Vós fostes, Senhor

“Vós fostes, Senhor, um modelo de paciência. Vossa paciência não consistiu, entretanto, em morrer esmagado debaixo da Cruz, quando Vo-la deram.

Conta uma piedosa revelação que, quando recebestes das mãos dos verdugos vossa Cruz, Vós a beijastes amorosamente, e, tomando-a sobre os ombros, com invencível energia a levastes até o alto do Gólgota. Dai-nos, Senhor, essa  capacidade …. de sofrer heroicamente, não apenas suportando o sofrimento, mas indo ao encontro dele, procurando-o e carregando-o, até o dia em que tenhamos a coroa da vitória eterna.”

Plinio Corrêa de Oliveira

Oração a Jesus

Meu amável Jesus, permiti que eu me dirija a Vós, para vos testemunhar o meu reconhecimento pela graça que me tendes feito, dando-me a vossa Santa Mãe pela devoção da escravidão, para ser minha advogada junta à vossa majestade e o complemento universal da minha grande miséria.

Infeliz de mim, Senhor, que sou tão miserável que, sem esta boa Mãe, estaria infalivelmente perdido. Sim, em tudo Maria me é necessária junto de Vós; necessária, para vos aplacar em vossa justa cólera, pois vos tenho ofendido tanto, todos os dias; necessária, para sustar os castigos eternos de vossa justiça, que mereço; necessária, para vos olhar, para vos falar, vos pedir, vos tornar propício e vos agradar; necessária, para salvar a minha alma e a dos outros; necessária, em uma palavra, para fazer sempre a vossa santa vontade e buscar em tudo a vossa maior glória.

Ah! se eu pudesse publicar pela universo esta misericórdia que tivestes comigo; se todo o mundo soubesse que, sem Maria, eu já estaria condenado; se eu pudesse dar dignas ações de graças por tão grande benefício. Maria está em mim, “haec facta est mihi”. Oh! que tesouro! que consolação! E, depois disto, não me entregaria eu todo a Ela? Oh! Que ingratidão, meu caro Salvador! Antes morrer do que esta desgraça!   Prefiro morrer a viver sem ser todo de Maria. Mil e mil vezes a tomei por todo o meu bem, como São João Evangelista ao pé da cruz, e outras tantas vezes me entreguei a Ela. Mas, meu bom Jesus, se ainda não a fiz conforme os vossos desejos, faço-o agora como quereis que o faça. Se vedes alguma coisa em minha alma e meu corpo que não pertença a esta augusta Princesa, peço-vos arrancar-mo e lançá-lo fora, porque tudo que não pertence a Maria é indigno de Vós.

O’ Espírito Santo, concedei-me todas estas graças; e plantai, orvalhai e cultivai em minha alma a amável Maria, que é a árvore de vida verdadeira, a fim de que cresça, floresça e dê fruto de vida em abundância. Ó Espírito Santo, dai-me uma grande devoção e uma grande predileção por vossa Esposa divina, um grande apoio em seu seio de Mãe e um recurso contínuo em sua misericórdia, para que nela formeis em mim Jesus Cristo ao vivo, grande e poderoso, até à plenitude de sua idade perfeita. Assim seja.

Oração da alma reta

Minha Mãe, se é verdade que, infelizmente, permaneço com este defeito, consegui, pelo menos, vê-lo e detestá-lo por inteiro! Eu me inclino diante de Vós e Vos peço perdão porque pequei e andei mal. Dai-me vossa misericórdia e vossa ajuda!

Estou certo de que virá o dia no qual Vós tereis pena de mim e me atendereis! Então, depois de tanto me humilhar, bater no peito e detestar minha maldade, acabará nascendo em mim uma luz, uma força, uma capacidade de me modificar, por onde me sentirei outro; e, de repente, estarei felizmente resgatado, livre do defeito que eu tinha.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 18/11/1978)

Pela dor do santo Encontro…

Quem, Senhora, vendo-Vos assim em pranto, ousaria perguntar por que chorais? Nem a terra, nem o mar, nem todo o firmamento poderiam servir de termo de comparação à Vossa dor. Dai-me, minha Mãe, um pouco, pelo menos, dessa dor. Dai-me a graça de chorar a Jesus, com as lágrimas de uma compunção sincera e profunda:

“Ó minha Mãe, pela dor do santo Encontro, obtende-me a graça de ter sempre diante dos olhos Jesus Sofredor e Chagado, precisamente como O vistes neste passo da Paixão.”

Plinio Corrêa de Oliveira (Da Via-Sacra composta por Dr. Plinio em 1951).

 

“Em vossa Cruz começastes a reinar!”

Já não estais por terra, meu Deus. A Cruz lentamente se levantou, não para Vos exaltar, mas para proclamar bem alto vossa ignomínia, vossa derrota, vosso extermínio. Entretanto, era o momento de se cumprir o que Vós mesmo havíeis anunciado: “Quando for elevado, atrairei a Mim todas as criaturas” (Jo 12, 32). Em vossa Cruz – humilhado, chagado, agonizante – começastes a  reinar sobre esta Terra. Numa visão profética, víeis todas as almas piedosas de todos os tempos, que viriam a Vós.

Meu Deus, foi na Cruz que começou vossa glória, e não na Ressurreição. Vossa nudez é um manto real, vossa coroa de espinhos um diadema sem preço, vossas chagas são a vossa púrpura.

Ó Cristo Rei, como é verdadeiro considerar- Vos na Cruz como um Rei! Mas como é certo que nenhum símbolo exprime melhor a autenticidade dessa realeza quanto a realidade histórica de vossa nudez, de vossa miséria, de vossa aparente derrota.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de “O Legionário”, abril de 1943)

Como nas Bodas de Caná

Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, se considero minhas insuficiências e infidelidades, tenho todos os motivos para estremecer.

Mas me refugio na vossa misericórdia como a criança faltosa nos braços de sua mãe.

Eu me ofereço todo a Vós para que leveis a cabo em mim a obra que eu mesmo jamais conseguiria executar. Fazei de mim um perfeito escravo vosso.

Aceitai, ó Mãe dulcíssima, minhas fraquezas e até as minhas faltas, e obtende que umas e outras se transmudem em virtudes como obtivestes que a água se mudasse em vinho nas Bodas de Caná.

Oh, minha Mãe, aqui está um filho pecador, infiel e ingrato. Mas dizei uma só palavra e se operará a mudança fundamental que fará de mim um verdadeiro filho vosso. Assim seja.

(Composta em 14/1/1968)

Plinio Corrêa de Oliveira

Presépio

Repousais, Senhor, em vosso misérrimo e augustíssimo presépio, sob os olhos da Virgem, vossa Mãe, que vertem sobre Vós os tesouros inauferíveis de seu respeito e de seu carinho. Jamais uma criatura adorou com tão profunda e respeitosa humildade o seu Deus.

Nunca um coração materno amou mais ternamente seu filho. Reciprocamente, jamais Deus amou tanto uma mera criatura. E nunca filho amou tão plenamente, tão inteiramente, tão super abundantemente sua mãe.

Toda a realidade desse sublime diálogo de almas pode conter-se nestas palavras que indicam aqui todo um oceano de felicidade, e que em ocasião bem diversa haveríeis de dizer um dia do alto da Cruz: Mãe, eis aí teu filho. Filho, eis aí tua Mãe (cf. Jo 19, 26). E, considerando a perfeição deste recíproco amor, entre Vós e vossa Mãe, sentimos o cântico angélico que se levanta das profundezas de toda alma cristã: “Glória a Deus no mais alto dos Céus, e paz na terra aos homens de boa vontade” (Luc 2, 14).

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de “Catolicismo” n° 156, dezembro de 1963)