A mesma Mãe

Entre o Verbo encarnado e nós há algo em comum, algo insondavelmente precioso: temos a mesma Mãe! Mãe perfeita desde o primeiro instante de seu ser concebido sem mácula. Mãe santíssima de tal maneira que, em cada momento de sua existência, não cessou de corresponder à graça; apenas cresceu, cresceu e cresceu até alcançar inimaginável elevação de virtude.

Essa Mãe, d’Ele e nossa, tem misericórdia do filho mais esfarrapado, torto, desarranjado; e quanto mais desarranjado, torto e esfarrapado, maior sua compaixão materna.

Minha Mãe: aqui estou eu. Tende pena de mim hoje, agora, como sempre tivestes e, espero, sempre tereis. Purificai-me, ordenai-me, tornai minha alma cada vez mais semelhante à vossa e à d’Aquele que, como a mim, é dada a indizível felicidade de vos ter por Mãe!

Plinio Corrêa de Oliveira

A Torre de Marfim

Poucas imagens poderiam dar tanto a id eia de intransigência, quanto a torre de marfim. É a fortificação feita de material limpíssimo, alvíssimo, duríssimo, que é bem a representação da pureza e da santa intolerância. É a torre da integridade, da segurança de quem não tem falsas condescendências, e onde o homem se mostra superior em relação às vulgaridades e baixezas deste mundo.

Na criação, Nossa Senhora, que é a Arca da Aliança, a Porta do Céu, vista sob outro aspecto, bem merece ser chamada a Torre de Marfim, pelo fato de que Ela, entre todas as criaturas, levanta-se como uma torre. Só Ela teve a conceição imaculada; só Ela obteve o privilégio da virgindade antes, durante e depois do parto; só Ela correspondeu à graça de modo a ser objeto inteiro de toda a predileção e de toda a complacência de Deus.

Nas guerras de outrora, as torres eram dispositivos de defesa, a partir dos quais eram repelidos os ataques dos inimigos. Ora, a Santíssima Virgem se apresenta como uma fabulosa antítese de toda sorte de erro e de mal. Assim, Ela é bem uma torre, e uma torre de marfim, no meio de todas as degradações, misérias e corrupções que existem no mundo. Ela é inteiramente casta, Virgem entre as virgens, sempre obediente a Deus, Rainha de tudo e de todos.

Verdadeiramente, Nossa Senhora se ergue como uma torre na planície: torre puríssima de marfim, invulnerável ao pecado, indiferente a todas as investidas de seus adversários, voltada apenas para Deus.

 

Plinio Corrêa de Oliveira

CAUSA DE NOSSA ALEGRIA

EMBORA SENDO MERA CRIATURA, MARIA SANTÍSSIMA FOI DE TAL MODO CUMULADA DE GRAÇAS PELA PROVIDÊNCIA DIVINA QUE – PODE-SE AFIRMAR – TODAS AS SANTAS ALEGRIAS DA TERRA E DO CÉU NÃO SE COMPARAM COM A ALEGRIA D’ELA.

NA VERDADE, NOSSA SENHORA, SOZINHA, É MAIS INUNDADA DE GLÓRIA, TEM UMA MAIOR ABUNDÂNCIA DE FELICIDADE E DE INTIMIDADE COM DEUS, UMA MAIOR VENERAÇÃO PARA COM ELE E RECEBE DA PARTE D’ELE UM MAIOR RESPEITO, DO QUE TODAS AS CRIATURAS ANGÉLICAS E HUMANAS REUNIDAS!

SE, COMO ARDENTEMENTE DEVEMOS DESEJAR, NOSSA SENHORA NOS OBTIVER A GRAÇA DA SALVAÇÃO ETERNA, A NOSSA MAIOR ALEGRIA NO CÉU, DEPOIS DA VISÃO BEATÍFICA, SERÁ CONTEMPLAR A ALMA SANTÍSSIMA DE MARIA E, NELA, OS REFLEXOS DAS INFINITAS PERFEIÇÕES DE DEUS NOSSO SENHOR.

Pastorinhos de Fátima

Aos pastorinhos Jacinta e Francisco, Nossa Senhora destinou a missão de sofrer pela salvação dos pecadores. O exemplo de suas vidas nos faz compreender como o apostolado do sofrimento é verdadeiramente insubstituível.

Todas as grandes obras de Deus, máxime as que tratam da salvação das almas, em geral se fazem com a participação de outras almas que lutaram, sofreram e rezaram para que essas obras de fato se realizassem. Sempre é preciso a participação do sofrimento humano. Sem ele, nada de grande se faz.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência em 19/2/1965)

Santos Pastorinhos

Nossa Senhora quis que Jacinta e Francisco morressem em circunstâncias tão difíceis e sofrendo tanto, por serem necessárias vítimas que associassem suas dores e o sacrifício de suas vidas ao mistério de Fátima, bem como à fecundidade desejada pela Santíssima Virgem, na ordem sobrenatural, para os fatos anunciados na Cova da Iria.

Apesar de ter havido ali uma intervenção direta da Mãe de Deus, atestada por milagres estupendos como, por exemplo, a movimentação do Sol, Ela quis que duas almas oferecessem as suas vidas e se imolassem para que aquele plano da Providência tivesse a fecundidade necessária.

Isso nos faz compreender bem como o apostolado do sofrimento é insubstituível e abre os caminhos para a Igreja.

Peçamos a Jacinta e Francisco que nos obtenham o senso do sofrimento, indispensável para qualquer católico ser verdadeiramente generoso e dedicado.

Plino Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 19/2/1965)

“Maior felicidade de minha vida”

Eu tive a maior felicidade de minha vida em algo que me encheu de entusiasmo, desde pequeno: a Santa Igreja Católica Apostólica Romana!

Mais do que qualquer pessoa, qualquer panorama ou qualquer flor, incomparavelmente mais do que qualquer delícia ou iguaria, ela me falava à alma!

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 12/5/1984).

Saúde dos enfermos

O  homem que, em consequência do pecado original, está sujeito às mais aflitivas doenças, amiúde recorre à Santíssima Virgem suplicando-Lhe a cura de seus males. Por isso a Igreja A invoca como a “Saúde dos enfermos”.

Não raras vezes, Nossa Senhora permite doenças e provações físicas a fim de que os homens, curados por sua intercessão, sintam a maternal bondade com que a Mãe de Deus os atende e sejam, assim, por Ela mais atraídos e conquistados. Nossa Senhora, Saúde dos enfermos é, portanto, num primeiro plano, Aquela que restitui a saúde corporal aos homens.

Será só isto? Maria é Mãe apenas quando trata de nossos males? Não será também insigne favor o fato de Ela permitir que nos acometa alguma doença, e que esta perdure longamente? Muitas vezes sim. A doença pode ser um meio mais excelente de nos aproximar d’Ela, de tomarmos distância das coisas do mundo, de compreendermos como é transitória a vida, de purificarmos nossa alma de inúmeros pecados e defeitos. Neste caso, a doença é um bem para nós. De tal sorte que podemos dizer a Nossa Senhora: “Se essa enfermidade for melhor para minha alma, eu a aceito. Porém, Vós tendes o poder de abreviá-la, caso esteja nos desígnios de Deus fazer-me mais bem a saúde do que a doença. Se tal for, se meus pecados não constituírem obstáculos à vossa misericórdia, peço-Vos que me cureis. Do contrário, acolho com humildade o que me destinais”.

Sobretudo devem se dirigir a Maria Santíssima os pecadores, para que Ela restitua a saúde às suas almas enfermas da pior das doenças, que é o pecado.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 8/9/1970)

Revista Dr Plinio 251 (Fevereiro de 2019)

A grande catedral de Deus

Nossa Senhora é o jardim, o palácio, a grande catedral de Deus, inteiramente perfeita, dotada com tais graus de insondável beleza que nos é impossível sequer imaginar.

Alguém que tivesse do universo criado um conhecimento pleno, mas não conhecesse a Virgem Santíssima, seria pouco mais que nada em comparação daquele que ignorasse tudo a respeito da natureza, mas conhecesse a excelsa figura de Maria. De tal maneira a Mãe de Deus é superior a tudo, e sua alma, paradisíaca, repleta de acordes de uma sinfonia celestial.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência em 2/2/1969)

Para Vos glorificar, ó Mãe!

Sabemos, ó Mãe boníssima, não sermos dignos de nos aproximar de vosso Filho Divino, posto o incomensurável abismo de indignidade que d’Ele nos separa. Porém, maiores do que esse abismo, ó Mãe, são a vossa misericórdia e o vosso amor por todos e cada um dos filhos que tendes sobre a face da Terra, e em especial pelos batalhadores do bom combate que, desde há muito, desejastes  lutassem por Vós e vosso adorável Filho nos dias amargos em que vivemos.

Assim, Mãe Santíssima, vida, doçura e esperança nossa, rogamo-Vos: que a vossa misericórdia preencha esses abismos e faça descer até nós a plenitude da clemência de Cristo Jesus; que a vossa  onipotente intercessão nos alcance a perfeição moral, a integridade de doação e o inteiro cumprimento de nossa vocação — para, desse modo, Vos rendermos a excelsa glória que tanto vos  devemos!

O segredo da calma

Pelo dom de profecia, Maria Santíssima conheceu individualmente todos os homens que existiriam até o fim do mundo, com suas qualidades e defeitos, e tem para com cada um a misericórdia incalculável da melhor das mães.

Devemos, pois, ter a certeza de que pedindo-Lhe qualquer coisa, obteremos. Pode ser que alguém peça algo que não seja para o seu próprio bem. Neste caso, Nossa Senhora não dará. Porém, até nisso entra a misericórdia d’Ela porque, conhecendo melhor do que nós o que nos convém, a Mãe de Deus nos concede outra graça mais valiosa do que aquela pedida por nós.

Mesmo que estejamos em estado de pecado, a Santíssima Virgem tem pena de nós e nos obtém graças preciosas para nos emendarmos e brilharmos diante d’Ela por toda a eternidade.

Sendo assim, não há razão para ficarmos nervosos e agitados, pois ainda que não compreendamos por que está acontecendo algo de muito triste conosco, devemos estar tranquilos, pois a nossa Mãe vela por nós.

A perfeição consiste, portanto, em manter-se sereno e tranquilo, compreendendo que tudo se faz pela vontade de Nossa Senhora. Aí está o segredo da calma.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 12/10/1990)

Revista Dr Plinio 239 (Fevereiro de 2018)