11 de fevereiro – Lourdes, milagre da misericórdia de Maria

Lourdes, milagre da misericórdia de Maria

A fim de nos associarmos ao júbilo de todo o orbe católico pelos 150 anos das aparições de Lourdes, nada melhor do que recordarmos aqui palavras de Dr. Plinio, repassadas de devoção e entusiasmo diante das incontáveis maravilhas que a maternal clemência de Maria Santíssima tem prodigalizado aos homens no célebre santuário.

Quando menos esperava, a pequena camponesa Bernadette Soubirous foi objeto de uma graça indizível: a Providência a escolhera para ser a vidente à qual Maria Santíssima apareceria, numa gruta de Lourdes. A partir do dia 11 de fevereiro de 1858, as visões se sucederam, e foram o prenúncio da série de milagres que não estancaram até hoje, deixando a impiedade confundida e emudecida. Por outro lado, serviram de ocasião para uma imensa expansão da devoção a Nossa Senhora pelo mundo inteiro. As curas prodigiosas de Lourdes se repetiam e se transformaram num cântico de glória à Imaculada Conceição, dogma promulgado há pouco mais de três anos pelo Papa Pio IX.

Nossa Senhora se impõe ao desprezo dos ímpios

Lourdes é, na verdade, uma das mais extraordinárias manifestações da luta de Nossa Senhora contra o demônio, pois essa aparição se deu no auge das perseguições e depreciações movidas pelo anticlericlaismo do século XIX para enfraquecer a Igreja. Muitos, acovardados pelo respeito humano, fingiam não ter mais fé. Poucos professavam claramente a religião católica, e os que não o faziam, pediam provas dela.

Nossa Senhora então aparece e têm início os milagres, operados com a solicitude e magnanimidade maternais da Virgem Santíssima. Das pedras da gruta de Massabielle passou a jorrar um curso de água que ainda não existia. Naturalmente, os doentes, que pensam em tudo para aliviar as suas dores, puseram-se a se banhar nessas águas e — oh! maravilha! — começam a se curar em número surpreendente.

Não querendo dar a mão à palmatória, os ímpios logo erguem a voz, afirmam não se tratarem de doenças autênticas e, portanto, não o eram também as curas. Não podia haver milagre, porque a veracidade deste os esmagaria.

A fim de eliminar quaisquer dúvidas e fazer triunfar a insondável bondade de Nossa Senhora, a Igreja instituiu um centro médico especial, com todos os recursos mais modernos que a ciência possuía, para analisar e comprovar as enfermidades antes de os doentes se banharem. Munidos do atestado, eles entravam nas águas e pouco depois saíam — várias vezes, nem sempre — cantando as glórias de Nossa Senhora, porque tinham obtido a cura. Os médicos faziam novo exame e, conforme o caso, declaravam não haver explicação científica para o restabelecimento do doente.
No decorrer dos meses e dos anos as curas foram se multiplicando, e a piedade católica constituiu todo um dossier sobre essa maravilhosa manifestação da compaixão de Deus para com os homens.

Três atitudes de Maria face à dor humana

Esses milagres, assim como todos os acontecimentos de Lourdes, são ricos em ensinamentos para nós. A mais valiosa dessas lições será, talvez, a respeito do sofrimento.

Vemos em Lourdes três atitudes da Providência e, portanto, de Nossa Senhora diante da dor humana. Dentro da perfeição dos planos divinos, tais procedimentos têm sua razão de ser, apesar de parecerem contraditórios.

De um lado, chama atenção a pena que Nossa Senhora tem dos padecimentos dos homens, e como, numa extraordinária manifestação de sua insondável bondade materna, atende aos rogos deles e pratica milagres para curar seus corpos.

Por outro lado, Nossa Senhora tem igualmente compaixão das almas, e para provar que a Fé Católica é verdadeira, pratica milagres a fim de operar conversões.

Mas existe uma terceira realidade em Lourdes, não menos significativa que as anteriores: são os inúmeros doentes que para lá se dirigem e voltam sem o tão almejado restabelecimento. Por que misteriosa razão Nossa Senhora devolve a saúde física a uns e não a devolve a outros? Qual a razão mais profunda disso?

Creio que essa ausência de cura pode ser tomada como um dos mais estupendos milagres de Lourdes, se considerarmos que, para a imensa maioria das almas, o sofrimento e as doenças são necessários para se santificarem. É por meio dessas provações físicas e morais que elas atingem a perfeição espiritual a que foram chamadas. E quem não compreende o papel do sofrimento e da dor para operar nas almas o desapego, a regeneração, para fazê-las crescer no amor a Deus, quiçá não entenda que, via de regra, por essa forma os homens alcançam a bem-aventurança eterna. E tão indispensável nos é o sofrimento para chegarmos ao Céu, que São Francisco de Sales não hesitava em qualificá-lo de “oitavo sacramento”.

Ora, Nossa Senhora agiria então contra o interesse da salvação das almas, se as livrasse todas das doenças. Claro está, a determinadas pessoas, por circunstâncias e desígnios especiais, de algum modo convém subtrair-lhes o sofrimento. São exceções. A maior parte dos que vão a Lourdes voltam sem ter obtido a cura. E nisto podemos ver como a Santíssima Virgem, tão misericordiosa, entretanto respeita a vontade divina no que se refere aos sofrimentos humanos.

Milagres da caridade cristã

Porém, como a Mãe que ajuda os filhos a carregarem seus fardos, Nossa Senhora em Lourdes concede ao doente uma tal conformidade com o padecimento, que não se tem notícia de alguém que, ali estando e não sendo curado, se revoltasse. Pelo contrário, as pessoas retornam ao seus lugares imensamente resignadas, satisfeitas de terem podido fazer sua visita à célebre gruta dos milagres, e contemplar a bondade de Maria para com outros infortunados que não elas.

Há mesmo o fato de não poucos doentes, oriundos dos mais distantes países da Terra, vendo em Lourdes a presença de pessoas mais necessitadas de cura do que eles, dizerem a Nossa Senhora estar dispostos a abrir mão do próprio restabelecimento, desde que Ela o conceda àqueles. Quer dizer, aceitam o sofrimento e a doença em benefício do outro. Esse é um verdadeiro milagre de amor ao próximo por amor a Deus. Milagre moral arrancado à fraqueza humana; milagre mais estupendo que uma cura propriamente dita.

Se bela é essa resignação, mais bonita ainda é a generosidade cristã das freiras de um convento de clausura perto de Lourdes. São contemplativas recolhidas que têm o propósito de expiar e sofrer todas as doenças, a fim de obter para os corpos e almas dos incontáveis peregrinos as graças e favores que estes vão ali suplicar. De maneira que nunca pedem a sua própria cura e aceitam todas as enfermidades que a Providência disponha caírem sobre elas, em benefício daqueles peregrinos. Se Deus acolhe seus oferecimentos, levam às vezes uma vida inteira de provações ou morrem de uma morte prematura, com o intuito especial de fazer bem às outras almas.

Diante desse heroísmo, pergunta-se: há algo na Terra mais digno de admiração?

Não conheço. Riquezas opulentas, extraordinários dotes e qualidades naturais, grandezas de qualquer espécie no conceito humano, que valem perto do holocausto de uma dessas freiras ignoradas pelo mundo? Punhadinhos de barro, e nada mais.

Quando deitamos um olhar ao nosso redor, quando consideramos as misérias da natureza humana decaída pelo pecado original, compreendemos que semelhantes atos de abnegação se acham tão distantes do nosso egoísmo e causam uma tal repulsa ao nosso amor-próprio, que constituem de fato um milagre maior do que todas as espetaculares curas verificadas naquele santuário mariano.

O maior ensinamento de Lourdes

E então compreendemos o grande ensinamento de Lourdes. Não é o apologético, tão imenso, tão importante. Mas é esse da aceitação da dor, do sofrimento, e até da derrota e do fracasso se for preciso.

Alguém objetará: “É muito difícil resignar-se a carregar a dor por essa forma”.

A resposta encontramos na agonia de Nosso Senhor Jesus Cristo, no Horto das Oliveiras. Posto diante de todo o sofrimento que O aguardava, Ele disse ao Padre Eterno: “Se for possível, afaste‑se de mim este cálice. Mas seja feita a vossa vontade e não a minha”. O resultado é que veio um anjo consolar Nosso Senhor.

Essa é a posição que cada um de nós deve ter em face de suas dores particulares: se for possível, sejam afastadas de nosso caminho. Porém, faça-se a superior vontade de Deus e não a nossa. E a exemplo do que se deu com Jesus no Horto, a graça também nos consolará nas provações que Maria Santíssima permita se abatam sobre nós.

Tenhamos, portanto, coragem, ânimo, compreensão do significado do sofrimento e alegria por sofrermos: estamos preparando nossas almas para o Céu.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferências em 6/2/1965 e 10/7/1972)

10 de fevereiro – Santa Escolástica e o apostolado do sofrimento

Santa Escolástica e o apostolado do sofrimento

Santa Escolástica, irmã de São Bento, desenvolveu uma obra entrelaçada com a deste, fundando as beneditinas.

Numa época em que a ação social destas religiosas pareceria tão necessária, elas se empenharam em algo muito mais importante: rezavam e se sacrificavam. E, pelo seu exemplo, deixaram bem claro que a fecundidade do ramo masculino devia-se ao fato de haver um ramo feminino que rezava e se imolava.

Vemos, assim, o papel admirável, insubstituível e incomparável de Santa Escolástica.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 10/2/1965)

07 de fevereiro – Energia combativa

Energia combativa

A história do pontificado do grande Pio IX mereceria ser estudada a fundo pelos católicos. Ela contém ensinamentos para nossa época muito mais oportunos e profundos do que geralmente se pensa.

Quer pela definição do dogma da Imaculada Conceição, em 1854, quer pela convocação do Concílio do Vaticano em 1869, e a definição do dogma da infalibilidade papal no ano seguinte, este grande Papa enfrentou aguerrida e resolutamente o naturalismo e o racionalismo do século.

Pio IX julgou que a época era ainda menos propícia do que outra qualquer para uma atitude de impassibilidade sorridente, cujo efeito necessário seria o encorajamento dos maus e o entibiamento dos bons. Com isto, calcando aos pés qualquer falso sentimentalismo, Pio IX enfrentou decididamente a impiedade.

Sua energia combativa venceu. Depois da definição do dogma da infalibilidade pontifícia pelo Concílio do Vaticano, a onda do racionalismo naturalista tem decrescido incessantemente, e embora ela ainda conserve formas disfarçadas dignas da maior cautela dos católicos, é certo que perdeu aquela agressividade truculenta e blasfema com que se pavoneava nas altas rodas literárias, políticas e sociais da Europa do século XIX.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de “O Legionário” de 18/12/1938)

07 de fevereiro – Beato Pio IX, vigor e triunfo da Santa Igreja

Beato Pio IX, vigor e triunfo da Santa Igreja

Diante do racionalismo propagado ao longo de seu século, Pio IX, com  grande audácia, promoveu o triunfo da Santa Igreja.

Muitos foram os comentários de caráter litúrgico e piedoso que se fizeram a respeito da data da Imaculada Conceição. Entretanto, uma das reflexões que o assunto suscita, ficou completamente de lado. Cumpre recordá‑la, porque ela conserva, em nossos dias, uma atualidade palpitante.

 

Maus efeitos do racionalismo no século XIX

Não é fácil, para quem vive em nossos dias, ter uma ideia da devastação que o racionalismo e o modernismo fizeram na sociedade europeia e americana, em todo o decurso do século XIX. O espírito humano, profundamente trabalhado pelos materialistas, pelos revolucionários de todos os matizes, sentia dentro de si uma revolta ardente contra o sobrenatural, que o levava a repelir tudo quanto não pudesse cair diretamente sob a ação e o controle dos sentidos.

Por isto mesmo, todas as religiões, principalmente a Católica, na qual o sobrenatural se patenteia de forma visível e autêntica, foram como que postas de quarentena pela maior parte da opinião pública. E todos os espíritos procuravam, tanto quanto possível, libertar‑se da crença em uma ordem de fenômenos que não se enquadrasse rigorosamente dentro das leis da natureza. A bem dizer, talvez nove décimos da opinião europeia estavam eivados de racionalismo e de modernismo.

Evidentemente, essa contaminação não era igualmente extensa nem

igualmente profunda em todos os espíritos. No entanto, mais visível em uns, menos em outros, ela tinha se insinuado de tal maneira que, mesmo entre os católicos leigos os mais eminentes se podia notar uma ou outra infiltração daquelas tremendas formas de heresia. Quatro eram as posições principais tomadas pela opinião pública perante a grande crise religiosa da época:
 
 1 ‑ aqueles que, corroídos a fundo pelo vírus racionalista e modernista, tinham sido atirados aos extremos da irreligiosidade, isto é, ao ateísmo radical seguido de um anticlericalismo militante e não raras vezes sanguinário;

2 ‑ aqueles que, sem ter a coragem de romper com toda e qualquer convicção religiosa, estavam explicitamente colocados fora da Igreja, admitindo tão somente um espiritualismo ou um cristianismo vago, largamente acomodado aos princípios modernistas e racionalistas;

3 ‑ aqueles que, sem ter a coragem de romper com a Igreja, nem com o espírito do século, proclamavam‑se católicos, mas sustentavam seu direito de professar, em um ou outro ponto, doutrinas contrárias às da Igreja;

 4 ‑ aqueles que, sem ter a coragem de sustentar que divergiam da Igreja, e muito menos de se separar dela, procuravam, entretanto, interpretar capciosamente a Doutrina Católica, de forma a lhe alterar em alguns pontos o conteúdo autêntico e tradicional, e acomodá‑lo com os erros da época.

A dizer a verdade, os que estavam inteiramente fora dessa classificação, os que haviam rompido inteiramente com o espírito do século e que se conservavam sem nenhuma jaça de racionalismo ou de modernismo, eram poucos, especialmente nos círculos intelectuais e sociais elevados.

Grande gesto de audácia do Papa O aspecto que a Igreja apresentava era, então, a de um imenso edifício que se esboroa aos pedaços. De seus milhões de filhos, pouquíssimos conservavam seu autêntico espírito.

Na sua quase totalidade, eles conservavam apenas réstias de Fé, como o horizonte do crepúsculo, que conserva réstias de luz, vestígio derradeiro de um dia que está chegando ao seu fim. E a noite completa não haveria de tardar.

 Triunfo da Santa Igreja

À vista disto, como deveria agir a Santa Igreja?

As opiniões estavam divididas e, efetivamente, o assunto era dos mais delicados. Por um lado, uma reação clara e definida haveria de gerar uma imensa oposição, arrastando para a heresia explícita e categórica muitos espíritos que ainda se achavam ligados, mais ou menos, à Igreja Católica. Por outro lado, entretanto, se não se opusesse um dique formal e categórico à onda da heresia, que ia subindo, seria inevitável que, mais cedo ou mais tarde, os desastres assumissem proporções tais, que a Igreja viesse a conhecer os mais tristes e mais angustiosos dias de sua existência.

Pio IX optou por um gesto de energia e resolveu convocar o Concílio do Vaticano, a fim de estudar e de decidir sobre a Infalibilidade Papal. Um grande e largo gesto de audácia da Igreja enfrentava, pois, o espírito do século, em um desafio que parecia louco. Realmente, falar em dogmas naquela época já era uma temeridade. Definir dogmas novos, temeridade maior. E definir como dogmas exatamente a Imaculada Conceição e a Infalibilidade Papal, em uma época tremendamente racionalista, parecia uma verdadeira loucura.

Por isto mesmo, uma imensa celeuma se levantou nos próprios arraiais católicos, quando a deliberação do Pontífice foi conhecida.
 

O triunfo da atitude acertada

Por que isto? Porque discordassem delas? Não. Mas porque achavam que o espírito transviado do século XIX só poderia ser atraído ao redil por um largo sorriso de concessão e de tolerância; que não é com golpes de audácia, mas com uma invariável brandura, que se consegue a conversão das massas; que seria loucura das mais declaradas procurar desafiar o espírito público. Realmente, com esta atitude ousada, todos se irritariam e se confirmariam no erro. Seria necessário contemporizar e conquistar pela persuasão e pela doçura. Só esta tática é que seria viável.

No Concílio do Vaticano reuniu‑se a Santa Igreja através de seus Bispos, iluminados pelo Espírito Santo, e além da questão doutrinária este grande problema de estratégia foi discutido. A bem dizer, era talvez a primeira ocasião em que este problema estratégico se apresentava ao exame do Episcopado com tanto vigor, depois do Concílio Tridentino.

Os fatos pareciam dar inteira razão aos Bispos de opinião diversa da do Papa. Uma celeuma imensa se levantava pela Europa.

As apostasias se multiplicavam. As discussões no Concílio eram longas e apaixonadas. Em última análise, ao lado da questão doutrinária, se discutia o seguinte problema:

1 ‑ um gesto de vigor, tendente a preservar do erro as massas, conseguirá realmente imunizar os elementos não contagiados?

2 ‑ esse gesto não terá como consequência exacerbar os espíritos que vacilam, e levá‑los à heresia?

3 ‑ sobretudo, não produzirá ele o efeito de enraizar no erro indivíduos que poderiam talvez, pela persuasão, ser conduzidos à Verdade?

À primeira questão, o Concílio respondeu, “sim”. As outras duas, “não”.

Foi este o significado da promulgação solene daquele grande dogma.

Aparentemente, o Concílio errara.

Continuava a irritação da incredulidade. Rios e rios de tinta se gastaram para provar que o Concílio era retrógrado e obscurantista. A revolta contra a Igreja

era franca e declarada… Entretanto, os resultados desejados pelo Concílio não se fizeram esperar muito.

Em primeiro lugar, todos os católicos militantes deram sua adesão incondicional. No seio do povo, as verdades definidas pela Igreja foram aceitas graças ao vigor com que Igreja as promulgara. Até nos círculos intelectuais, o vigor com que agira o Papa lhe atraiu o respeito geral, e todo o mundo começou a respeitar e se interessar por uma Igreja dotada de tal vitalidade. O racionalismo e o modernismo foram decaindo gradualmente. (…)

Estratégia dos Pontífices de todos os tempos

Evidentemente, ninguém pode negar o alcance deste acontecimento histórico. Erram os que condenam as manifestações vigorosas da Fé, e que julgam imprudente e contraproducente qualquer gesto de energia e de vigor combativo dos filhos da Luz contra os filhos das Trevas.

Aí está o triunfo formidável e definitivo de Pio IX a prová‑lo. (…) [Enganar-se-ia] quem pensasse que, agindo assim, Pio IX empregou uma estratégia de cunho exclusivamente pessoal. O que o grande Pontífice fez, não foi senão a aplicação, ao seu século, dos tradicionais processos de apostolado da Santa Igreja. A estratégia de Pio IX foi a de todos os Pontífices que se viram em situação análoga à sua, e que venceram as grandes crises que assediaram a Santa Igreja no passado. E não seria difícil mostrar que foi idêntica a linha de conduta observada pelos Pontífices que, depois de Pio IX, se têm sucedido no trono de São Pedro. É a admirável continuidade pontifícia, que atesta de modo flagrante a assistência indefectível do Espírito Santo aos Papas, através dos séculos. Todos os capítulos da História da Igreja, em todos os séculos, [confirmam] esta admirável continuidade e proporcionam aos fiéis ensinamentos de inestimável valor.

 
(Extraído d’O Legionário de 11 e 18/12/1938 in RDP 02-2011, pgs. 16 a 19)

04 de fevereiro – Santa Joana de Valois

Santa Joana de Valois

Santa Joana de Valois foi desprezada por todo mundo, até pelo pai e, por fim, repudiada pelo marido. Mas ela conduziu a vida com dignidade e serenidade. Fundou uma Ordem Religiosa e  governou muito bem o feudo adquirido depois de sua separação conjugal. Após sua morte, recebeu a honra dos altares.

Apesar de tudo quanto pudessem dizer dela, só uma coisa importava: ela era católica, e isso bastava. Para sua segurança, seu cartão de visita estava pronto: católica apostólica romana.

É um título lindíssimo! Essa ufania de ser católico é a raiz daquilo que Camões chamava “os cristãos atrevimentos”. Quando temos essa ufania é que nos atrevemos a nos lançar. Não porque sejamos mais na ordem humana dos valores; talvez até sejamos menos do que alguns.

Mas isso não importa. O que tem importância é o fato de sermos católicos, termos recebido o sinal do Batismo na fronte, sermos filhos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 15/6/1967)

04 de fevereiro – Santa Catarina de Ricci – O heroísmo do estado religioso

Santa Catarina de Ricci – O heroísmo do estado religioso

O heroísmo de um santo é muito maior do que o de um grande herói num campo de batalha. O religioso que passa a vida inteira num convento, cumprindo a Regra na perfeição, pratica um verdadeiro heroísmo, pelo qual devemos ser transidos de admiração.

Santa Catarina de Ricci, virgem, foi uma religiosa dominicana do século XVI. Acompanhemos sua ficha biográfica:

Membro de uma família do patriciado de Florença

Nascida em 23 de abril de 1522, Santa Catarina de Ricci pertencia a uma família do patriciado florentino. Aos 13 anos ingressou no convento fundado por Damas de Caridade, da Ordem Terceira de São Domingos.

Durante os primeiros anos de sua vida conventual padeceu muitos dissabores. Seu misticismo foi mal interpretado; julgavam-na louca e pouco faltou para que a expulsassem do convento. Entretanto, sua sobre-humana paciência durante duas graves enfermidades abriu os olhos de suas companheiras.

Muito jovem ainda, tornou-se mestra de noviças e aos 25 anos de idade foi nomeada priora, cargo que conservou quase continuamente até a sua morte, em fevereiro de 1590.

Em fevereiro de 1542, passou a experimentar misticamente a Agonia e Paixão de Nosso Senhor. A partir do meio-dia de sexta-feira, até às quatro da tarde do dia seguinte, nela se manifestavam os estigmas produzidos pela flagelação, pela coroação de espinhos e pela Cruz.

Muitos céticos e indiferentes, pecadores e incrédulos, convertiam-se ao vê-la. Porém, a santa fugia do tumulto causado pelas pessoas que acorriam para contemplá-la.

Quando Santa Catarina de Ricci entregou sua alma a Deus, um coro angélico foi ouvido por todos os presentes. E Santa Madalena de Pazzi, arrebatada em êxtase, viu-a subir aos Céus no meio de um grupo de espíritos celestiais.

A santidade consiste na prática de todas as virtudes em grau heroico

No início da ficha fala-se das virtudes da santa: dissabores padecidos, paciência nas enfermidades, etc. Depois, vem a parte referente às visões e revelações que ela teve. Tenho a impressão de que, enquanto o trecho relativo às visões e às revelações pode interessar, a primeira parte para algumas pessoas talvez seja um pouco enigmática.

Santa Catarina de Ricci foi, de fato, uma religiosa privilegiada por fenômenos místicos. Embora tais fenômenos sejam, muitas vezes, uma manifestação da santidade de quem os recebe, eles não constituem o cerne da santidade.

Tanto isso é assim que existem muitos santos que não tiveram visões nem revelações, não operaram milagres em vida, e cuja santidade se verifica apenas pela conformidade heroica de seu procedimento com os preceitos e conselhos dados por Nosso Senhor Jesus Cristo.

O que é então a santidade? Não é apenas a posse habitual de todas as virtudes, mas é a prática dessas virtudes em grau heroico. Quer dizer, é o exercício dos hábitos bons de maneira a levá-los até o heroísmo. É um modo insigne de possuir a virtude.

Tenho impressão de que as pessoas não chegam a formar uma ideia devida dos sacrifícios que o estado religioso exige, e da sublimidade deste estado, mesmo quando ele é praticado apenas entre as quatro paredes de um convento, em ações comuns e não extraordinárias da vida. Ou seja, mesmo vivendo uma vida comum num convento, uma alma pode praticar virtudes heroicas.

 

Nada é mais difícil para o homem do que vencer-se a si mesmo

As virtudes consistem em hábitos retos da alma, que se externam através de ações praticadas continuamente, e com integridade.

Por exemplo, uma religiosa que tenha o hábito da obediência, da pobreza, da castidade. Ela tem interiormente, como raiz, a disposição habitual de espírito de ser casta, pobre, desapegada dos bens da Terra e obediente, de não fazer a sua própria vontade, mas a de seus superiores.

Como ela tem habitualmente essa disposição de espírito, e é isto que se chama virtude, suas ações externas também são habitualmente assim.

Portanto, ela será habitual e invariavelmente casta, obediente e pobre, sem nenhuma exceção na sua conduta.

Sustento que este heroísmo é mais autêntico do que o de muitas pessoas consideradas heroicas; é o mesmo senso do sacrifício, do dever, da imolação própria, de que um grande herói pode dar provas num campo de batalha. Não há coisa mais difícil para o homem do que vencer-se a si mesmo, subjugar as suas más inclinações.

O mundo contemporâneo aclama como heróis indivíduos que se metem numa nave espacial e vão para a Lua. Há um certo heroísmo na ação deles, porque arriscam a vida. Então, é indiscutível que eles se portam heroicamente em uma determinada circunstância.

Mas afirmo que o fato de praticar não apenas uma virtude, somente um ato heroico, mas dominar-se a tal ponto de não cair em pecado, para ser fiel à virtude e nela crescer, estar disposto a fazer, a qualquer hora, um ato de heroísmo, é incomparavelmente mais duro do que ir para a Lua. E tenho a impressão de que há muita gente que, para se ver livre de algum vício, aceitaria de ir à Lua, mas não consentiria em praticar os atos difíceis, interiores, necessários para se vencer.

O combate à preguiça e a prática da pureza

Por exemplo, um dos vícios mais difíceis de vencer é a preguiça, nas suas várias formas. A preguiça de concentrar a atenção, de trabalhar ininterruptamente, tomando, é claro, o repouso que o bom senso recomenda. A preguiça de começar um serviço, na medida do possível, do razoável, pelo mais difícil, deixando o mais fácil para depois. A preguiça de ser combativo, de ser amável, de ser duro com as pessoas a quem se quer bem, quando a fidelidade à virtude exige isso. A preguiça de se vencer quando a virtude nos exige que sejamos humildes, flexíveis, dóceis. Tudo isto é uma espécie de polvo, que faz da preguiça um vício que deita tentáculos em toda a nossa vida espiritual. É terrivelmente difícil combater a preguiça. E encontrar uma pessoa que não cede à preguiça em nada, que não só faz tudo quanto deve, mas o realiza com a perfeição devida e de bom grado, com alegria por estar fazendo o que deve, e que ainda está disposta a aceitar mais trabalho caso o dever o imponha, isto é extremamente raro; trata-se de um indivíduo que venceu heroicamente a própria preguiça.

A pureza é uma virtude ao mesmo tempo tão fácil e tão difícil. Se a pessoa não concede coisa alguma à impureza, é fácil manter a pureza. Quem não tem uma concessão de um mau olhar, um mau pensamento, uma inclinação romântica, quem não cede em nada nestes pontos tem normalmente facilidades de manter a pureza. Mas quem faz pequenas concessões fica tão atraído para fazer concessões um pouco maiores, e depois concessões máximas, que a pureza se torna muito difícil de ser mantida. Entretanto, permanecer no estado de pureza é tão difícil, que é um verdadeiro heroísmo manter a contínua perseverança na castidade. Parece um paradoxo, mas é assim mesmo. É uma coisa fácil para se ter, mas ao mesmo tempo extraordinariamente difícil de se conservar.

A obediência na vida religiosa

A obediência. Algumas pessoas talvez não tenham realizado o que é a vida difícil de um religioso ou de uma religiosa no seu convento; o que significa, para um adulto, desde manhã até à noite, não fazer o que quer, mas o que lhe mandam.

A Superiora chama:
— Irmã tal, agora é o momento da senhora regar o jardim.

Ela olha para fora, choveu, não precisa regar o jardim. Mas é necessário obedecer. Ela vai, pega o regador e rega o jardim.

E, no caso de um convento masculino, o Superior diz:
— Irmão tal, o senhor limpou mal tal coisa. Vá lá e limpe de novo.
— Mas Padre Superior, quereria indicar onde é que eu limpei mal, para limpar de novo?
— Vamos juntos que eu lhe mostro. Olha aqui o assoalho, como está sujo! Limpe melhor!

O religioso olha para o assoalho e vê que está limpo… Isso quebra o orgulho.

O grande Dom Vital, Bispo de Olinda, foi noviço num convento de capuchinhos, na França. O Superior dele mandava-o limpar algumas dessas traves que ficam nas paredes para sustentar o telhado. O Superior dizia para ele:
— Mas Frei Vital, o senhor não viu essa penca de aranhas que está pendurada aí? O senhor não tirou?

Ele olhava, não tinha aranha alguma, mas respondia:
— Ah! pois não, Padre Superior. Primeiro peço o seu perdão.

Ajoelhava, osculava o chão.
— Está bem, agora suba e vá limpar.

O Superior não podia perdoar, porque não tinha o que perdoar — não iria fazer uma pantomima —, mas deixava-o beijar o chão.

Frei Vital subia, limpava o que já estava limpo, e voltava.

Evidentemente, isso não é agradável. E não é apenas um dia, nem dois, nem cinco. São dez dias, dez anos, é toda uma vida! Já imaginaram o que é uma existência inteira tocada assim? O que é mais fácil: batalhas, tiros, soa a corneta, o sujeito sai, recebe um tiro, morre; ou passar uma vida inteira num convento?

Visões, revelações e santidade

Compreendemos, então, o que pode caber de verdadeiro e autêntico heroísmo numa vida religiosa. E temos elementos para apreciar esse tipo de vida religiosa, que não se assinala por nenhuma ação externa mais notável, mas é a prática contínua dos conselhos do Evangelho, a renúncia contínua à própria vontade, ao patrimônio próprio, etc. Isto é um verdadeiro heroísmo em relação ao qual devemos ser transidos de admiração.

E daí vem um convite para vermos com mais admiração, mais entusiasmo o estado religioso, compreendermos esse estado no que ele tem de esplêndido.

Quer dizer, devemos entender que uma santa pode não fazer nada de extraordinário na sua vida, a não ser cumprir completamente a Regra, porque se cumpriu perfeitamente a Regra, ela se santifica. E um santo também.

Então, nós temos três conceitos: virtude, virtude heroica, visões e revelações. Virtude corrente, que é acessível a todos os católicos, virtude heroica, para a qual Deus chama todas as almas, mas para praticá-la precisam de graças especiais, porque sem graças especiais ninguém é herói. E depois, nós temos as visões e as revelações, que são uma coisa distinta.

Bento XV, se não me engano, foi um Papa que dizia: “Dai-me um religioso que tenha cumprido perfeitamente a Regra em vida, e eu vos direi que ele foi santo”. É só cumprir a Regra.

Catarina de Ricci foi uma santa dominicana que teve visões, revelações, êxtases, mas não foi santa por isto. Ela teve isto porque foi santa. As causas das visões é a santidade, e não o contrário. E ainda que ela não tivesse tido essas visões, mereceria toda a nossa admiração, pela virtude heroica de que deu prova.

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 13/7/1971)

04 de fevereiro – Santo Isidoro de Pelusio – Modos de tratar os pecadores

Santo Isidoro de Pelusio – Modos de tratar os pecadores

Aos pecadores que se arrependem de suas faltas devemos tratar com doçura. Mas aos que não sentem pesar de suas culpas e são petulantes, é preciso mostrar toda firmeza para quebrar seu orgulho.

 

Vamos tratar de Santo Isidoro de Pelúsio, grande lutador contra as heresias, que viveu no século V.

Vingar a injúria feita a Deus

Um sofista, Asclépio, em uma de suas cartas a Santo Isidoro, recomendava-lhe que moderasse sua linguagem. Então respondeu o Santo:

Não creias que mudarei de tom e que me tornarei um fraco bajulador. Ao contrário, ou cessas de me dar tais conselhos ou eu te expulsarei do número de meus amigos.

Que admirável! Isto é o cumprimento do preceito de Nosso Senhor, constante do Evangelho: “Seja vossa linguagem sim, sim, não, não!” (Mt 5, 37). Esse Asclépio recomendou a Santo Isidoro que atacasse menos fortemente os arianos e obteve essa resposta. Ou seja, se quiser me dar um conselho idiota que importa uma traição à causa católica, eu o corto do número dos meus amigos.

Trecho de uma carta de Santo Isidoro ao Bispo de Teón:

Somos igualmente culpados. Tanto quando vingamos nossas injúrias como também quando não sentimos as que são feitas a Deus. Tratando-se de nós, usemos de toda a indulgência quando nos ofenderem. Entretanto se foi Deus ultrajado, não devemos suportar.

Ele diz que há duas formas de culpa, em matéria de injúrias: uma quando nos injuriam pessoalmente e nós nos vingamos; não devemos nos vingar das injúrias que nos fazem. Outra forma de culpa é quando não vingamos as injúrias feitas a Deus. A essas injúrias nós devemos vingar; é uma obrigação. Essas são palavras de um Santo canonizado pela Igreja para servir de modelo para nós.

É preciso tremer de indignação quando se vê Deus injuriado.

Tremer quer dizer estremecer de indignação.

Vede, entretanto, como somos fracos. Somos sensíveis a ponto de não querer perdoar nossos inimigos, e só temos doçura com aqueles que se elevam contra Deus.

Moisés não agia assim, embora fosse o mais suave dos homens. Ele não deixou de se encolerizar contra os israelitas quando fizeram o bezerro de ouro, e sua cólera nessa ocasião foi bem mais santa do que toda a doçura que acaso houvesse mostrado. Elias levantou-se contra os idólatras. João Batista contra Herodes. São Paulo contra Elimas. Isto sempre para vingar a injúria feita a Deus. Quanto a eles, esqueciam-se sem dificuldade das injúrias que lhes eram dirigidas.

É verdade que Deus é poderoso bastante para Se fazer justiça, mas Ele quer que as pessoas de bem detestem o pecado e o façam detestar. E é nesta conduta de zelo que os Santos faziam consistir a virtude e a verdadeira Filosofia.

Um pequeno exame de consciência

O que Santo Isidoro acaba de dizer, em duas palavras, é o seguinte: era bom que as pessoas a quem ele se dirigia vissem como eram fracas. Diz ele:

Vede, entretanto, como somos fracos.

Esse é o modo antigo de dizer “como vocês são fracos”. É muito desagradável chegar num auditório e declarar: “Vocês são fracos, vocês têm tais defeitos”. Então, é uma maneira educada de dizer “nós somos fracos”. É claro que o Santo não era fraco, mas o modelo de fortaleza.  Entretanto, por bondade se colocava no meio dos outros.

Lembro-me de um Santo que pregava para leprosos e, quando falava com eles, dizia “Nós leprosos…”, porque fica muito desagradável afirmar “vocês leprosos”. Dá a impressão que empurra de lado…

Então Santo Isidoro dizia “somos”. Mas não devemos supor que um Santo pudesse ter essa fraqueza; é impossível, a Igreja não o teria canonizado. Vou pôr na linguagem que exprima o fundo das coisas: “Vede como sois fracos, vós sois sensíveis a ponto de não querer perdoar vossos inimigos.” Quer dizer, “Quando vos fazem uma ofensa pessoal, ficais muito sentidos, e não conseguis perdoar. Entretanto, contra aqueles que ofendem a Deus, vós apenas tendes doçura”.

É o caso de fazermos aqui um pequeno exame de consciência.

Nos quatro ou cinco últimos dias, é impossível que alguém não nos tenha feito uma ofensa, por pequena que seja, um atrito qualquer. Nós vimos pecados contra Deus de toda ordem, basta sair à rua. O que mexeu mais com os nossos nervos: o pecado contra Deus ou a desatenção feita a nós? Esse é um bom exame de consciência.

Nesses últimos dias, não teremos ficado exacerbados com alguma desatenção que nos foi feita? É bem provável…  Ficamos igualmente exacerbados diante de algum pecado que presenciamos? Quem sabe se nós merecemos as palavras de Santo Isidoro de Pelúsio? É bem possível! Eu volto a dizer: é uma boa ocasião para um exame de consciência.

Não se ganha todo mundo com métodos iguais

Depois ele dá exemplos de Santos que não eram assim, mas violentos no castigar as ofensas feitas a Deus, e sabiam perdoar as injúrias cometidas contra eles, como por exemplo, Moisés que, sendo o mais suave dos homens, entretanto encolerizou-se com os israelitas quando fizeram o bezerro de ouro. Elias levantou-se contra os idólatras e pediu fogo do céu, que os exterminou. São João Batista indignou-se com Herodes. São Paulo com Elimas.

Por quê? Porque esses eram pecadores, idólatras, homens de vida impura. Deus se indignou contra eles, e também os profetas se indignaram. Quanto às ofensas feitas a esses Santos pessoalmente, eles se esqueciam sem dificuldade.

Em outra ocasião, Santo Isidoro de Pelúsio afirmou que com as pessoas de bem é preciso mostrar-se suave, paciente, humilde, mas com os arrogantes e orgulhosos deve-se saber usar um tom firme.

Quer dizer, com as pessoas que veem com tristeza o mal que fizeram, podemos ser bons. Quando o indivíduo vem se jactando do mal que fez, é preciso pular em cima dele.

Continua o Santo:

Aqueles olham a doçura como uma virtude; eis por que devemos usá-la para consolá-los.

Quer dizer, os que se arrependem de seus pecados são pessoas inclinadas à doçura. Os que não se arrependem são petulantes e só entendem a força. É preciso mostrar-lhes toda a firmeza para quebrar seu orgulho.

Com essa conduta sábia e prudente sustentamos uns e humilhamos outros. Não se ganha todo o mundo com métodos iguais.

É uma esplêndida consideração. Ao pecador arrependido trata-se de um jeito; ao não arrependido, de outro.    v

 

 

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 7/10/1968)

02 de fevereiro – PEDRA DE ESCÂNDALO: APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO

PEDRA DE ESCÂNDALO: APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO

Quando o Profeta Simeão teve nos braços o Menino Jesus e entoou o seu famoso cântico Nunc dimittis servum tuum, Domine… – Senhor, agora envia em paz o teu servo… –, ele disse que Nosso Senhor foi enviado como pedra de escândalo para a perdição e salvação de muitos, e para que se conhecessem as cogitações ocultas dos corações.
Portanto, Nosso Senhor foi mandado para salvar a todos, mas a perdição daqueles que O recusassem não significava o fracasso d’Ele, e sim um elemento intrínseco à sua Missão, ou seja, criar condições para os justos conhecerem a verdade e se salvarem, para os ímpios manifestarem a sua impiedade e, não se arrependendo, irem para o Inferno.
Christianus alter Christus – o cristão é um outro Cristo. Também nós somos pedra de escândalo posta para a salvação e a perdição de muitos, e para que se revelem as cogitações dos ímpios. A nossa missão é, pois, suscitar nas pessoas a definição, para a salvação dos bons.

(Extraído de conferência de 31/1/1966)

02 de fevereiro – Rainha dos acontecimentos

Rainha dos acontecimentos

O báculo e as chaves que Nossa Senhora do Bom Sucesso traz consigo dão a entender que Ela abre e fecha os acontecimentos grandiosos, as misérias e as catástrofes na vida dos homens, as vitórias de Deus na História.

Ela traz triunfalmente seu Divino Filho, como quem diz: “Estou vencendo, mas venço para que Ele vença. Eu sou Rainha, sim, porém o sou porque Ele é o Rei!”

Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 14/8/1982)

02 de fevereiro – Apresentação de Nosso Senhor no Templo

Apresentação de Nosso Senhor no Templo

Após ter gerado do modo mais maravilhoso e feliz possível o Filho divino que o Espírito Santo concebeu nas suas entranhas virginais, Nossa Senhora quis se sujeitar, junto com o Menino, à Lei de Moisés pela qual deveriam se apresentar no Templo: Ela, para completar os dias de sua purificação, e Ele, a fim de ser oferecido e resgatado como primogênito.

Submetendo-se, sem o precisarem, a tais preceitos, Mãe e Filho nos deixaram um lindo exemplo de amor e obediência aos desígnios de Deus. Ao mesmo tempo em que proporcionaram ao santo Simeão a alegria indizível de ver com seus próprios olhos o Messias prometido pelas Escrituras.

Sustentando o Verbo Encarnado em seus braços, o profeta O louvou e aclamou como a glória de Israel, a salvação que Deus preparara diante de todos os povos, como a Luz para iluminar as nações…

(cf. Lc 2, 29-32).

Plinio Corrêa de Oliveira