A Fé é uma virtude sobrenatural que dá ao homem a capacidade de admitir as verdades reveladas por Jesus Cristo e Escritores Sagrados, propostas pela Santa Igreja.
Sua origem é divina não somente na Pessoa do Verbo Encarnado, o Mestre por excelência, mas também nos Profetas e Apóstolos, que nada mais foram do que instrumentos do Espírito Santo ao nos transmitirem as novidades doutrinárias da parte de Deus. É também divina no seu princípio, porquanto sem a graça de Deus não é o homem capaz de crer. É finalmente divina no seu objeto que são as verdades escondidas em Deus, a quais sua Misericórdia se digna comunicar às criaturas.
Considerados os elementos divinos, a Fé é imutável e em dois sentidos. Primeiro, uma verdade revelada jamais poderá ter um sentido numa época e outro sentido diverso em outra diferente. Jamais o que foi crido pela Igreja como verdade de Fé na Idade Média deixará de o ser nos tempos que correm, ou terá hoje um sentido diverso do sentido que se encontra na profissão de Fé dos fiéis daquela época. Depois, o campo da Revelação está limitado, de maneira que não haverá mais novas verdades reveladas. Tudo quanto a Divina Bondade quis manifestar ao homem, o fez até a morte do último Apóstolo.
Embora a Fé seja sempre a mesma, não obstante pode haver dogmas novos, isto é, verdades que se achavam implícitas na Revelação Apostólica e que a Santa Igreja explicitou, e impôs à Fé dos fiéis, como acontece com o Dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Note-se, no entanto, que neste crescimento na Fé de que é capaz o homem e a humanidade, jamais pode vir o indivíduo a admitir uma verdade inteiramente nova, que não se encontra de maneira implícita na Revelação Apostólica, nem chegar à aceitação de uma atitude que contrarie aquilo que foi explicitamente estabelecido pelo Divino Fundador da Santa Igreja.
Esta exposição nos mostra como se difunde o Reinado de Jesus Cristo não somente angariando novos membros para a Santa Igreja, mas também intensificando nos fiéis a vida da Fé pelo conhecimento mais profundo das verdades reveladas, e pela conformação sempre mais perfeita da vontade com estas verdades.
Não basta o ideal vago de dilatar o Reinado de Jesus Cristo. É preciso que se conheça em que consiste este Reinado. É pela integridade da Fé e a pureza dos costumes que impera Nosso Senhor Jesus Cristo e se dilatam os domínios da Santa Igreja, que são os seus domínios. Neste sentido é obra de apostolado toda atividade dedicada à conservação do Divino Depósito entregue à Santa Igreja íntegro e sem delapidações, quer na parte doutrinária, quer na jurídica ou moral(*).
Plinio Corrêa de Oliveira
Revista Dr Plinio 236 (Novembro de 2017)
* Excertos do artigo Ação Católica – problemas, realizações e ideais – Em prol da Ação Católica, publicado em O Legionário de 12/11/1944.