Um Santo aparentemente fracassado
Santo Olavo e o Êxito do Apostolado
Certas concepções um pouco simplistas dizem que tanto o êxito quanto
o fracasso dependem da pessoa que faz o apostolado. Entretanto, é
preciso considerar que o sucesso está sujeito também à cooperação
daqueles junto aos quais se age. Por isso, até mesmo os Santos podem
fracassar quase por inteiro. É o caso de Santo Olavo, Rei da Noruega.
O êxito do apostolado não depende apenas do apóstolo
Certas concepções um tanto simplistas afirmam que tanto o êxito quanto o fracasso dependem exclusivamente da pessoa que realiza o apostolado. No entanto, é preciso considerar que o sucesso está sujeito também à cooperação daqueles junto aos quais se atua. Por isso, até mesmo os santos podem parecer fracassar quase por inteiro.
É o caso de Santo Olavo, Rei da Noruega.
Vida e missão de Santo Olavo, Rei da Noruega
No dia 29 de julho, a Igreja celebra a festa de Santo Olavo II — também chamado Olavo, o Santo — Rei da Noruega. Governou com sabedoria e retidão.
Filho de Haroldo, príncipe do Folde Ocidental, Olavo nasceu no final do século X, numa época em que a Noruega vivia sob o jugo alternado da Suécia e da Dinamarca. Essas nações escandinavas disputavam continuamente a sucessão ao trono norueguês.
Por volta de 1017, Olavo alistou-se no exército e decidiu libertar a pátria, particularmente do domínio de Canuto, o Grande, rei da Dinamarca, que aspirava ao trono norueguês. Com apoio do povo, insurgiu-se, foi eleito rei e fixou a capital em Trondheim.
Um rei que quis a glória de Deus
Durante seus 17 anos de reinado:
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Organizou a nação;
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Catequizou o povo;
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Uniu-se ao rei da Suécia para difundir o Cristianismo;
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Enviou expedições para converter a Groenlândia e a Islândia.
Por combater os abusos de nobres desleais, Olavo foi traído por eles, que aliaram-se a Canuto. Este declarou guerra contra o santo rei. Olavo saiu ao campo de batalha, mas sem o apoio necessário do povo, foi derrotado e morreu heroicamente em Stiklestad, no ano de 1030.
Uma derrota que preparou a vitória futura
Após sua morte:
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A Noruega caiu novamente sob o domínio dinamarquês.
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Arrependidos, os noruegueses o proclamaram padroeiro da nação.
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Em 1098, seu corpo foi encontrado incorrupto e transferido para a Catedral de Trondheim.
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O Martirológio Romano o reconheceu como mártir.
Mesmo após a Reforma, a Noruega manteve a Ordem de Santo Olavo como símbolo nacional.
Um santo fundador
Santo Olavo é um exemplo típico dos santos fundadores da Idade Média: homens providenciais, escolhidos por Deus para obras extraordinárias.
Ele não buscou o poder por vaidade ou ambição, mas quis as coisas temporais com vistas à glória de Deus e ao bem da Igreja Católica. Por isso, é um verdadeiro fundador de nação: não apenas estruturou um reino, mas procurou dar-lhe uma alma cristã.
A semente do sacrifício
Apesar da ingratidão do povo e da oposição de parte da nobreza, algo da obra de Santo Olavo permaneceu:
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Um senso nacional resistente;
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A inspiração cristã para futuras gerações;
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A esperança de reconversão da Noruega à fé católica.
Embora o país hoje seja protestante e profundamente influenciado pelo socialismo, a semente do sacrifício de Olavo permanece viva. Se algum dia a Noruega retornar ao seio da Igreja, certamente será pela intercessão e exemplo desse rei santo.
Reflexão sobre o êxito no apostolado
Este episódio é uma lição clara contra certas teorias modernas e mecanicistas sobre o apostolado, como a que circula em alguns meios da Ação Católica: a ideia de que, se o apóstolo usar técnicas adequadas, seu sucesso será garantido — e, se fracassar, a culpa é dele.
Essa concepção é determinista e ilusória. Santo Olavo fez tudo o que estava ao seu alcance. Mesmo assim, foi rejeitado. O êxito do apostolado depende da cooperação daqueles a quem ele se dirige.
Como ensina Santo Agostinho:
“Qui creavit te sine te, non salvabit te sine te.”
(“Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem ti.”)
Os homens negaram a Olavo o concurso necessário. Aos olhos humanos, ele fracassou. Mas aos olhos de Deus, não. E isso é o que importa.
Conclusão
Mesmo as obras dos santos podem parecer fracassar, mas isso não invalida a sua grandeza. Pelo contrário: o verdadeiro êxito do apostolado é ser fiel à vontade de Deus, mesmo que isso exija o sacrifício de tudo, inclusive da própria vida.
(Texto extraído de uma conferência proferida em 29/7/1965)
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