O acerto e a autenticidade de uma obra podem ser medidos pela sua perenidade. Possui o tempo o condão de ressaltar os aspectos centrais de algo, diluindo o que pode haver de secundário, acidental ou equivocadamente avaliado. As pessoas e os acontecimentos adquirem, assim, sua verdadeira dimensão.
Algo análogo se passa com o Sol que, à medida que se põe, faz com que cresçam as sombras dos objetos de maneira insuspeitada horas antes. Por essa razão, neste 110º aniversário do nascimento de Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, mais nítida e objetivamente se pode avaliar a envergadura de sua pessoa, pensamento e obra. Obrigado, por fidelidade à Fé católica, que ele prezava mais do que tudo nesta terra, a remar tantas vezes contra a maré, até mesmo dentro das fileiras católicas, sofreu ele muitas e dolorosas incompreensões. A História do século XX, como deste em que vivemos, tem confirmado o acerto profético de suas denúncias contra os desvios doutrinários que observara em seu nascedouro no seio da Ação Católica, da qual foi presidente na Junta Arquidiocesana de São Paulo, nos idos de 1940. Por suas posições de fidelidade inteira à Tradição e ao Magistério da Igreja, foi vítima de inexplicável intolerância que o conduziu a um completo, meticuloso e injusto ostracismo. Incompreendido por muitos nas fileiras dos movimentos católicos, não se intimidou e, até o fim de seus dias, batalhou incansavelmente pelas causas que interessavam à Santa Igreja.
Seu nome tornou-se, assim, uma bandeira, e basta ser ele pronunciado em um ambiente mais culto para despertar entusiasmos e rejeições muitas vezes acaloradas. Até mesmo gerações que não o conheceram se dividem a seu respeito. Ou seja, foi um varão que, passados um século e um lustro de seu nascimento, continua a marcar a História. Nesse sentido, ele é, à imitação de Jesus Cristo, uma pedra de escândalo em relação à qual não há neutros. Os textos de sua autoria, por sua profundidade de análise, vastidão de horizontes e originalidade verdadeiramente profética, indicam rumos à humanidade tão desorientada de nossos dias. O passar dos anos foi confirmando inúmeras de suas previsões, projetando a sua pessoa de maneira ímpar.
A respeito de “Revolução e Contra-Revolução”, obra mestra em que Dr. Plinio apresenta a sua visão do processo histórico que desembocou na crise contemporânea, o ilustre teólogo Pe. Anastácio Gutierrez, CMF, na introdução da edição de 1993, assim se expressa: “é uma obra magistral, cujos ensinamentos deveriam ser difundidos até fazê-los penetrar na consciência de todos os que se sintam verdadeiramente católicos […]. Em suma, atrever-me-ia a dizer que é uma Obra profética no melhor sentido da palavra; mais ainda, que seu conteúdo deveria ensinar-se nos centros superiores da Igreja.” E tal abalizado juízo pode, com toda a propriedade, estender-se a todo o conjunto do pensamento de Dr. Plinio. Por certo, se os inúmeros alertas de Dr. Plinio tivessem sido ouvidos, a situação dos movimentos católicos seria outra. E, em consequência, os destinos de nosso País e do mundo ocidental também teriam sido bem diversos.