mundo sopram tempestades, se acumulam problemas, terríveis opções espreitam, a cada passo, os indivíduos e os povos. Pois esta é, para nós, a hora de servir ao mundo, realizando a missão cristã das nações jovens deste hemisfério, chamadas a fazer  brilhar, aos olhos do mundo, a verdadeira luz que as trevas jamais conseguirão apagar.

* * *

Nossa oração, Senhora, não é, entretanto, a do fariseu orgulhoso e desleal, lembrado de suas qualidades, mas esquecido de suas faltas.

Pecamos. Em muitos aspectos, nosso Brasil de hoje não é o País profundamente cristão com que sonharam Nóbrega e Anchieta. Na vida pública como na dos indivíduos, terríveis germes de deterioração se fazem notar, que mantêm em sobressalto todos os espíritos lúcidos e vigilantes.

Plinio Corrêa de Oliveira

A luta, uma das glórias de Maria

Concebida sem pecado original, Nossa Senhora esmagou e esmagará para todo o sempre a cabeça da maldita serpente. Agindo assim, Ela acrescenta às suas extraordinárias e singulares prerrogativas a glória da luta. Ela combateu, opôs um esforço a outro, despendeu todas as energias necessárias para aniquilar o adversário, derrotou-o e o tem a seus pés.

Esse combate aumenta a glória da Filha do Padre Eterno, da Mãe do Verbo Encarnado, da Esposa do Divino Espírito Santo!

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 8/12/1991)

Feudo da Rainha do Céu

É um fato curioso e edificante na vida da Igreja que, sendo esta depositária das verdades teológicas as mais altas e complexas, a massa dos fiéis, entretanto, servida por uma especial acuidade de visão, penetra e vive essas verdades ainda mesmo quando seu nível cultural pareceria vedar-lhe o acesso a qualquer atividade intelectual de ordem superior. Em tudo que se relaciona com a devoção a Nossa Senhora, esta observação se comprova com toda a clareza.

Com efeito, a doutrina marial e a devoção à Virgem Maria têm crescido constantemente, desenvolvendo-se, porém, não à moda de hipérboles afetivas e meramente literárias, mas como uma torre de raciocínios, firme como o granito, à qual cada geração de teólogos acrescenta mais alguns andares solidamente esteados no esforço diligente desenvolvido pela razão a fim de descobrir todo o alcance e extensão das verdades reveladas.

Entretanto, é tocante observar como a piedade popular, ignorando muitas vezes os argumentos da Teologia sagrada e deixando-se guiar em grande parte pela finura de sua sensibilidade, desce até  o âmago profundo das verdades teológicas ensinadas pela Igreja e sabe vivê-las com uma autenticidade de convicções e sentimentos que não se poderia explicar sem a ação do Espírito Santo.

Não há um povo que não tenha ao menos um grande Santuário nacional erigido em honra de Maria Santíssima, no qual a Rainha do Céu faça chover sobre os homens, com abundância, as graças  espirituais e temporais.

A Igreja nunca mandou que cada povo erigisse um Santuário nacional particularmente dedicado à Santíssima Virgem, mas se limitou a definir as verdades mariais. Na maioria dos casos, a piedade entusiástica dos fiéis tem seguido seu curso, a ponto de se poder sustentar que quase todas as festas de Nossa Senhora e as formas de piedade com que Ela é honrada nasceram na massa dos fiéis espontaneamente ou por meio de revelações particulares, sendo posteriormente sancionadas pela Igreja.

Isto porque a piedade popular sente viva e profundamente que Nossa Senhora é, na realidade, a Mãe de todos os homens, e especialmente dos que vivem no aprisco da Igreja de Deus. E sente, ainda, que a mediação d’Ela é a porta segura para se ter acesso junto ao trono do Criador.

Fazendo estas reflexões, lembro-me de Aparecida do Norte e das impressões profundas que tenho colhido sempre que ali vou rezar aos pés da Padroeira.

Onde, no Brasil inteiro, um lugar para o qual, com tanta e tão invencível constância, se voltam os olhos de todos os brasileiros?

Quem, ao ouvir falar em Nossa Senhora Aparecida, pode não se lembrar das súplicas abrasadoras de mães que rezam por seus filhos doentes; de famílias que choram, no desamparo e na miséria, o bem-estar perdido e se voltam para o trono da Rainha da clemência; de lares trincados pela infidelidade; de corações ulcerados pelo abandono e pela incompreensão; de almas que vagueiam pelo reino do erro à procura do esplendor meridiano da  Verdade; de espíritos transviados pelas veredas do vício que procuram, entre prantos, o Caminho; de almas mortas para a vida da graça e que querem encontrar, nas trevas de seu desamparo, as fontes de uma nova Vida?

Onde se pode sentir de modo mais vivo o calor ardente das súplicas lancinantes e a alegria magnífica das ações de graças triunfais?

Onde, com mais precisão, se pode auscultar o coração brasileiro que chora, que sofre, que implora, que vence pela prece, que se rejubila e que agradece, do que na Aparecida?

E sobretudo, onde é mais visível a ação de Deus na constante distribuição das graças, do que na vila feliz, que a Providência constituiu feudo da Rainha do Céu?

Plinio Corrêa de Oliveira

(“Pro Maria fiant maxima”, Legionário, N.º 379, 17 de dezembro de 1939)

 

Nossa Senhora Aparecida

Pode-se dizer que o Brasil é um feudo de Nossa Senhora enquanto concebida sem pecado original, ou seja, da Imaculada Conceição.

O fato dessa imagem ter sido encontrada no Rio Paraíba, no século XVIII, é de grande significado para o Brasil. Naquela época, embora francamente admitido pela maioria dos católicos, o dogma da Imaculada Conceição ainda não estava definido. E fazer uma profissão de Fé nesse augusto privilégio de Nossa Senhora constituía um distintivo de requintada ortodoxia.

Ora, exatamente a partir do aparecimento dessa imagem, mais de um século antes da definição dogmática, foi o Brasil colocado sobre o patrocínio da Imaculada Conceição. Isto indica um chamado especial da Mãe de Deus para nossa Pátria, e é motivo de imenso júbilo para todos os brasileiros devotos da Santíssima Virgem.

(Extraído de conferência de 12/10/1970 )

Meu filho, não duvides jamais!

Eu venho tão do alto… E posso tudo. Em Mim reside o reflexo perfeito da bondade incriada e absoluta. Aquilo que Eu quero doar porque sou boa, aquilo que desejo conceder porque sou Mãe, aquilo que posso dar porque sou Rainha, isso, meu filho, Eu dou! Eu não te digo uma palavra, mas faço algo muito melhor que falar a teus ouvidos… Eu te comunico uma graça que murmura no fundo de tua alma.

Sentes essa paz que transborda de Meu coração, que te envolve, te penetra e te cumula? Essa paz que nenhuma alegria terrena pode trazer, e que te faz sentir uma tranqüilidade interior, na qual ressoa minha voz, inaudível a teus sentidos: Tudo está resolvido! E aquilo que não estiver, resolver-se-á. Confia em Mim, Eu acertarei tudo.

As aparências podem não ser essas. Mas… Aceita esse sorriso, percebe esse sussurro, contempla essa bondade… E não duvides jamais!

Plinio Corrêa de Oliveira
Revista Dr Plinio 43 (Outubro de 2001)

Rainha dos Corações

O reinado de Jesus Cristo nas almas, afirma São Luís Maria Grignion de Montfort, só será efetivo quando Nossa Senhora reinar de maneira plena nos corações dos homens. Com palavras  pervadidas de veneração, Dr. Plinio nos mostrará as grandezas das virtudes da Santa Virgem Maria e o altíssimo mérito que alcançou, dando-Lhe o direito, outorgado por seu Divino Filho, de  exercer esse maternal e compassivo império sobre a vontade humana.

 

Supunham os antigos — como ainda hoje o fazem certas pessoas sem instrução especial — que o pensamento era elaborado pelos miolos, os quais seriam, portanto, a fábrica das idéias. Eles não  tomavam em consideração o papel espiritual da alma, determinante na gênese dos raciocínios. Ademais, achavam que os atos de vontade se formavam no coração, passando este a ser o símbolo das volições da criatura humana.

Soberana da vontade dos homens

Com base nessa última concepção, surgiu o culto aos corações de Jesus e de Maria, que é a devoção à vontade santíssima de Nosso Senhor e de Nossa Senhora.

Por sua vez, a Mãe de Deus se torna Rainha dos Corações ao ser venerada como a soberana da vontade de todos os homens. Tal domínio deve-se entender, não como uma violação da liberdade das pessoas, mas pelo fato de Nossa Senhora nos obter e distribuir uma abundância de graças que nos induzem, atraem, com supremo agrado, doçura e clareza para o que Ela deseja de bom para nós. Assim, é através da celestial influência dessas graças que Maria nos aparece como Rainha de todos os corações.

Em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, São Luís Grignion de Montfort escreve: “Maria é a Rainha do Céu e da Terra, pela graça, como Jesus é o Rei por natureza e  conquista”. Ou seja, Nosso Senhor é o Rei do universo por natureza, pois, sendo Homem-Deus, sua essência O constitui Monarca de toda a criação. Já Nossa Senhora é Rainha, não por natureza, mas pela graça recebida de Deus. Rei também é Jesus, por conquista.

Com sua Paixão e Morte redimiu o gênero humano e alcançou para Si a realeza sobre o Céu e a Terra. Continua São Luís: “Ora, como o reino de Jesus Cristo  compreende principalmente o coração ou o interior do homem, conforme a palavra: ‘O reino de Deus está no meio de vós’ (Lc 17, 21)…” “No meio de vós”, quer dizer, sobre os vossos corações. “…o reino da Santíssima Virgem está principalmente no interior do homem, isto é, em sua alma, e é principalmente nas almas que Ela é mais glorificada em seu Filho, do que em todas as criaturas visíveis, e podemos chamá-La com os santos a Rainha dos corações” (nº 38).

Aos pés da Cruz, última troca de olhares

Essas verdades se prestam a algumas considerações. Imaginemos, por exemplo, uma pessoa na ilha Fernando de Noronha. Esse território é uma espécie de gigantesco navio parado, com suas âncoras agarradas ao fundo do oceano. A partir dessa posição maravilhosa, o visitante contempla o mar, regalando-se com aquele esplendor e se entusiasmando: “Como isto é belo!” Se for piedoso  e amar Nossa Senhora, ele deve ter o hábito de reportar à Santíssima Virgem tudo quanto pensa, e dizer: “Como será o Imaculado Coração de Maria, imensamente maior que todo esse panorama, não pelo tamanho físico, mas pelo valor, etc.”. E podem vir à sua mente outras cogitações muito boas sobre a extensão e a qualidade dos predicados de Nossa Senhora. Para compreendermos como   mar é uma vil gota d’água em comparação com a grandeza da alma de Maria, basta considerarmos a Mãe de Deus durante a Paixão. Seu sofrimento ao encontrar Nosso Senhor Jesus Cristo carregando a Cruz é indizível!

Ela viu o divino Filho injustamente posto naquela situação, tratado de modo brutal por uma algaravia de gente péssima, aproximou-se d’Ele e O abraçou. Esse gesto não significava apenas um consolo, mas também uma exaltação, como se Lhe dissesse: “Meu Filho, Eu vos louvo por estardes padecendo assim pela humanidade, para a glória de Deus!”

Por quê? Porque é glorioso para Deus ter o reino das almas, e Jesus o estava conquistando ao redimir todas as almas criadas, vertendo por elas seu sangue preciosíssimo. Nossa Senhora consentiu nesse holocausto de Jesus, louvou-O e subiram juntos ao Calvário. A meu ver, a cena mais empolgante ali passada foi o último olhar de Nosso Senhor, indiscutivelmente dirigido à sua Mãe. E Ela O fitava nesse momento, pois tenho para mim que, durante todo o tempo junto à Cruz, Maria Santíssima não afastou seus olhos dos de seu Filho. Nessa suprema troca de olhares, Maria percebeu, notando o sofrimento extremo de Jesus, que a derradeira hora se aproximava.

Nosso Senhor então disse aquelas palavras de despedida a Ela e a São João: “Filho, eis aí tua Mãe; Mãe, eis aí teu filho…”

Co-redentora do gênero humano

É oportuno recordar aqui o ensinamento da Tradição católica, segundo o qual o Padre Eterno, ao dispor que Cristo deveria morrer como vítima de expiação pelos nossos pecados, desejou para isso o consentimento da Santíssima Virgem.  Claro está, absolutamente falando, não havia necessidade dessa anuência da parte de Nossa Senhora para que Deus Pai levasse a efeito seus desígnios sobre a Redenção dos homens.

Pensemos, porém, cada um em nossa própria mãe, diante dessa pergunta: “A senhora quer entregar o seu filho, fulano de tal, para ser vilipendiado, perseguido, desprezado e odiado pelo povo, flagelado, coroado de espinhos, e em seguida arrastar uma cruz até o Calvário e aí ser morto de modo atroz?”. Supérfluo dizer que ela não quereria! Nenhuma mãe deseja semelhante sorte para seu filho.

Entretanto, a Santíssima Virgem, ciente de que deveria oferecer Jesus em holocausto para a salvação dos homens, não hesita um só instante, e se inclina à superior vontade  divina. Por essa razão ela sofreu espiritualmente uma dor tão acerba que, de modo figurativo, compara-se à ferida causada por um gládio que traspassou seu Coração. A iconografia católica perpetuou a lembrança deste padecimento da Virgem Santíssima,  através da imagem de Nossa Senhora das Dores, venerada em inúmeras igrejas do mundo.

Esse sacrifício participativo de Maria na Paixão de Jesus, o consentimento d’Ela em que o Salvador fosse imolado de forma tão cruel e dilacerante  pela remissão de nossos pecados, os méritos desse sofrimento indizível da Virgem unidos aos méritos infinitos do martírio de Jesus, tudo isso granjeou-Lhe o título de Co-redentora do gênero humano. Junto com Nosso Senhor, Ela abriu para nós as portas do Céu e nos alcançou a vida da graça. Tornou-se, outrossim, digna de possuir o domínio de todos os corações.

“Sede Rainha de minha alma, para eu ser inteiramente vosso”

Compreendamos bem quão augusto é esse império sobre a vontade  dos homens. Imaginemos o indivíduo mais inculto, mais tosco de sentimentos e de disposições mais vis que possa haver. Nossa Senhora ser a Rainha do coração dele representa uma grandeza incomparavelmente maior do que imperar sobre os mares, as constelações, os planetas e o universo inteiro criado! Tal é o valor de  uma alma, ainda que a do último dos homens. Que dizer, então, do ser Ela soberana de todas as almas?! Reitero o que já tive oportunidade de afirmar: essa realeza de Maria é voltada de modo exclusivo para nos fazer o bem, para nos atrair para a prática da virtude, para nos conduzir à santidade a que somos chamados.

É um poder que nos revela a sua onipotência suplicante em nosso favor, enchendo-nos de consolação e confiança no seu infatigável auxílio. Assim, imbuídos dessa verdade admirável, dirijamos a Nossa Senhora este filial pedido: “Minha Mãe, Vós sois Rainha de todas as almas, mesmo das mais duras e empedernidas, desejosas contudo de se abrirem à vossa misericórdia. Peço-Vos, pois, sede Rainha de minha alma, quebrai nela os rochedos de maldade, as resistências abjetas que de Vós me separam. Dissolvei,  por um ato de vosso império, as paixões desordenadas, as volições péssimas, os restos dos meus pecados passados que tenham permanecido no meu íntimo.

Limpai-me, ó minha Mãe e Rainha, para que  eu seja inteiramente vosso.

Amém”.

Plinio Corrêa de Oliveira

Nossa Senhora do Rosário

Nossa Senhora do Rosário: a invocação é lindíssima! Rosário faz de Maria Santíssima a grande fonte de inspiração de nossa meditação e o alvo imediato de nossa oração durante a meditação.

Por causa dessa focalização muito especial de Nossa Senhora, o Rosário é a devoção marial por excelência.
Foi revelada pela Santíssima Virgem a São Domingos de Gusmão, que estava lutando contra uma “lepra” que infectava o Sul da França, com penetrações no litoral mediterrâneo da Espanha: a heresia albigense.
Para vencer esta heresia, Nossa Senhora revelou o Rosário que ficou, assim, o símbolo da alma ortodoxa e devota d’Ela.

Aquilo que matou o prenúncio da Revolução, adiando durante alguns séculos a eclosão da Revolução protestante, é indicado pela Mãe de Deus para o adiamento do fim do mundo e para obtermos a nossa própria fidelidade.

Santo Rosário é, pois, uma devoção de luta! Estamos numa época de luta. Peçamos a Nossa Senhora que faça de nós lutadores inteiramente d’Ela.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferências de 6/10/1966 e 12/4/1985)

Seguríssimo Refúgio

Nossa Senhora é seguríssimo refúgio e fidelíssimo auxílio de todos os que estão em perigo. Não há mãe verdadeiramente católica que não sinta receio pelo que possa suceder a seu filho. Ora, Maria Santíssima, a melhor de todas as mães, quanta solicitude não terá para com seus filhos que vivem neste mundo, sujeitos a toda sorte de riscos?

Mais ainda. Concebida sem pecado original, confirmada em graça desde o primeiro instante de seu ser, Nossa Senhora é Aquela que esmagou a cabeça da infernal serpente. Ela pode, portanto, arrancar qualquer pecador das garras do demônio, e  impedir toda influência que este procura ter sobre as almas.

Esse insondável poder da Santíssima Virgem é uma razão de confiança e de alento para nossa vida espiritual. Em nossos momentos de tentação, nas horas em que temos medo de sucumbir ao pecado, lembremo-nos deste seguríssimo refúgio, deste fidelíssimo auxílio que nos oferece a Santa Mãe de Deus.

Plinio Corrêa de Oliveira