Todo homem deve almejar a santidade; porém, concebidos no pecado original e débeis de vontade, temos enorme dificuldade em atingi-la… Como fazer para alcançar meta tão ousada?
O que poderíamos aconselhar a uma pessoa, não muito generosa, que se encontre encalhada na vida espiritual e dominada por uma porção de hábitos que lhe prejudicam o desenvolvimento e o progresso sobrenatural?
Imaginemos uma situação hipotética, de alguém que dissesse o seguinte: “Eu tenho o hábito de comer demais. Não quero mudar esse hábito, porque acho que é extremamente desagradável e penoso o sacrifício que eu faria para alterá-lo. De outro lado, porém, quero de algum modo progredir. Como fazer, numa situação em que eu, ao mesmo tempo, sinto que não quero progredir e quereria progredir? O que fazer para que o pobre barco de minha vida espiritual desencalhe?”
A esta pergunta que se pode fazer no nível da vida espiritual de alguém que, de certo modo, procura manter-se em estado de graça, responde-se, entretanto, muito melhor se imaginássemos um nível mais baixo, ou seja, de uma pessoa que vive habitualmente no estado de pecado mortal. Como ela deveria proceder perante seu próprio pecado mortal?
Assim, poderemos compreender melhor como uma pessoa deveria viver em face de hábitos ou de defeitos que, sem constituírem pecados mortais, entretanto podem retardar singularmente a santificação da alma, para que, de fato, ela atinja aquele alto nível de perfeição.
Como sair do vício da embriaguez?
Vou começar a tratar da questão de como deveria ser no nível de pecado mortal, para depois me transpor ao plano que é próprio, normal e natural aos membros de nosso Movimento.
Imaginem que um diretor espiritual conhecesse um homem que tivesse, por exemplo, o hábito da bebedeira e se embriagasse sete vezes por semana, e de uma embriaguez profunda.
Esse homem procura o diretor espiritual e diz-lhe: “Padre, eu lamento ter esse vício. Mas o deixar a bebida para mim é abandonar um prazer ao qual estou ligadíssimo; significa fazer um sacrifício que não sinto vontade de realizar”.
O indivíduo poderia acrescentar: “Fiz uma porção de esforços para largar a bebedeira e o máximo que consegui foi de parar de beber três vezes por semana. Achei tão horrível que, na semana seguinte, bebi mais ainda; embriaguei-me duas vezes por dia. De maneira que estou inteiramente sem saída. Não vejo em mim recursos para parar com o vício da embriaguez”.
É claro que é uma situação horrível, não própria a um membro de nosso Movimento, mas estou imaginando um caso muito pior para depois supor um muito melhor, para fazer a aplicação da analogia de um para outro.
Evitar um inferno horrorosíssimo
Um sacerdote sensato precisaria começar por explicar-lhe o seguinte: “Meu filho, você precisa tomar em consideração que a embriaguez, sendo um pecado mortal, é própria a levar a pessoa para o inferno. E, portanto, deve fazer o seguinte raciocínio: se você está na perspectiva de ir para aquele lugar de tormentos, procure ir para um inferno menos horroroso”.
No inferno há vários graus de tormento e de infelicidade. E também entre os próprios demônios. Certos demônios estão no inferno porque foram chefes da rebelião no Céu. Outros ainda não foram mandados para lá porque não chefiaram a revolta, mas foram sequazes que se deixaram arrastar e ficam vagueando pelos ares, fazendo mal para todo mundo, completa e perpetuamente infelizes, porém não com a desdita horrorosíssima que, desde já, têm os demônios precipitados no inferno.
Então o padre poderia aconselhar ao viciado em bebedeira: “Você procure pelo menos diminuir a sua pena eterna. Ora, há um ponto que não custa nada, ou custa muito pouco, para a maior parte dos pecadores, e isto você pode descontar do seu inferno. Eu, como sacerdote, estou disposto a ajudá-lo nesse passo para sair das perspectivas de um inferno mais profundo. É um modo muito modesto de caminhar rumo ao Céu, mas tudo aquilo que orienta para o Paraíso é bom. De maneira que vamos dar esse primeiro passo”.
Reconhecer o que a embriaguez tem de mau
Explicando melhor, o padre continuaria: “Você, pelo menos, reconheça claramente tudo quanto sua embriaguez tem de ruim. Faça uma análise, caia em si, e diga de si para consigo, com toda a sinceridade, de um modo o mais positivo e o mais firme: ‘A minha bebedeira é má por tais e tais razões. Eu, quando estou bêbado, sinto o horror de minha própria degradação e me lamento de ficar nesse estado’.”
É uma coisa que não custa nada, porque não quer dizer que o bêbado vai deixar de beber; ele apenas dá um passo, reconhecendo o mal de sua embriaguez. Mas, entre dois pecadores, um que reconhece o mal de seu pecado e outro que nem o reconhece, este último vai para um inferno muito mais profundo. O pecador que não lamenta o seu pecado dá uma adesão da inteligência ao mal, está empedernido e comete uma forma de pecado péssimo, pior do que aquele que, pelo menos, reconhece o mal de seu pecado e quereria não praticá-lo.
Dever-se-ia, então, pedir ao bêbado que ele tivesse a franqueza de reconhecer de modo taxativo, explícito, tudo quanto sua embriaguez tem de ruim. Em primeiro lugar, o desequilíbrio do espírito que ela produz e como é degradante para um homem ficar voluntariamente nesse desequilíbrio; o mal pelo fato de que a inteligência, sendo tão nobre, se degrade por vontade própria; depois, o papel de palhaço que o indivíduo faz quando está bêbado, a risada de todo mundo ao vê-lo; a desordem de um embriagado, as mil manifestações degradantes que dá de si: ele vomita, faz coisas horrorosas, torna-se parecido com um porco. Depois, num nível menor, mas que tem sua importância, o comprometimento da saúde, a degradação do corpo, além da degradação do espírito.
Que o bêbado ponha claramente isso diante dos olhos, seja pelo menos um embriagado franco e humilde em relação à sua própria bebedeira.
Admirar aqueles que não têm esse vício
Depois que esse bêbado estivesse habituado a reconhecer o mal de sua própria bebedeira, o padre poderia convidá-lo para dar mais um passo: “Aprecie os que não são bêbados e veja como é bonito não se embriagar. Fique na rua e preste atenção num homem que vai para casa com sua família: ele passou por uma porção de botequins e nem teve vontade de beber. Guardou dinheiro e, por exemplo, comprou roupas para as crianças dele. Compare com seus filhos, que andam malvestidos e sujos porque você bebe. Admire os homens sóbrios, que fazem o contrário do que você faz. Procure amar esses homens porque eles têm uma qualidade que é oposta ao seu defeito. Não estou lhe pedindo que você deixe de beber uma gota; quero apenas que você admire quem não bebe uma gota, ou bebe moderadamente, equilibradamente, sadiamente. Mas admire com toda a sua alma. Veja como isso é bonito e humilhe-se.”
Fazer apostolado para evitar que outros caiam na embriaguez
Depois disso, o padre deveria pedir ao bêbado que desse um terceiro passo: “Por que você não faz apostolado junto aos que são bêbados? Quando você vir, nesses ambientes miseráveis em que se bebe, um jovem que está começando a se embriagar, procure-o e diga-lhe: ‘Fulano, como é triste ser bêbado! Não entre no caminho em que estou!’ Procure orientar outros para não caírem no vício que você tem”.
Se conseguisse isso de um viciado em bebida, sem que este tivesse deixado seu vício, o sacerdote o teria transformado, de algum modo, de bêbado miserável, naquele bom publicano de que Nosso Senhor fala no Evangelho, que entrava no Templo, batia no peito, mas nem ousava chegar perto do altar. E dizia: “Senhor, eu não sou digno de estar em vossa casa, de que Vós sequer olheis para mim, mas dizei uma palavra; dai-me essa graça para que eu sare do mal no qual estou”.
Quer dizer, embora sem arrancar uma gota de álcool de dentro dos maus hábitos desse indivíduo, o padre tê-lo-ia preparado para, não só na hora da morte ter a contrição, mas desde já começar a pedir com empenho que uma graça do alto do Céu o modificasse. Dessa forma, teria sido feito um trabalho prévio precioso, pois, de algum modo, começou a transformar esse homem. E isso sem lhe custar nenhum sacrifício, porque ele não teria, por enquanto, renunciado a nenhuma gota de álcool.
Depois se iniciaria a regeneração. Somente assim estariam criadas as condições para esse homem se resolver a fazer um sacrifício. Enquanto ele não visse todo o mal da bebedeira e toda a beleza que há em não ficar embriagado; enquanto não tivesse admiração pelos que não são bêbados e nojo dos que o são, a começar por si mesmo; enquanto esse estado de alma não fosse criado nele, seria mais ou menos inútil procurar arrancar dele os grandes esforços que conduzem à regeneração.
Fazer sacrifícios para deixar de beber
Mas, a partir do momento em que o bêbado se encontrasse nesse estado de alma, estavam criados nele, se não a virtude da humildade inteira, pelo menos os pressupostos, os primeiros elementos dessa virtude, por onde o homem agrada a Deus. Esses elementos são: reconhecer e detestar o seu próprio defeito, amar a virtude dos outros e trabalhar para que as pessoas não tenham esse defeito.
Garanto que uma alma assim estaria preparada para começar a orar. E, a partir do momento em que ela iniciasse a rezar, e rezar para Nossa Senhora, com humildade e empenho, estariam criadas as condições para ela iniciar a fazer os sacrifícios por onde se deixa de beber.
Então, o viciado poderia fazer a resolução de beber apenas seis dias por semana. Aos domingos, por exemplo, dia de Deus, ele se absterá; depois, nas sextas-feiras, em homenagem à Paixão de Nosso Senhor; em seguida, aos sábados, em louvor da Santíssima Virgem.
E assim, aos poucos, ele iria se curando de sua bebedeira. O mais empedernido dos bêbados poderia deixar esse defeito, desde que um diretor espiritual tivesse tomado o cuidado de preparar na alma dele os pressupostos da conversão.
O ponto de partida não consiste em exigir imediatamente o sacrifício, mas em criar as condições de alma propícias para o sacrifício, para que depois este seja praticável, factível.
Essa é a conversão em câmara lenta de um pecador em estado de pecado mortal; tal preparação se aplica também à conversão das nações.
Como a Igreja combateu o excesso de espírito guerreiro dos bárbaros
Quando analisamos a luta da Igreja contra o excesso de espírito guerreiro dos bárbaros que haviam invadido o Império Romano do Ocidente, vemos que a Esposa de Cristo fez exatamente assim.
A Igreja incutiu nesses bárbaros, ou em seus descendentes, a ideia de que o assassínio era um mal; e de que a guerra injusta era, portanto, um mal muito maior porque uma espécie de assassínio em larga escala. Depois, a Igreja foi dulcificando a guerra. Em primeiro lugar, criando leis de honra da guerra, pelas quais não só não se matava um inimigo ferido, mas ele deveria ser conduzido a um hospital onde se lhe proporcionava um padre para ajudá-lo a se emendar; leis ordenando que em certos dias do ano não se combatia, em louvor da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo; depois as leis segundo as quais o homem plebeu não era obrigado a guerrear, a não ser dentro de certo perímetro em torno de sua própria cidade.
Posteriormente, a Igreja, por um consenso geral, obteve que não houvesse combate nos domingos porque era o dia de Deus. Depois, nas sextas-feiras, em memória da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo; e aos sábados, dia de Nossa Senhora. Assim, de dia em dia, acabaram as guerras privadas.
Aquelas guerras particulares de indivíduos contra indivíduos, famílias contra famílias, foram desaparecendo em todo o Ocidente, pouco a pouco, tendo realizado a Igreja com o conjunto das almas aquilo que um bom diretor espiritual deveria fazer com um pecador empedernido.
Método aplicável para lutar contra os pecados veniais
Isso que se aplica às regiões sombrias, negras, tristes, do hábito do pecado mortal, aplica-se também para o pecado venial e aos defeitos de alma que, mesmo sem levar o indivíduo ao pecado mortal, às vezes, estão radicadíssimos. Por exemplo, o hábito da “megalice”(1), ou seja, de querer ser o primeiro, mandar em todo mundo, ser saliente; ou o hábito da agressividade, de a todo propósito agredir os outros; o hábito da preguiça. De todos esses, creio que a preguiça é o mais difícil de extirpar. Como uma pessoa que tem um desses hábitos deve combatê-lo?
Como o pecado original ferve e ruge em nós, comentar qualquer um desses hábitos tem sua atualidade.
A “megalice” não é um defeito tão alheio a nós que se possa dizer que o exemplo seja tirado do mundo da lua… De maneira que vou tratar desse hábito.
Seria interessante chegar junto a um mega(2) e dizer-lhe: “Reconheça que é mega; em que ponto e até que ponto é mega”.
É muito fácil o indivíduo afirmar que é mega. Pode até ser uma forma de “megalice”… Ele declara numa roda de pessoas: “Bem, eu, mega…” Outro comenta: “Coitado, como ele é humilde!”
Se um diretor espiritual lhe pergunta: “Fulano, você tem de si uma muito boa opinião, não tem?”, ele responderá: “Sim, padre, sei que tenho tal defeito”.
Ele pensa que está fazendo um ato de humildade. Continuando a falar, ele indicará um décimo dos defeitos que possui e as qualidades que se atribui, mas de fato não tem. A coisa mais dura para se apontar a um homem não são os seus defeitos; porque às vezes eles saltam aos olhos. O mais duro é dizer-lhe de frente: “Você pensa que tem tais qualidades? As que você possui são menores do que imagina, e tais outras, as quais julga ter, você não possui. E tem até o defeito oposto”.
Recebendo as confidências de um mega
Fazer isso é de uma dureza extrema, porque o apego que o indivíduo tem a certas qualidades é incrível.
Lembro-me de uma pessoa, na qual eu tinha notado uma insuficiência de inteligência realmente fora do comum. Considerem que o comum é bem pouco inteligente… Ela sentou-se diante de mim e, com um ar modesto, depois de esfregar um pouco os olhos — e eu pensando o que sairia dali —, olhou para mim, como que para me sustentar diante do que era obrigada a dizer, e afirmou: “Bem, Dr. Plinio, para começar, o senhor não leve a mal que eu ponha o dedo no ponto… mas a dificuldade que me causa, do ponto de vista da “megalice”, é isto que o senhor já deve ter notado: a minha excepcional inteligência”.
Era uma pessoa notavelmente inferior à média. E, supondo que eu tinha alguma percepção psicológica, ela estava certa de que eu ficara extasiado diante de sua penetração intelectual. E foi preciso ter paciência para tocar o assunto nessa base. Eu me perguntava: Como ser mega da inteligência que ela não tem, e nem mesmo possui qualquer coisa que se pareça com o que ela imagina?
Como esse, há imensidades de horrores!
Se reconhecesse sua “megalice”, diminuiria seu purgatório
Seria conveniente que cada um procurasse fazer esse exame bem claro, aos pés de Nossa Senhora: Que qualidades eu tenho? Que qualidades não possuo? Quais os reais tamanhos de minhas supostas qualidades?
Procurar ter uma ideia exata a respeito disso diminuiria enormemente o purgatório do mega. Ele foi mega, é verdade, mas ao menos reconheceu sua própria “megalice”. Não se trata absolutamente de fazer o sacrifício de não ser mega, mas sim reconhecer no que a pessoa é mega. Ter a coragem de, em determinado momento, ouvir alguém lhe dizer todas as verdades.
Depois de reconhecer no que não deveria ser mega, como é bonito que a pessoa tenha uma ideia certa do mal que há na “megalice”.
Para se ter um pouco a noção do que pode haver de mal na “megalice”, imaginemos o que seria a vida financeira de um homem que se supõe cinquenta vezes mais rico do que é. Então ele funda indústrias, bancos, com base em um dinheiro que não tem. Haveria desastres, um em cima do outro.
Geralmente o indivíduo é mega imaginando qualidades que não possui
Muita gente fracassa na vida por ter tido uma ideia exagerada de si mesmo. Conheço casos de pessoas que se metem em estudos e se percebe que aquilo não é para elas. Não têm êxito, e o caminho da Providência fica à espera delas.
É quase a regra geral que o indivíduo é mega imaginando qualidades que não tem, e não é mega das qualidades que possui. Se ele aproveitasse estas últimas, as quais às vezes são maiores do que as qualidades que ele imagina ter e de fato não possui, ele daria mais. Mas não: devido à “megalice” ele começa a sacar sem fundo. Resultado: sua vida é um desastre.
Muitas pessoas afirmam que não se encaixam em nenhum serviço. A cada uma fico com vontade de dizer: “Você não será um pouco mega? Você já fez bem seu balanço para verificar qual é seu ‘capital’? Quem sabe se você dá para mais do que pensa? Mas você quer menos… Busque um pouco o papel da “megalice” dentro disso, que você encontrará. Veja em torno de si os que são humildes e procure admirá-los, observe como a Providência os protege e como as coisas dão certo para eles; quando não dão certo, é para o bem deles; e nesse caso dão certíssimo, porque lhes fazem bem espiritual.
“Procurando ver de frente a sua “megalice”, o mal que ela lhe traz e, de outro lado, admirando quem não é mega, mas admirando sinceramente, com toda a alma, estará criada a condição para começar a pedir a Nossa Senhora, de um modo mais vivo, para libertá-lo da “megalice”. Então faça isso: aos sábados, em louvor de Maria Santíssima, não seja mega. Depois o resto o anjo da guarda lhe dirá”.
“Peccatum meum contra me est semper”
Feito com suavidade, não de maneira bruta, esse é o modo de se curar da “megalice” e de tantos outros defeitos: um reconhecimento confiante na bondade, na misericórdia e no auxílio de Nossa Senhora.
No Magnificat está dito: “Depôs de seu trono os poderosos e levantou aqueles que são humildes”. O poderoso é o mega, e o humilde aquele que não é mega. Poderoso é o fariseu e humilde o que bate no peito e reconhece o seu próprio defeito.
Aqui estaria um modo de tornarmos curáveis defeitos em nossas almas, que, à primeira vista, parecem incuráveis: caminharmos pouco a pouco.
Alguém dirá: “Mas, Dr. Plinio, eu não sou assim. Curei-me de tal defeito maravilhosamente, de um momento para outro”.
Respondo: “É verdade, eu conheço casos semelhantes, dou graças a Nossa Senhora, admiro e me alegro muito com isso.” Entretanto, essa não é a regra geral. Enquanto Maria Santíssima não nos conceder exceção, vamos andando pelas vias da regra geral. Nada nos prepara mais para sermos tratados no caminho da exceção do que nossa fidelidade à regra geral. Caminhamos devagarzinho, nos colocando ao pé da montanha e dizendo: “Aqui está o meu defeito, Senhor, e eu Vos peço perdão por ele”.
Gosto muito dos Salmos de David. Ele via claramente os seus próprios defeitos e reconhecia que eram graves. Sobretudo aprecio aquela frase dele: “Quia peccatum meum contra me est semper”(3). Como quem dissesse: “Vós estáveis na minha presença quando eu pequei. Portanto, tudo se passou como se no universo só houvesse Vós e eu. Diante de Vós pequei, e o meu pecado está continuamente diante de mim, me acusando. Eu reconheço o tamanho do meu pecado, bato no peito por ele, quero me emendar”.
Peçamos que Nossa Senhora faça com que estas palavras tenham alguma penetração em nossos espíritos, e que saibamos aplicar isso para a mudança de nossas almas.
Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 27/9/1969)
1) Termo cunhado por Dr. Plinio para designar o defeito de quem exagera as próprias qualidades ou imagina qualidades que não possui.
2) Assim Dr. Plinio designava a pessoa que tem o defeito da megalice.
3) Sl 50.